Economia
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Por Cynthia Malta, Valor Econômico

Faleceu hoje, às 7h33, em Salvador, o jornalista Paulo Totti. Considerado um dos textos mais elegantes do jornalismo brasileiro, Totti trabalhou no GLOBO e foi repórter especial do “Valor”, onde recebeu um Prêmio Esso pela série de reportagens “China, o império globalizado”, em 2007.

Totti tinha um olhar especial para contar histórias, explicar outros países aos leitores brasileiros. Foi correspondente da Gazeta Mercantil em Buenos Aires, Washington e Cidade do México.

Seu trabalho na capital argentina foi tão importante que autoridades e empresários argentinos passaram a ler a Gazeta para saber o que Totti escrevia sobre a Argentina, lembra Matías M. Molina, que à época era editor-chefe da Gazeta e gostava de titular os textos de Totti. Um deles, sobre um apagão em Buenos Aires, foi estampado na primeira página com o título “De noche, a media luz”. Assim, mesmo em espanhol. Totti gostou muito.

Além do GLOBO, do Valor e da Gazeta, Totti trabalhou em grandes jornais como Jornal do Brasil, Última Hora e ajudou a fundar a revista Veja. Comandou editorias e redações e nessa função é lembrado por muitos colegas como um chefe generoso e carinhoso, sempre disposto a ensinar como apurar e escrever uma história. Também foi assessor de imprensa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e comandou os jornalistas da Agências na Empresa Brasil de Comunicação (EBC) durante a gestão da presidente Dilma Roussef.

Totti nasceu em Veranópolis, no Rio Grande do Sul, em 1938. O primeiro contato com o jornalismo, segundo relato feito ao Estado de S. Paulo, foi aos 14 anos, quando começou a trabalhar como redator em uma rádio em Passo Fundo (RS). Depois seguiu para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na "Última Hora", jornal de Samuel Wainer.

Voltaria ao Rio Grande do Sul, para trabalhar na sucursal da "Última Hora", em Porto Alegre. Em 1964, com o golpe militar, foi demitido e teve que passar algum tempo na clandestinidade, informou a jornalista Vera Saavedra Durão, que trabalhou com Totti na "Gazeta Mercantil".

Totti faria 86 anos em 10 de maio. O corpo será cremado nesta sexta-feira às 17h em Salvador, no Jardim da Saudade. Ele deixa três filhos, Iúri, João Paulo e Rodrigo, e seis netos, e a mulher Ana Maria Mandin.

Amigos, ex-colegas de trabalho e políticos lamentaram a morte do jornalista. A ex-presidente Dilma Rousseff, que atualmente preside o Novo Banco de Desenvolvimento (o Banco dos Brics) escreveu sobre a convivência com Totti, quando estiveram juntos na luta contra ditadura e na sua equipe na Secretaria de Imprensa durante o mandato da ex-presidente:

"O jornalismo brasileiro perdeu um dos seus maiores talentos e um dos mais primorosos repórteres da história do país dos últimos 50 anos. Paulo Totti foi um dos mais íntegros profissionais da imprensa nacional. Um profissional correto e um homem profundamente comprometido com a democracia e com os ideais de justiça social. Eu o conheci há muitos anos, logo depois dele deixar o movimento estudantil para se integrar à luta contra a ditadura. Muitos anos depois, eu tive a alegria de trabalhar com ele quando integrou a minha equipe na secretaria de imprensa da Presidência da República. Lamento profundamente a sua morte. Quero deixar meus mais sinceros e profundos votos de pesar à sua família e aos muitos amigos que conquistou ao longo de sua vida. Paulo Totti, presente".

O jornalista Marcelo Beraba, amigo de Totti, ressaltou como era um profissional completo: "Apuração, texto, edição, ética, honestidade intelectual, um jornalista como poucos".

Marcelo Pontes, que dividiu o comando de redação do Jornal do Brasil com Totti, considerava o jornalista uma fonte de inspiração para jovens jornalistas

"Sabe aquele amigo que te ensina a agir com calma e equilíbrio? E que de repente te provoca a ser ousado e desafiador? Paulo Totti era assim. Em 1977, como editor sensato e equilibrado de Política de O GLOBO, teve a coragem de publicar em página inteira depoimentos que obtive com Raymundo Faoro, presidente da OAB, de dois presos políticos, Aldo Arantes e Haroldo Lima. Em plena ditadura, os depoimentos descreviam a crueldade das torturas nos porões do regime. Quinze anos depois, ao tirá-lo da Gazeta Mercantil para formar comigo e Marcelo Beraba o comando da redação do Jornal do Brasil, convivemos com um Totti maduro, mas principalmente jovem. Mesmo em cargos de chefia, o espírito de repórter não o largou nunca. Era um mestre no texto. Ensinava o que ele próprio, como repórter, fazia deliciosamente com sabor e estilo, ao descrever detalhes que pareciam inúteis, mas que ao final completavam um perfil, um cenário ou o caráter de um personagem. Totti era assim. Completo. Era uma das minhas melhores referências de sabedoria, competência e dignidade. Sempre será um capítulo de inspiração para os jovens jornalistas."

Roberto Müller Filho, ex-diretor de redação da Gazeta Mercantil, afirmou que "Paulo Totti, além de um excelente caráter, foi brilhante jornalista, o melhor texto da imprensa brasileira! Lutou na imprensa e fora dela contra a ditadura".

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