A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta terça-feira, por 15 votos a 11, um projeto de lei que antecipa R$ 15,7 bilhões em despesas neste ano.
O dispositivo foi incluído no projeto de lei que recria o seguro DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres). A ideia é que o valor faça parte de um acordo entre governo e Congresso na análise de vetos presidenciais no orçamento.
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Esse valor será incorporado à base de cálculo do arcabouço fiscal e poderá ser usado todos os anos com acréscimo da inflação. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), é o relator do texto. Ele não fez mudanças de mérito em relação ao texto da Câmara.
A decisão de não alterar o texto passou pela necessidade de acelerar a aprovação e evitar que o projeto voltasse para a Câmara. De acordo com o líder do governo, a taxa de pagamento do seguro ficaria em torno de R$ 50,00.
Por outro lado, Wagner anunciou que o governo vai atender, por meio de veto parcial, um pedido de mudança feito pelo senador Alan Rick (União-AC), que solicitou a retirada do trecho que pune o motorista que atrasa o pagamento do seguro. De acordo com o texto atual, o atraso acarretaria em multa de R$ 195,23 e o desconto de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação.
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se comprometeu a pautar o projeto no plenário assim que fosse aprovado pela CCJ. A tendência é que o Senado termine de analisar a iniciativa hoje no plenário e envie o projeto para a sanção ou veto da Presidência da República.
O texto que recria o DPVAT já foi aprovado pela Câmara no início de abril e, se passar no Senado sem mudanças no texto dos deputados, será enviado para análise do Palácio do Planalto. O governo deseja que o Congresso termine a análise da iniciativa o mais rápido possível para destravar um acordo relacionado a vetos no orçamento.
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) é o presidente da CCJ. Ex-presidente do Senado, ele deseja voltar ao comando da Casa no ano que vem e quer ter o apoio do governo. Por conta disso, o parlamentar se empenhou para fazer o texto ser aprovado. A medida contou com a resistência da oposição, que se manifestou contra a volta do seguro e criticou a medida de antecipar o volume de despesas.
Após sucessivos adiamentos a pedido da base governista, uma sessão do Congresso para analisar vetos está marcada para a quinta-feira.
A margem para o aumento de despesas faz parte de uma estratégia do governo para atender diversas pressões por mais gastos. Uma delas é a movimentação do Congresso para derrubar o veto feito pelo Palácio do Planalto em R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão. O governo tenta ainda chegar a um acordo para que o veto seja mantido parcialmente, com a preservação de R$ 3,6 bilhões para o manejo de parlamentares.
Além desse veto também estão previstas outras votações, como sobre os vetos em um calendário de liberação de emendas e no projeto que restringia a "saidinha" dos presos.
A manobra para aumentar em R$ 15 bilhões também deve ajudar a desbloquear R$ 2 bilhões em gastos que estão retidos. E pode ser usado para reajustar salários de servidores públicos que pressionam por aumentos, algo ainda não previsto para este ano.
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O texto atual do arcabouço fiscal permite ao governo federal ampliar as despesas neste ano caso haja a avaliação de que a previsão de receitas é melhor que a arrecadação do ano passado.
Essa ampliação, pelas regras de hoje, será feita a partir do relatório de avaliação de receitas e despesas a ser divulgado no dia 22 de maio. Pelo projeto aprovado na CCJ do Senado, há uma antecipação dessa liberação com base no relatório divulgado no dia 22 de março. Além disso, dispensa a análise do Congresso sobre o destino da verba, atribuindo essa definição para um ato do Poder Executivo.