O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira a atuação da mineradora Vale, a maior do país, e afirmou que a empresa precisa "prestar contas ao Brasil". Para o petista, a empresa não pode agir como "dona" do país. Lula deu as declarações durante entrevista para o programa "É Notícia", da RedeTV, que foi ao ar na noite desta terça-feira.
Na manhã desta quarta, os papéis da companhia no Ibovespa (VALE3) chegaram a cair 1,46% à mínima de R$ 66,49, devido a preocupações com o setor imobiliário chinês e com a indefinição sobre o próximo CEO.
Ao tocar no assunto, o presidente citou uma série de problemas ambientais envolvendo a companhia e afirmou que a Vale não pode ter o "monopólio" do setor.
— A Vale está tendo problemas no Pará, em Minas Gerais, não pagou o que gerou em Brumadinho. Eles ficam fazendo propaganda como se fosse a empresa mais importante do Brasil, mas é só perguntar para os mineiros — afirmou Lula.
Ele continuou:
— O que queremos é uma nova política mineral, queremos dar força para todas empresas que estão querendo cuidar de minerais críticos. A Vale não pode ter o monopólio. A Vale é que precisa prestar contas ao Brasil.
Lula, então, afirmou que a Vale não pode "pensar que é dona" do país e afirmou que empresas brasileiras precisam estar "de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro".
O presidente, no entanto, não deixou claro se estava se referindo apenas às empresas que que a União tem participação ou todas as companhias do país.
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— A Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil, que ela pode mais do que o Brasil. As empresas brasileiras precisam estar de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro.
Ao falar sobre o comando da empresa, Lula afirmou que não discute a sucessão da Vale. Recentemente, no entanto, o presidente defendeu nos bastidores a indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como CEO da mineradora.
Menos influência na empresa
Integrantes do governo afirmaram à época que esperavam que a desistência de Lula fosse entendida entre os acionista da empresa — que é privada — e que seria preciso escolher outro nome como CEO no lugar de Eduardo Bartolomeo, que ocupa o posto atualmente. O governo não concorda com a manutenção de Bartolomeu.
A Vale foi privatizada em 1997. Mas o governo manteve a influência na companhia por meio de participações do BNDES e fundos de pensão de estatais, como a Previ. No fim de 2020, porém, a mineradora passou por uma reestruturação societária e se tornou uma corporação (corporation, como preferem os analistas de mercado).
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Isso significa que a companhia tem capital pulverizado, sem um controlador definido. Nenhum dos sócios tem poder suficiente para, sozinho, dar as cartas na empresa.
A Previ segue como maior acionista da companhia, mas com uma participação direta de 8,7%.