O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu manter a United States Steel sob propriedade americana e pediu tarifas mais altas sobre o aço e o alumínio chinês, em um evento com trabalhadores sindicalizados nesta quarta.
— A US Steel tem sido uma empresa icônica americana por mais de um século. E deve permanecer uma empresa totalmente americana, de propriedade americana, operada por americanos, pelos melhores trabalhadores sindicais do mundo — disse Biden a uma multidão de membros do sindicato na quarta-feira na sede do United Steelworkers em Pittsburgh, berço da indústria siderúrgica americana.
O sindicato é fortemente contra uma oferta de uma empresa japonesa, a Nippon Steel, para adquirir a US Steel por US$ 14,1 bilhões.
Além de elevar as tarifas sobre aço, os EUA se preparam também para abrir uma investigação sobre práticas anticompetitivas pela indústria naval chinesa.
"As políticas e subsídios da China em favor de sua indústria local de aço e alumínio fazem com que produtos americanos de grande qualidade sejam prejudicados", enfatizou a Casa Branca num comunicado mais cedo.
Em plena corrida eleitoral, Biden tenta superar Donald Trump na preferência dos eleitores na Pensilvânia, estado que desempenhou papel decisivo nas últimas eleições presidenciais. Biden, que nasceu em Scranton, cidade da Pensilvânia, visitou o estado mais do que qualquer outro em seus eventos de campanha.
O governo americano espera que as medidas tenham pouco impacto na inflação, outra frente de preocupação de Biden na corrida eleitoral. As medidas visam um segmento relativamente pequeno do mercado dos EUA, com importações de aço e alumínio chineses que totalizaram cerca de US$ 1,7 bilhão em 2023.
Mas as autoridades americanas alegam que a medida será preventiva, ou seja, para evitar um aumento de exportações que já se vislumbra diante do excesso de oferta de aço chinês no mercado internacional.
— O presidente entende que precisamos investir na indústria americana e também proteger esses investimentos e esses trabalhadores das exportações injustas associadas ao excesso de capacidade industrial da China — disse Lael Brainard, diretora do Conselho Econômico Nacional.
Recentemente, em uma visita a Pequim, a secretária de Tesouro dos EUA, Janet Yellen, expressou preocupação com o avanço das exportações industriais chinesas. No caso do aço, setor sensível, Biden já se manifestou publicamente, há um mês, contra a proposta da gigante americana US Steel pelo grupo japonês Nippon Steel, num gesto que contrariou o Japão, tradicionalmente um dos principais aliados dos EUA.
As novas sobretaxas
O presidente está pedindo o aumento das tarifas da Seção 301 sobre uma ampla gama de aço e alumínio chineses. Ou seja, produtos que atualmente têm tarifas de 0% ou 7,5% devem ser elevados para 25%. As taxas sobre produtos já sujeitos a tarifas de 25% não mudariam.
A decisão final caberá à representante comercial dos EUA, Katherine Tai, e ocorrerá após a conclusão da revisão já em andamento das tarifas desta Seção 301, segundo uma fonte. O governo espera ver os resultados em breve.
Será uma nova investida tarifária sobre as importações siderúrgicas chinesas, que já tinham sido sobretaxadas do governo Trump e foram alvo também de medidas antidumping.
As importações chinesas de aço chegaram a quase 3 milhões de toneladas em 2014, segundo dados do US Census Bureau. Mas, em 2023, esse montante caiu para apenas 600 mil toneladas, ou US$ 900 milhões, de um total de importações de aço dos EUA de 25,6 milhões de toneladas.
Desvio de aço chinês pelo México
As importações americanas de alumínio chinês totalizaram 200 mil toneladas, ou US$ 750 milhões, de um total de importações de 5,46 milhões de toneladas.
O escritório de Comércio também vai abrir uma investigação formal sobre a indústria logística e de construção naval da China, uma ação que havia sido demandada por cinco grandes grupos sindicais dos EUA no mês passado. Biden "acredita que é fundamental entender o conjunto de intervenções agressivas da China nesses setores", disse a Casa Branca no comunicado.
Biden também orientará sua equipe a trabalhar com o México para conter o direcionamento de aço chinês para os EUA através do mercado mexicano.