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O governo dos Estados Unidos iniciou uma investigação criminal sobre a Boeing depois que um painel de uma das aeronaves da empresa se soltou durante um voo da Alaska Airlines no início de janeiro, segundo uma fonte a par do assunto. A companhia aérea afirmou estar cooperando com a investigação. As informações foram reportadas primeiro pelo The Wall Street Journal.

"Em um evento como este, é normal que o Departamento de Justiça conduza uma investigação", disse a Alaska Airlines em comunicado. "Estamos totalmente cooperando e não acreditamos ser alvo da investigação." A Boeing não fez comentários.

Relembre o caso

No dia 5 de janeiro, um painel de um avião Boeing 737 Max 9, operado pela Alaska Airlines, se soltou durante um voo e expôs passageiros ao ar externo a milhares de pés de altitude. Não houve ferimentos graves decorrentes desse incidente, mas poderia ter sido catastrófico se o painel se soltasse minutos depois, a uma altitude mais elevada.

O painel é conhecido como "door plug" e é usado para cobrir uma abertura deixada por uma porta de saída. Uma investigação preliminar do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes sugeriu que o avião pode ter saído da fábrica da Boeing sem o plugue devidamente fixado.

Foto fornecida por um passageiro mostrou a cena no avião, um Boeing 737-9 Max da Alaska Airlines, após pousar com segurança — Foto: NYT
Foto fornecida por um passageiro mostrou a cena no avião, um Boeing 737-9 Max da Alaska Airlines, após pousar com segurança — Foto: NYT

Acordo da Boeing é tido como leniente

O Departamento de Justiça dos EUA, que abriu a investigação criminal, disse anteriormente que estava revisando um acordo de 2021 sobre uma acusação criminal federal contra a empresa, relacionada a dois acidentes fatais a bordo de seu avião 737 Max 8.

Sob esse acordo, a Boeing se comprometeu a pagar mais de US$ 2,5 bilhões, a maior parte em forma de compensação para seus clientes. O Departamento de Justiça concordou em retirar a acusação de que a Boeing fraudou a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) ao omitir informações relevantes para a aprovação do Max. Não ficou claro se a investigação criminal estava relacionada à revisão do acordo de 2021 ou a uma investigação separada.

O acordo foi criticado por ser muito leniente com a Boeing e por ter sido alcançado sem consultar as famílias das 346 pessoas mortas nesses acidentes. O primeiro ocorreu na Indonésia no final de 2018. Após o segundo, na Etiópia no início de 2019, o Max foi proibido de voar globalmente por 20 meses. O avião retomou o serviço no final de 2020 e tem sido usado em vários milhões de voos, na maioria sem incidentes, até o voo da Alaska Airlines no dia 5 de janeiro.

Na sexta-feira, a Boeing informou ao Congresso que não conseguiu encontrar um registro relevante detalhando seu trabalho no painel que se soltou posteriormente.

A empresa foi solicitada a fornecer qualquer documentação relacionada à remoção e reinstalação do painel. Em uma carta à senadora Maria Cantwell, que preside o Comitê de Comércio, Ciência e Transporte, a Boeing disse que realizou uma busca extensiva, mas não encontrou um registro das informações solicitadas pelo painel do Senado e pela junta de segurança.

"Da mesma forma, compartilhamos com o N.T.S.B. (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes) o que se tornou nossa hipótese de trabalho: que os documentos necessários aos nossos processos não foram criados quando o door plug foi aberto", diz a carta da Boeing. "Se essa hipótese estiver correta, não haveria documentação a ser produzida."

Na carta, a Boeing também afirmou que enviou ao Conselho Nacional de Segurança nos Transportes todos os nomes das pessoas na equipe da porta do 737 em 4 de março, dois dias após o pedido.

Relatório revisado pelo The New York Times apontou que quatro parafusos que fixam o door plug foram removidos - e aparentemente não substituídos - em setembro na fábrica da Boeing em Renton, Washington, para reparar rebites danificados na fuselagem do avião.

Sinalização da Spirit AeroSystems na fuselagem de um Boeing 737, Renton, Washington, EUA — Foto: David Ryder/Bloomberg
Sinalização da Spirit AeroSystems na fuselagem de um Boeing 737, Renton, Washington, EUA — Foto: David Ryder/Bloomberg

Os rebites são usados para unir e fixar partes em aviões. O pedido para abrir o plugue veio de contratados que trabalham para a Spirit AeroSystems, um fornecedor que fabrica a estrutura do 737 Max em Wichita, Kansas.

De acordo com o documento, em 18 de setembro, um mecânico da Spirit AeroSystems foi chamado para começar o trabalho de reparo nos rebites, e o door plug estava sendo aberto para que os reparos pudessem ser feitos. O documento mostra que os reparos foram concluídos dois dias depois, e a aprovação foi dada para fechar novamente a porta.

O documento não continha detalhes sobre quem foi designado para reinstalar o door plug ou se foi inspecionado após a substituição. E também não contém nenhuma outra informação sobre quais funcionários da Boeing estavam envolvidos na remoção e substituição do door plug.

Auditoria encontrou falhas de qualidade

A explosão no voo de 5 de janeiro mais uma vez trouxe uma severa análise das práticas da Boeing, com parlamentares criticando publicamente a empresa. O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes ainda está investigando o incidente, mas sugeriu em um relatório preliminar que a Boeing pode ter entregado o avião à Alaska sem instalar os parafusos necessários para manter o door plug no lugar.

A Administração Federal de Aviação aumentou as inspeções na fábrica onde a Boeing produz o Max e limitou quantos aviões a empresa pode fabricar a cada mês. Uma auditoria da instituição encontrou falhas de qualidade na Boeing, e a agência deu à empresa alguns meses para desenvolver um plano para melhorar o controle de qualidade.

No mês passado, um painel de especialistas reunido pela F.A.A. divulgou um relatório aguardado há muito tempo, decorrente dos acidentes do Max. Concluiu que a cultura de segurança da Boeing ainda estava deficiente, apesar das melhorias nos últimos anos.

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