Economia
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Por — Rio de Janeiro

A implementação de sistemas de trens de alta velocidade para ligar as principais cidades do país já virou lenda para muitos brasileiros que não entendem como um país com dimensões continentais pode depender quase exclusivamente da malha rodoviária e aérea. Apesar disso, o plano de construção do Trem Intercidades (TIC) que ligará Campinas a São Paulo parece ter dado uma sobrevida aos projetos que nunca saíram do papel.

Um dos mais famosos, o trem-bala ligando o Rio a São Paulo, chegou a ser uma bandeira do governo de Dilma Rousseff, mas ficou de fora do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) apresentado pelo presidente Lula. Considerada uma obra “muito cara", na casa dos R$ 50 bilhões, o projeto nunca foi pra frente por dúvidas sobre a capacidade de se manter apenas com o pagamento de passagens.

A Deutshe Bahn, uma das maiores empresas ferroviárias do mundo, chegou a fazer um estudo detalhado do trecho e concluiu que a melhor forma para transporte de passageiros entre as duas cidades seria um trem de alta velocidade. Mas, diversas tentativas de emplacar o leilão do projeto foram fracassadas.

Projeto mais recente para ligar o Rio a São Paulo — Foto: Divulgação
Projeto mais recente para ligar o Rio a São Paulo — Foto: Divulgação

Mais recentemente, a empresa TAV Brasil assumiu a missão de realizar a empreitada. A proposta da companhia é aproveitar a maior parte da malha ferroviária já existente, o que reduziria custos, e apostar em investimento privado.

Apesar disso, segundo especialistas, a ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo sem grandes obras, como viadutos e túneis, é “impensável”. Engenheiros apontam que uma viagem sobre trilhos acima de 350 quilômetros por hora — velocidade estimada para o trem-bala brasileiro — teria baixíssima tolerância para erros, o que exige um projeto de linhas retas ou curvas muito abertas.

Pelo anteprojeto entregue à ANTT, a TAV Brasil iniciaria os estudos em 2023 e teria até o fim de 2024 para concluir todas as avaliações técnicas. As licenças prévias e de instalação e desapropriações seriam feitas até junho de 2026 e as obras seriam concluídas até junho de 2032.

Segundo o antigo Ministério da Infraestrutura, pelo menos 14 projetos ferroviários para passageiros foram estudados em 2010:

  • Sergipe: São Cristóvão - Aracajú - Laranjeiras (40 km)
  • Paraná: Londrina - Maringá (122 km)
  • Rio Grande do Sul: Bento Gonçalves - Caxias do Sul (65 km)
  • Pernambuco: Recife - Caruaru (139 km)
  • Rio de Janeiro: Campos - Macaé (94 km)
  • Minas Gerais: Belo Horizonte - Ouro Preto / Cons. Lafaiete (149 km)
  • Santa Catarina: Itajaí - Blumenau - Rio do Sul (146 km)
  • Rio Grande do Sul: Pelotas - Rio Grande (52 km)
  • São Paulo: Campinas - Araraquara (192 km)
  • Rio de Janeiro: Santa Cruz - Mangaratiba (49 km)
  • Minas Gerais: Bocaiúva - Montes Claros - Janaúba (217 km)
  • São Paulo: São Paulo - Itapetininga (199 km)
  • Bahia: Conceição da Feira - Salvador - Alagoinhas (238 km)
  • Maranhão/Piauí: Codó – Teresina - Altos (205 km)

A pasta afirmava que apenas com os estudos de viabilidade seriam determinadas as melhores soluções técnicas para cada projeto, com as obras necessárias, uso de linhas e faixas de domínio existentes, adequações, tecnologia do maquinário, velocidade e custos de implantação.

Os estudos, quando concluídos, seriam apresentados em audiências públicas regionais e entregues aos governantes, mas os projetos nunca foram para frente.

Modelo de trem que poderá circular entre São Paulo e Campinas — Foto: Divulgação/Stadler
Modelo de trem que poderá circular entre São Paulo e Campinas — Foto: Divulgação/Stadler

Mais recentemente, o governo Lula anunciou que pretendia lançar um Plano Nacional de Ferrovias, para fazer o resgate do transporte ferroviário de passageiros. Estudos de viabilidade técnica e econômica para a implementação de sete linhas de trens regionais foram encomendados, com prioridade para serem executados através de parcerias público-privadas (PPPs).

A ideia seria usar ferrovias antigas projetadas para o transporte de cargas, mas que hoje estão subutilizadas. Os trajetos seriam feitos entre Brasília (DF) e Luziânia (GO); Maringá e Londrina (PR); Pelotas e Rio Grande (RS); Duque de Caxias, Itaboraí e Niterói (RJ); Salvador e Feira de Santana (BA); Fortaleza e Sobral (CE); São Luís-Itapecuru Mirim (MA).

Atualmente, além de trens de turismo em distâncias curtas, existem apenas duas linhas regulares de passageiros: a Estrada de Ferro Vitória-Minas, entre Belo Horizonte e a capital do Espírito Santo, e a Estrada de Ferro Carajás, entre São Luís (MA) e Parauapebas (PA).

São Paulo a Campinas em 1 hora

O governo de São Paulo fez, nesta quinta-feira, o leilão para definir o consórcio que vai construir o Trem Intercidades (TIC) que ligará Campinas a São Paulo. O projeto, um dos prioritários da gestão Tarcísio de Freitas e que faz parte do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC) do governo federal, vai ligar as duas cidades em uma hora.

O trem até Campinas terá composições com capacidade para cerca de 800 passageiros que farão o percurso de 96 quilômetros, a uma velocidade de até 150 quilômetros por hora. Será uma viagem quase direta de São Paulo até Campinas: haverá apenas uma parada, em Jundiaí).

Trem intercidades vai ligar Campinas a São Paulo — Foto: Criação O Globo
Trem intercidades vai ligar Campinas a São Paulo — Foto: Criação O Globo

O preço da tarifa será de no máximo R$ 64, mas a empresa poderá conceder descontos para quem comprar antecipadamente. O governo espera que o serviço seja atraente para quem viaja de ônibus e fretados entre as cidades — especialmente a população que vive em Campinas e trabalha na capital.

O modelo de trem intercidades já é usado em várias metrópoles do mundo. O trajeto entre Londres e Birmingham, na Inglaterra, por exemplo, tem cerca de 163 quilômetros, percorridos em um trem que atinge uma velocidade média de cerca de 80 km/h.

Já a famosa rota Lisboa-Porto também é feita com um trem intercidades no modelo SP-Campinas. Por lá, o trem faz o trajeto entre as cidades portuguesas a uma velocidade média de 72 km/h.

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