Economia
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Por , Em Globo Rural

A busca por alimentação saudável abriu espaço para o surgimento das proteínas de origem vegetal, as chamadas plant-based. Hambúrgueres, almôndegas, empanados e outros produtos feitos à base de plantas estiveram em alta principalmente durante a pandemia da Covid-19, quando a alimentação no lar era o foco do consumidor. Agora, a avaliação é que esse mercado tem um futuro promissor, mas os avanços poderiam ser maiores, não fossem alguns desafios a superar.

Criada em 2019, a Fazenda Futuro, em apenas cinco anos, virou líder de vendas e em tecnologia no Brasil. A companhia foi avaliada em R$ 2,2 bilhões, e uma fatia de 30% do faturamento é internacional, com vendas a mais de 30 países. A empresa, que tem o Futuro Burger como carro-chefe, está em mais de 10 mil pontos de vendas no país.

— Há um cuidado para reproduzir uma versão com valor nutricional muito próximo ao da carne de origem animal, com a mesma quantidade de proteína, mas com a diferença de ter uma quantidade mais baixa de gordura, por exemplo. Todos os produtos imitam o sabor, aparência e suculência das mesmas proteínas animais — diz Mariana Tunis, diretora de marketing da Fazenda Futuro.

Nem todos que investiram no segmento viveram esse céu de brigadeiro. Um dos casos mais emblemáticos é o da americana Beyond Meat. Fundada em 2009, a companhia chegou a conquistar grandes investidores quando abriu capital no mercado, dez anos depois.

Mas desde o início de suas operações, a companhia acumula um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão. Em fevereiro, foram anunciados cortes de custos e saída de alguns negócios, como encerramento da linha de snacks Beyond Meat Jerky.

— De maneira geral, este é um momento de consolidação do mercado. A gente vê que, em cinco anos, muitas marcas surgiram, empresas foram fundadas olhando para esse segmento, e se mantiveram no mercado apenas as que conseguiram entregar uma experiência sensorial que o consumidor deseja, a preços competitivos — afirma Raquel Casselli, diretora de engajamento corporativo do The Good Food Institute (GFI), entidade sem fins lucrativos que advoga pelo desenvolvimento de proteínas de origem vegetal.

Segundo a executiva, muitos produtos ainda não chegaram ao que o consumidor espera, então há um caminho importante a ser perseguido. O público-alvo é o “flexitariano”, aquele que não abandonou o consumo de carne por completo. O sabor de carne de origem vegetal importa muito para esse consumidor.

Nos processos de produção também há grandes desafios. Como muitos insumos são importados, existem dificuldades em desenvolver esses produtos alternativos com ganhos significativos de escala.

Na avaliação de Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) e professor da FIA Business School, a consequência são custos elevados, o que limita os produtos a um público com poder aquisitivo maior:

— Não há dúvida do potencial para os plant-based, porém a ocupação de espaços econômicos mais significativos no varejo brasileiro ainda deve demorar.

Na pandemia, parte da população teve sobra de recursos por não estar gastando com restaurantes, bares e outros passeios fora de casa, então, segundo Felisoni, “cresceu a experimentação destes produtos”, mas, “quando tudo voltou ao normal, a renda se tornou um fator de inibição para seguir com esse consumo”.

Um diretor de rede de varejo de médio porte, com lojas em São Paulo, que falou sob condição do anonimato, contou que, entre 2020 e 2021, as vendas de hambúrgueres à base de plantas subiram 70% nas unidades da empresa. Em 2022, ainda houve aumento de 30%, mas, no ano passado, o tombo foi de 70%.

Dados do Euromonitor, por sua vez, mostram que, em 2023, as vendas no varejo brasileiro de substitutos vegetais de carnes e frutos do mar cresceram 38%, a R$ 1,1 bilhão. Em volume, o avanço foi de 22%. Para 2024, Raquel, do GFI, acredita em um crescimento em linha com o ano passado:

— As empresas vêm investindo muito para superar os desafios.

Embrapa pesquisa opções

A pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Janice Lima, afirma que uma das linhas de pesquisa da unidade é em ingredientes para serem usados nas formulações de produtos vegetais, como concentrados proteicos de soja e ervilha:

— Temos recebido algumas demandas da iniciativa privada, há pessoas interessadas em ingredientes de origem nacional.

(Colaborou Alda do Amaral Rocha)

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