Com o anúncio pelo conselho de administração da Petrobras de aprovação da distribuição de 50% dos dividendos extraordinários, os papéis da petrolífera entraram em leilão às 14h31 desta quinta-feira.
O mecanismo é ativado quando há uma forte oscilação em um papel e, como foi o caso, quando há a divulgação de fato relevante com as negociações ainda em andamento. As ações só voltaram a ser negociadas cerca de meia hora depois, às 15h03.
Por volta das 14h31, as ações ordinárias (PETR3, com direito a voto) avançavam a 1,18%, enquanto as preferenciais (PETR4, sem direito a voto) tinham alta de 0,78%. Às 15h15, alguns minutos depois do retorno das negociações, as ações ordinárias avançavam 2,03%, enquanto as preferenciais alcançavam alta de 2,18%.
De acordo com o regimento da Bolsa, há a interrupção por vinte minutos após a divulgação do documento, seguidos de cinco minutos de cancelamento de ofertas e realização de reabertura das negociações. Estas duram cinco minutos ou mais.
No portal da Comissão de Valores Mobiliários, a hora de divulgação do documento foi de 14h37, enquanto os papéis pararam de ser negociados às 14h31.
– A pausa nas negociações no meio do dia acontece para evitar uma flutuação enorme. É uma medida protetiva, usada para proteger o investidor da oscilação – diz Luiz Otávio Visalli, especialista de investimentos da Ável.
Segundo o fato relevante publicado pela companhia, os dividendos serão pagos em 20 de maio e 20 de junho. Serão pagos cerca de R$2,89 por ação através das duas parcelas.
O sinal positivo acompanhava a cotação do barril do petróleo tipo Brent. Os contratos futuros para junho tinham alta de 0,45%, a US$ 88,43.
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Relembre o impasse
O conselho da Petrobras decidiu em março por reter o pagamento dos dividendos extraordinários. A diretoria da companhia presidida por Jean Paul Prates. defendia o pagamento de 50% do valor. Mas o governo determinou que todo o dividendo extraordinário ficasse no fundo de reserva.
A tese de retenção de 100% dos dividendos extras era também defendida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, demais representantes do ministério e a conselheira representante dos empregados.
Eles defendiam a retenção do dinheiro para melhorar as condições da empresa de obter empréstimos para investimentos. Já os acionistas minoritários queriam a distribuição total.
O impasse gerou uma crise na Petrobras que levou Prates a um processo de fritura no Palácio do Planalto, que chegou a avaliar outro nome para o cargo. Após a interferência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Prates conseguiu se manter no comando da estatal.