Cotação de farelo de soja no exterior bate recorde do ano após chuvas no Rio Grande do Sul
Preços são afetados também por praga de insetos na Argentina e pelo mau tempo nos EUA. Até 5 milhões de toneladas do grão podem ser perdidos no Sul do Brasil, e analistas não conseguem estimar ainda impacto nos silos e no transporte
As cotações de milho e farelo de soja negociadas em Bolsa no exterior atingiram o recorde de preço deste ano em meio ao mau tempo que assola regiões produtoras no Brasil e nos EUA, além de uma praga de insetos que infesta plantações da Argentina.
Os futuros de milho em Chicago chegaram brevemente a US$ 4,72 o bushel (medida usada para mercadorias sólidas) nesta terça-feira, o nível mais alto desde dezembro, antes de recuarem para US$ 4,70.
Na China, a cotação do farelo de soja na bolsa de commodities de Dalian subiu mais de 3%, também para uma máxima desde o final do ano passado, e acumula alta de mais de 5% na semana.
Analistas estimam que entre 4 e 5 milhões de toneladas de soja possam ser afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Antes da tragédia climática, a expectativa era que o estado seria o maior produtor da oleagianosa no Brasil, atrás apenas do Mato Grosso.
No Sul, a colheita ocorre depois do que no Centro-Oeste. E, antes das chuvas, restava colher cerca de 24% da área plantada, segundo o último levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Rio Grande do Sul. A agência previa uma colheita de 22,25 milhões de toneladas na safra atual, o que seria um recorde histórico para o estado.
— Há dúvidas se as expectativas de uma safra grande na América do Sul vão se tornar realidade após as fortes enchentes no Brasil. Os preços (do farelo de soja) em Dalian subiram significativamente por causa disso — disse Zhu Rongping, analista de commodities da Mysteel.
Dimensão só será dada depois que água baixar
O mercado não consegue estimar ainda os prejuízos nos silos, ou seja, dos grãos armazenados, algo que só será possível mensurar após o escoamento das águas.
Da mesma forma, os graves danos na infraestrutura causados pela força das enchentes, que destruíram pontes e rodovias, dificultarão o transporte de grãos mesmo após o fim das chuvas.
Além das fortes chuvas no Rio Grande do Sul, áreas de cultivo da safrinha de milho no Brasil sofrem com condições secas e quentes, enquanto o Meio-Oeste americano foi atingido por chuvas que atrasaram o plantio. Na Argentina, a estimativa da safra do milho foi reduzida devido aos danos causados por uma infestação bacteriana espalhada por cigarrinhas.
O Brasil é o maior produtor e exportador de soja e segundo maior fornecedor de farelo de soja, atrás apenas da Argentina. Por isso, qualquer evento climático no território brasileiro tem impacto nas cotações internacionais.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) de 2023, o Rio Grande do Sul ocupa o terceiro lugar entre os maiores processadores de sementes oleaginosas do Brasil, atrás de Mato Grosso e Paraná, com uma capacidade instalada para processar 31.180 toneladas de grãos por dia e uma participação de 14,9% na moagem em nível nacional.
Se o clima afeta o Brasil e a praga de insetos é um problema para a Argentina, também nos EUA as previsões não são otimistas.
Em seu relatório semanal sobre o setor, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos relatou um atraso no plantio de grãos para a safra 2024/2025. No caso da soja, o plantio está em apenas 36% da área prevista, contra 42% no mesmo período de 2023.
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