Economia
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Por — Rio

A Vale registrou lucro líquido de R$ 39,940 bilhões ano passado, uma queda de 53,6% ante os R$ 86,106 bilhões de 2022, informou a mineradora nesta quinta-feira, em meio à incerteza sobre quem ficará no seu comando. A Vale informou que o tombo no lucro líquido ocorreu "em função dos menores preços médios realizados e o impacto de perdas cambiais", em documento divulgado ao mercado.

No quarto trimestre, houve ainda o impacto negativo de um aumento da provisão para perdas – valor separado no balanço caso a empresa tenha que ter gasto no futuro – com a Samarco, empresa da qual a Vale era sócia com a BHP Billiton. Uma barragem da Samarco se rompeu em 2015 em Mariana (MG).

Em dezembro, a Vale "reconheceu um complemento de provisão no valor de R$5,841 bilhões", informou a mineradora. Isso já era esperado após a BHP Billiton anunciar que aumentou sua provisão.

A Vale anunciou também que pagará R$ 11,7 bilhões em dividendos, como é chamada a parcela do lucro de uma companhia aberta que é distribuída aos acionistas. Esse valor se soma a parciais já pagas. O total de distribuições do lucro de 2023 chega a R$ 30 bilhões.

Sucessão fora da pauta de deliberações

A reunião do Conselho de Administração da companhia que aprovou o balanço financeiro do quarto trimestre e de 2023 como um todo ocorreu uma semana após um encontro extraordinário para tratar a sucessão do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, terminar sem uma definição. A sucessão não voltou a ser deliberada nesta quinta-feira, segundo ata divulgada pela companhia.

O mandato de Bartolomeo termina em maio e os membros do Conselho da mineradora estão divididos entre renovar automaticamente o contrato do executivo ou iniciar um processo seletivo – no processo, o atual CEO poderia participar, mas concorreria com outros executivos.

Na reunião extraordinária, uma votação entre essas duas opções terminou empatada na última quinta-feira, dia 15. Segundo uma fonte ouvida pelo GLOBO na semana passada, sob a condição do anonimato, os conselheiros tentariam manter conversas para chegar a algum consenso sobre o futuro de Bartolomeo antes de voltar a deliberar sobre o tema em nova votação.

Disputas acirradas entre acionistas

A sucessão da Vale vem inflamando as disputas entre os acionistas da mineradora desde o fim do ano passado. As disputas se acirraram desde que, em 2020, a mineradora se tornou uma companhia sem controle definido, com o capital pulverizado, a maior nesse modelo no Brasil.

Mais recentemente, a entrada da Cosan, gigante do açúcar e etanol, no rol de acionistas, desde outubro de 2022, e a volta do PT ao governo federal agitaram ainda mais o cenário.

Em janeiro, prazo final para um processo sucessório ser dado por iniciado, conforme as regras internas da Vale, o governo federal elevou a pressão sobre a companhia.

Desde 2023, as informações de bastidores davam conta de que o Palácio do Planalto queria fazer do ex-ministro Guido Mantega presidente da empresa – embora, após a reestruturação de 2020 e a venda total da participação acionária do BNDES, a influência direta do governo na gestão da empresa tenha diminuído.

Críticas aos resultados operacionais

Embora a falta de habilidade política no trato com governos – tanto o federal quanto estaduais – seja frequentemente citada como ponto fraco da gestão de Bartolomeo por observadores da gestão da Vale, também há críticas aos resultados operacionais.

Em que pese o reconhecimento de que a gestão do atual CEO conseguiu melhorar a segurança operacional, após a tragédia que matou 270 pessoas em Brumadinho (MG), cinco anos atrás, a mineradora ficou aquém de metas de produção reiteradamente nos últimos anos. Os custos também subiram.

Nos últimos meses, analistas de mercado deram votos de confiança à diretoria da Vale, após a divulgação de metas de crescimento para 2026. Mesmo assim, parte dos acionistas critica os resultados apresentados por Bartolomeo.

Em 2018, a Vale bateu recorde de produção com 385 milhões de toneladas de minério de ferro. Em 2019, após Brumadinho, a produção tombou para 302 milhões. A empresa perdeu a liderança para a Rio Tinto, da Austrália. Em 2022, foram 308 milhões de toneladas.

Em 2023, o total ficou em 321 milhões de toneladas, 4,3% acima do registrado em 2022. No início de dezembro, a mineradora anunciou a meta entre 340 milhões e 360 milhões de toneladas de minério de ferro para 2026.

Parceria com a Anglo American

Os resultados foram divulgados horas após a Vale anunciar, ainda pela manhã de quinta-feira, que firmou um acordo com a mineradora Anglo American para adquirir uma participação no Complexo Minas-Rio.

O empreendimento, idealizado pelo empresário Eike Batista, inclui uma mina de minério de ferro, em Minas, um minerioduto de pouco mais de 500 quilômetros até o litoral e um terminal portuário no Porto do Açu, na costa norte do Rio, por onde a produção é exportada.

Pelo acordo, a Vale terá 15% do Minas-Rio. Em troca, pagará US$ 157,5 milhões e incluirá no projeto as reservas de uma mina sua, chamada Serpentina, que é vizinha à unidade produtora da Anglo.

Atualmente, a capacidade do Minas-Rio é de 26,5 milhões de toneladas de minério por ano. Na configuração atual, é possível elevar a produção para 31 milhões de toneladas por ano, mas a inclusão das reservas da mina da Vale eleva o potencial.

"O depósito da Serra da Serpentina é contínuo ao complexo Minas-Rio e possui recursos estimados em 4,3 bilhões de toneladas. A combinação dos dois recursos oferece consideráveis oportunidades de expansão, incluindo o potencial para duplicar a produção, que Anglo American e Vale avaliarão", diz o comunicado divulgado pela Vale.

Segundo as empresas, com a parceria, serão estudadas possibilidades de expansão na logística para permitir o crescimento da produção. Uma ferrovia operada pela Vale poderá ser usada, escoando as exportações pelo Porto de Tubarão, no Espírito Santo. Até a construção de um minerioduto mais curto está entre as possibilidades.

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