Economia
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Por — Brasília

Oito meses após a lei que prevê igualdade salarial entre gêneros ser sancionada, levantamento do governo aponta que as mulheres ganham, em média, 19,4% menos que os homens. Os dados do primeiro Relatório Nacional de Transparência Salarial indicam ainda que esse abismo se mantém independentemente do nível do cargo. Em postos de gerência ou diretoria, por exemplo, o salário das mulheres chega a ser 25,2% menor que o dos homens.

O documento foi produzido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Ministério das Mulheres, após a sanção da lei de igualdade salarial, que obrigou empresas com mais de cem funcionários a divulgarem dados de empregados e remunerações ao governo federal.

O valor médio de remuneração no país com base no levantamento foi de R$ 4.472. Mas há diferenças significativas quando se leva em conta gênero e raça. No topo dessa pirâmide da remuneração média estão os homens não negros, que recebem R$ 5.718.

Mulheres não negras aparecem na sequência, com rendimento de R$ 4.452. Os homens negros ganham R$ 3.844. E na base aparecem as mulheres negras, com salário médio de R$ 3.041.

As diferenças também estão presentes em cargos de gerência e direção. Homens não negros nestes postos ganham em média R$ 19.676,61. Mulheres negras em vagas de comando ganham R$ 10.049,46 .

Sigilo de informações

Ao todo, 49.587 empresas responderam aos questionamentos dos ministérios, somando 17,7 milhões de vínculos empregatícios. O valor é 41,6% do total de vínculos do país, sendo que 33% dos estabelecimentos estão em São Paulo.

Desigualdade salarial — Foto: Criação O Globo
Desigualdade salarial — Foto: Criação O Globo

— Estamos 100% comprometidos ao dizer que é fundamental que os direitos sejam exatamente iguais, é muito importante que os setores empresariais sejam imbuídos dessa responsabilidade. Não há qualquer intenção de expor qualquer problema ou algo que cause problema às empresas — disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional do Comércio (CNC) entraram com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando trechos da lei que prevê igualdade salarial entre homens e mulheres e temendo a exposição de dados e contratações das empresas.

O Ministério do Trabalho diz que a intenção do governo não é expor dados individuais a partir do relatório. A lista de cargos e salários, enviada pelas empresas, ficará sob sigilo. Os ministérios cruzaram os códigos de ocupação para classificar os cargos, usando a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), os gêneros que ocupam os cargos (homens ou mulheres) e os salários.

— Não quero discutir nomes, queremos saber a diferença, para a partir daí discutir a responsabilidade desse país. Para quem ganha um salário mínimo, R$ 200 fazem muita diferença. Não vamos admitir atraso, retrocesso e conservadorismo no direito das mulheres — disse a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

Para João Saboia, professor da UFRJ e especialista em mercado de trabalho, é importante procurar entender por que atividades semelhantes apresentam resultado desfavorável às mulheres e até mesmo em cargos de gerência:

— A iniciativa do governo de criação do relatório me parece positiva ao pressionar as empresas a reduzir ou eliminar diferenças salariais de gênero em ocupações semelhantes.

Prazo para justificar

O Ministério do Trabalho afirma que vai questionar as empresas sobre as diferenças identificadas e, a partir daí, elas terão um prazo para justificar as disparidades encontradas. Em seguida, caso haja diferenças não justificadas, o governo vai propor a cada companhia a construção de um plano de equidade, junto a sindicatos.

Se mesmo assim, elas não se adequarem às regras, será aplicada a multa prevista de 3% da folha de salários do empregador.

As companhias passaram a ser obrigadas a fornecer as informações a partir da Lei de Igualdade Salarial, aprovada em julho do ano passado. O governo deu prazo até o dia 8 para que os dados fossem enviados, a fim de abastecer o relatório.

— A bancada feminina no Senado sempre foi passada para trás quando o assunto era esse (igualdade salarial). Foi assim na reforma trabalhista. Por isso, no segundo turno, pedi ao presidente Lula o projeto de igualdade salarial — disse a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Para a economista e professora do Insper Ana Diniz o relatório tem um papel importante de responsabilização das empresas em que a disparidade for observada. Ela pontua, porém, que é preciso verificação minuciosa para averiguar se as mulheres estão recebendo menos nas mesmas funções ou se elas sequer estão tendo a oportunidade de chegar aos cargos mais altos na hierarquia:

— Não está claro como as disparidades serão calculadas. Se o tempo de empresa será calculado. Você pode ter o mesmo cargo e ter três níveis diferentes. Se no levantamento juntam todos, tira uma média e depois desagrega por gênero, eventualmente posso atribuir uma disparidade ao fato de que há maior concentração de homens em cargos mais bem remunerados.

Os estados de Sergipe e Piauí apresentaram as menores diferenças salariais entre homens e mulheres, com elas recebendo 7,1% e 6,3% menos do que os homens, respectivamente. Porém, ambos têm remuneração média menor: R$ 2.975,77 em Sergipe e R$ 2.845,85 no Piauí.

No Distrito Federal, onde a remuneração média é mais alta, de R$ 6.326,24, a desigualdade salarial entre homens e mulheres é menor que o índice nacional: elas recebem 8% a menos que eles, em um universo de 1.010 empresas, que totalizam 462 mil ocupados.

São Paulo é o estado com maior número de empresas participantes, um total de 16.536, e maior diversidade de situações. As mulheres recebem 19,1% a menos do que os homens, praticamente espelhando a desigualdade média nacional. A remuneração média é de R$ 5.387.

Creche só em 40%

Como O GLOBO antecipou há duas semanas, apenas 32% das empresas com mais de cem funcionários no país possuem alguma ação de incentivo à contratação de mulheres e 38% têm ações de promoção de mulheres para cargos de nível de gerência e diretoria.

Além de informar ao governo a lista de cargos e salários, as empresas precisaram responder questionamentos sobre estruturas ou ações de apoio a pais com filhos pequenos. Esses dados mostram também que apenas 40% das companhias disseram ter ações que visam oferecer serviço de creche (espaço físico para creche ou auxílio) para filhos dos seus empregados; e 78% afirmaram não ter licença-paternidade estendida.

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