BNDES: desembolsos crescem 17% no primeiro ano do governo Lula, e lucro cai 5%

O banco liberou R$ 114,4 bilhões em crédito em 2023, um incremento de 17% em relação ao ano anterior. As aprovações de novos financiamentos subiram 44%, para R$ 218,5 bilhões, levando-se em conta as operações diretas e indiretas (operacionalizados por outros bancos) e de garantia.

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As consultas ao banco, termômetro da demanda das empresas por crédito, saltaram 88% no ano passado, para R$ 270,8 bilhões. Os números indicam que os desembolsos do BNDES devem continuar em expansão neste ano.

Nelson Barbosa, diretor de Planejamento do BNDES, afirmou que, em 2024, o banco deverá desembolsar entre R$ 125 bilhões e R$ 160 bilhões, em um cenário mais otimista.

O BNDES registrou um lucro líquido recorrente de R$ 11,9 bilhões no ano passado, uma queda de 5% em relação a 2022. O ganho foi de R$ 5,3 bilhões só no quatro trimestre, um aumento de 54,8% em relação ao mesmo período de 2022.

Entre as aprovações, houve destaque para os setores de infraestrutura, com R$ 78,5 bilhões (+23%); agropecuária, com R$ 42,5 bilhões (+53%); e indústria, com R$ 31,7 bilhões (+41%). Ao apresentar os resultados na tarde de hoje na sede do BNDES, no Centro do Rio, Aloizio Mercadante, presidente do banco, afirmou que mais de 80% do emprestado foram a taxas de mercado, sem os subsídios que marcaram o crescimento da instituição estatal em outros governos do PT.

— Os resultados revelam uma retomada do papel do BNDES como banco público de desenvolvimento, com foco em ampliar o crédito em condições adequadas para promover o crescimento econômico país. Vamos trabalhar para diversificar seus instrumentos de captação, para seguir viabilizando o apoio a setores estratégicos — afirmou Mercadante.

O presidente do BNDES comemorou os números como um sinal de retomada dos investimentos no país, mas observou que o cenário internacional é desafiador, com deslocamento das cadeias internacionais. Para ele, o Brasil pode atrair esses investimentos e citou setores como automotivo, de tecnologia, saúde e fertilizantes verdes como parte da estratégia atual de fomento do BNDES.

O executivo contou que conversa com outros bancos similares no mundo para atrair investimentos para o Brasil:

— Muitos investidores querem investir no Brasil e querem o BNDES para assessorar.

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Nelson Barbosa destacou que as consultas do setor de infraestrutura passaram de R$ 59 bilhões para R$ 126 bilhões entre 2022 e 2023. Para o diretor essa demanda pode ser traduzida em novos investimentos nos próximos anos, puxados por projetos relacionados aos planos de Aceleração do Crescimento (PAC), Nova Indústria Brasil e de transição ecológica.

— Em termos de estoque geral, o BNDES fechou ( ano) com 7% do PIB (proporção do crédito do banco em relação à economia como um todo), mesmo valor do ano anterior. Em relação ao fluxo, que é o que o BNDES empresta, o banco atingiu 1,1% do PIB, maior que o 1% do ano anterior — afirmou Barbosa, acrescentando que o banco propôs ao governo, seu único sócio, um pagamento de até 25% do lucro em dividendos, para preservar seu caixa.

De acordo com Alexandre Abreu, diretor financeiro do BNDES, a instituição terminou o ano passado com R$ 34 bilhões, maior patamar desde o terceiro trimestre de 2022, quando era de R$ 65 bilhões.

— Se não tivéssemos pago ao Tesouro (o BNDES fez pré-pagamentos de sua dívida com a União), teríamos tido um lucro de R$ 13 bilhões. O caixa do Banco está sendo recomposto — afirmou Abreu.

Segundo Abreu, os desembolsos do banco para pequenas e médias empresas passou de R$ 70 bilhões para R$ 107 bilhões entre 2022 e 2023, por meio de uma rede de instituições financeiras repassadoras do crédito na ponta, incluindo cooperativas de crédito. Neste último segmento, o volume de crédito cresceu 23% no ano passado, afirmou.

— Isso explica o forte aumento de crédito para as pequenas e medias empresas — afirmou o diretor, destacando o impacto do financiamento de investimentos pelo BNDES na geração de empregos.

Por outro lado, Abreu afirmou que, se o BNDES tivesse vendido ações de sua carteira (uma política adotada no governo de Jair Bolsonaro), teria perdido a valorização de 28% dos seus papéis no ano passado, que chegou a R$ 76,1 bilhões. No último trimestre de 2023, o patrimônio líquido chegou a R$ 151, 3 bilhões, alta de 15,2% na mesma base comparação.