Economia
PUBLICIDADE

O saneamento básico melhorou no país. Em 2022, 75,7% da população (ou 153,1 milhões de pessoas) estavam em domicílios com rede coletora de esgoto ou fossa séptica. Um dos piores indicadores sociais do Brasil vinha avançando devagar nas décadas anteriores. Em 2000, 59,2% viviam em lares com saneamento básico, de acordo com os números do Censo 2022, divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.

"Todas as unidades da federação registraram, entre 2010 e 2022, crescimento da proporção da população residindo em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica. Nesse último indicador, a maior evolução foi registrada no Mato Grosso do Sul - de 37,7% em 2010 para 72,5% em 2022", informa a publicação do Censo.

Mas a desigualdade persiste. Segundo o IBGE, em 2.386 cidades brasileiras, "menos da metade da população residia em domicílios com esgotamento por rede coletora ou por fossa séptica".

Ao todo, são 49 milhões de habitantes sem acesso adequado à esgotamento sanitário. Quando se observa o contingente sem água encanada, 4,8 milhões de brasileiros ainda estão sem este tipo de abastecimento.

Veja abaixo a proporção de brasileiros com acesso a esgoto sanitário por regiões. Caso não esteja visualizando o gráfico, clique aqui.

Entre os 24,3% da população que não têm rede coletora ou fossa séptica, 19,4% despejam o esgoto em buracos ou fossas rudimentares. Outros 2% usavam rios, lagos ou córregos.

E 0,6% dos domicílios do país não tem banheiro ou sanitário.

Apenas as regiões Sudeste e Centro-Oeste têm mais 50% da população em casas que estão ligadas à rede coletora geral e pluvial. No Norte, até mesmo pelas condições geográficas, o alcance é de somente 17% da população. O melhor estado nesse quesito é São Paulo, com 89,8% conectados. No Estado do Rio, a taxa é de 76,6%.

Pretos e pardos sofrem mais com falta de saneamento

As restrições de acesso a saneamento básico, em 2022, eram maiores entre jovens, pretos, pardos e indígenas. Dos 203 milhões de habitantes no país, 24% deles ainda moram em casas sem descarte adequado de esgoto.

Mas esse percentual sobe para 68,6% entre pretos e pardos, grupo que corresponde a 55% da população brasileira. Significa dizer que sete em cada dez deste grupo não moram em domicílios com saneamento adequado.

Em Mesquita, na região metropolitana do Rio, a manicure Marian Marques não tem acesso a esgotamento sanitário, mas afirma que as cobranças da empresa de saneamento local chegam ainda assim.

De acordo com ela, os dejetos caem direto no poluído Rio da Prata que corta boa parte do bairro da Jacutinga, onde mora.

— Atrapalha demais o mau cheiro. Vai tudo para o rio. Eu acho que eles tinham que "manilhar", né? Fazer alguma coisa pela gente.

A manicure Marian Marques, de 24 anos, moradora de Mesquita, reclama do mau cheiro do rio perto de sua casa — Foto: Fabio Rossi/Agência O Globo
A manicure Marian Marques, de 24 anos, moradora de Mesquita, reclama do mau cheiro do rio perto de sua casa — Foto: Fabio Rossi/Agência O Globo

Investimento insuficiente

O Congresso aprovou em 2020 o marco regulatório para o setor, com objetivo de aumentar os investimento nessa infraestrutura. Segundo projeções da Inter.B, do economista Cláudio Frischtak, a universalização do saneamento até 2033 vai exigir R$ 50 bilhões por ano.

"Um efeito não esperado do novo marco foi o impulso dado aos investimentos de algumas das maiores empresas estatais, frente ao aumento da concorrência pelos operadores privados, cuja participação tende a se tornar mais relevante com o processo de privatização (no caso da Sabesp) e ampliação do universo de concessões e PPPs", diz a carta de infraestrutura da consultoria.

"Ainda assim, universalizar os serviços até 2033 irá demandar um esforço significativamente maior de investimento, da ordem de R$ 50 bilhões por ano, em contraposição a R$ 30 bilhões projetados", completa a carta.

Uma das maiores empresas do setor, a Sabesp, de São Paulo, está em processo de desestatização, que já foi autorizado pela Assembleia Legislativa.

Colaborou Isa Morena Vista, estagiária sob supervisão de Luciana Rodrigues

Webstories
Mais recente Próxima Censo 2022: 1,2 milhão de brasileiros vivem em casas sem qualquer tipo de banheiro
Mais do Globo

Como acontece desde 1988, haverá uma demonstração aberta ao público no Centro de Instrução de Formosa, em Goiás

Tropas dos EUA e da China participam de treinamento simultaneamente dos Fuzileiros Navais no Brasil

Auxiliares do presidente veem influência excessiva de integrantes da legenda do deputado em eventos de campanha

Entorno de Lula vê campanha de Boulos muito 'PSOLista' e avalia necessidade de mudanças

Cantor criticou autoridades responsáveis pela Operação Integration; Fantástico, da TV Globo, revelou detalhes inéditos do caso que culminou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra

Com R$ 20 milhões bloqueados, Gusttavo Lima diz que suspeita de elo com esquema de bets é 'loucura' e cita 'abuso de poder': 'Sou honesto'

Investigação começou após a encomenda com destino a Alemanha ser retida pelos Correio; ele criava aranhas em sua própria casa para venda

Homem que tentou enviar 73 aranhas para a Alemanha por correio é alvo da Polícia Federal em Campinas

Um dos envolvidos já havia sido preso e confessou ter entrado em uma briga com as vítimas

Chacina da sinuca: o que se sabe sobre briga após campeonato em Sergipe que terminou com seis mortos, um preso e dois foragidos

Num deles, Alexandre de Moraes é sugerido como sendo 'advogado do PCC'

Eleições SP: campanha digital de Nunes lança série de vídeos de ataques a Marçal

A decisão é da 4ª Câmara de Direito Privado do TJ do Rio

Vendedora ambulante será indenizada após ser abordada com violência no Metrô do Rio

Como francês Stephan Dunoyer de Segonzac deu pontapé inicial do esporte no país ao decolar dos pés do Cristo Redentor, em setembro de 1974

'Homem-pipa': O voo que inaugurou a asa-delta no Brasil, há 50 anos