Economia
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Por — Rio de Janeiro

Demandada por diferentes setores da economia, a tecnologia é hoje parte fundamental das estratégias das empresas de saneamento para evitar desperdícios e reduzir custos das operações. Do machine learning à inteligência artificial (IA), companhias estão apostando em soluções para ampliar os ganhos de eficiência.

O objetivo é também atingir uma das metas do marco legal do saneamento, aprovado em 2020, que prevê que os municípios só poderão receber recursos da União se alcançarem até 2033 a média de 25% de perdas de água na distribuição. Hoje, o país desperdiça 37,8% da água tratada, segundo o Trata Brasil. Um número que mudou pouco nos últimos anos. Em 2012, era 37%. E chegou a piorar ao longo dos anos, alcançando 40,3% em 2021.

— Dentre os cem maiores municípios do país, 20% possuem perdas acima de 50%. É um problema sistêmico que precisa de atenção — diz Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil.

No pavilhão de Franca, em São Paulo, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começou a buscar iniciativas para reduzir a perda de água em 2020. Foi então que a equipe adotou uma solução da startup Status 4, uma espécie de “ouvido biônico” para identificar vazamentos ocultos que não chegam até as ruas.

O sistema utiliza os sons gerados pela perda de água para localizar pontos de vazamentos. Antes, esse processo era inteiramente manual. O geofonista, profissional responsável por detectar os vazamentos, encostava uma haste de metal nos cavaletes, onde ficam os hidrômetros, e tentava identificar algum ruído na rede através da haste de escuta.

Agora, o profissional obtém essa informação por meio de um sistema eletrônico que grava o ruído do vazamento. O som é transferido para um banco de dados em nuvem, e o algoritmo compara o histórico de gravações e identifica possíveis zonas de vazamento.

— De cara houve redução de custo de 50%. Na cidade de São João da Boa Vista (SP), a tecnologia contribuiu para reduzir o índice de perda de água de 30,5% para 17,4%. Isso gerou uma economia de 150 mil metros cúbicos, que nos possibilitaria abastecer a cidade de Cajuru (na Região Metropolitana de Ribeirão Preto e que tem 23 mil habitantes) — conta Fernando Colombo, gerente da Sabesp responsável pelo uso da tecnologia.

Estação de tratamento de água em Campinas (SP) — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
Estação de tratamento de água em Campinas (SP) — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Pressão em tempo real

Ele revela que já há interesse da diretoria em expandir a solução para outros municípios. Presente em 375 cidades, a Sabesp investe R$ 1 bilhão em projetos de redução do desperdício de água.

A inteligência artificial também vem sendo, desde 2020, uma aliada da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) no esforço de redução das perdas de água. A empresa estima que, entre os 640 municípios atendidos, 7% das mais de 4,5 milhões de ligações da rede sofrem algum tipo de fraude.

De olho nisso, a Copasa adotou o 4Fluid, um sistema de controle de pressão da água que funciona por meio de IA. Foram instalados equipamentos que detectam a pressão da água nos cavaletes.

O sistema indica em tempo real essa pressão para o centro de operações e para os smartphones dos supervisores e coordenadores operacionais. A pressão baixa em pontos da linha de distribuição é um indicativo de que pode estar acontecendo algum vazamento.

Os dados gerados pela IA também são aproveitados para indicar tendências de consumo, facilitando a previsão de picos de demanda. A tecnologia já está em uso em cidades das regiões leste, norte e oeste de Minas Gerais.

— Estamos caminhando para uma cidade inteligente do ponto de vista do saneamento— diz o gerente da unidade de serviço de hidrometria da Copasa, Valter Lucas Júnior.

A Copasa já investiu mais de R$ 500 milhões em projetos de combate às perdas de água, o que resultou em uma redução no índice de perda de água de 41% para 38%.

A BRK Ambiental está desenvolvendo um algoritmo que combina técnicas estatísticas e de machine learning para detectar vazamentos pela leitura de dados de pressão, vazão mínima noturna, vazão instantânea, além de outros indicadores de operação.

Em projeto piloto na cidade de Cachoeiro de Itapemirim (ES), em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a startup Galax.ia, a empresa criou um software baseado em IA e machine learning capaz de detectar anomalias na rede que qualifiquem um vazamento.

— Tivemos aumento de 5% na acurácia, 8% na precisão e redução de 51% nos alertas, o que resulta em uma melhor taxa de assertividade na detecção de vazamentos — afirma Rafaella Lange, gerente de eficiência operacional da BRK.

Em 2023, a empresa investiu R$ 114 milhões em projetos de redução de perdas e aumento na eficiência na gestão dos recursos hídricos. No trabalho de “caça” aos vazamentos, os profissionais utilizam o geofone, aparelho que “escuta” a água nas tubulações e ajuda a identificar vazamentos. O resultado foi um volume recuperado de 7,7 milhões de metros cúbicos de água.

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