Tecnologia
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Por Bloomberg

Superpotências lideradas pelos Estados Unidos e pela União Europeia destinaram quase US$ 81 bilhões em direção a uma nova geração de semicondutores, escalando um confronto global com a China pela supremacia no mercado de chips.

É a primeira onda de quase US$ 380 bilhões reservados por governos em todo o mundo para empresas como Intel e Taiwan Fabricação de Semicondutores para aumentar a produção de microprocessadores mais poderosos. O salto impulsionou a rivalidade entre Washington e Pequim por tecnologia de ponta para um momento de virada que vai moldar o futuro da economia global.

"Os dois lados fizeram desse item um dos seus objetivos estratégicos nacionais", afirmou Jimmy Goodrich, conselheiro sênior sobre tecnologia estratégia e China da Rad Corporation.

O que começou como preocupação quanto aos rápidos avanços da China em eletrônicos essenciais se converteu em pânico durante a pandemia, quando a falta de chips ressaltou a importância desses pequenos dispositivos para a segurança econômica. O que está em jogo agora vai desde a revitalização da produção tecnológica americana até garantir vantagem em inteligência artificial ao equilíbrio da paz no Estreito de Taiwan.

Os gastos com chips pelos EUA e aliados marcam um novo desafio à política industrial chinesa que perdura por décadas, embora leve anos para dar frutos. A corrida ao financiamento endureceu ainda mais as disputas na guerra comercial entre China e EUA, incluindo lugares como Japão e Oriente Médio. E ainda foi uma tábua de salvação para a Intel, que já foi líder global na fabricação de chips, mas nos últimos anos perdeu terrenos para rivais como Nvidia e TSMC.

Nos EUA, quase US$ 33 bilhões

Os planos de investimento alcançaram um momento crítico nos EUA. As autoridades anunciaram mês passado US$ 6,1 bilhões em recursos para a Micron Technology, a maior fabricante de chips de memória de computador do país.

Essa foi a última injeção bilionária de verba para instalação avançada de fabricação de chips nos EUA, o que já inclui recursos de quase US$ 33 bilhões para empresas como Intel, TSMC e Samsung Electronics.

O presidente Joe Biden abriu essa torneira de financiamento com a assinatura em 2022 do Ato dos Chips e da Ciência, prometendo um total de US$ 39 bilhões em subsídios para fabricantes de chips, complementados por empréstimos e garantias no valor de US$ 75 bilhões adicionais, mais créditos fiscais de até 25%.

Isso está no centro de sua aposta em reativar a fabricação doméstica de semicondutores e entregar novos empregos na indústria para ajudar a convencer os eleitores de que ele merece a reeleição em novembro.

Os investimentos dos EUA buscam mais do que contra-atacar a China. Eles também visam reduzir a lacuna de décadas de incentivos de Taiwan e Coreia do Sul, que tornaram esses lugares centros da indústria de chips.

A onda de gastos também está alimentando rivalidades entre os EUA e seus aliados na Europa e Ásia, todos buscando uma parte da crescente demanda por dispositivos que impulsionam avanços em IA e computação quântica.

Planos de investimento globais

Do outro lado do Atlântico, a União Europeia elaborou seu próprio plano de US$ 46,3 bilhões para expandir a capacidade de fabricação local. A Comissão Europeia estima que investimentos públicos e privados no setor totalizarão mais de US$108 bilhões, principalmente em apoio a grandes instalações de fabricação.

Os dois maiores projetos da Europa estão na Alemanha: uma fábrica da Intel planejada em Magdeburg no valor de US$ 36 bilhões e recebendo quase US$ 11 bilhões em subsídios, e uma joint venture (parceria) da TSMC no valor de US$ 11 bilhões, metade dos quais coberto por fundos do governo.

Sede da TSMC, principal produtora de semicondutores de Taiwan, que tem parceria para construir fábrica na Alemanha — Foto: I-Hwa Cheng
Sede da TSMC, principal produtora de semicondutores de Taiwan, que tem parceria para construir fábrica na Alemanha — Foto: I-Hwa Cheng

Mesmo assim, a Comissão Europeia ainda não deu aprovação final para ajuda estatal para nenhum dos projetos, e especialistas alertam que os investimentos do bloco não serão suficientes para alcançar seu objetivo de produzir 20% dos semicondutores do mundo até 2030.

Outros países europeus têm lutado para financiar projetos importantes ou atrair empresas. A Espanha anunciou em 2022 que destinaria quase US$ 13 bilhões para semicondutores, mas até agora só concedeu pequenas quantias a algumas empresas devido à falta de um ecossistema de semicondutores no país.

Economias emergentes na disputa

Economias emergentes também estão tentando entrar no jogo dos chips. Em fevereiro, a Índia aprovou investimentos financiados por um fundo governamental de US$ 10 bilhões, incluindo uma proposta do Grupo Tata para construir a primeira grande fábrica de chips do país.

Na Arábia Saudita, o Fundo de Investimento Público está de olho em um "investimento considerável" não especificado este ano para iniciar a incursão do reino em semicondutores, à medida que busca diversificar sua economia dependente de combustíveis fósseis.

No Japão, o Ministério do Comércio garantiu cerca de US$ 25,3 bilhões para sua campanha de chips desde sua criação em junho de 2021. Dessa quantia, US$ 16,7 bilhões foram alocados para projetos.

O primeiro-ministro Fumio Kishida tem como objetivo um investimento total de US$ 64,2 bilhões, incluindo somas do setor privado, com o objetivo de triplicar as vendas de chips produzidos domesticamente para cerca de US$ 96,3 bilhões até 2030.

Por outro lado, Seul evitou financiamento direto e subsídios como os adotados por Washington e Tóquio. Em semicondutores, o governo sul-coreano desempenha um papel de apoio em um gasto estimado de US$ 246 bilhões - parte de uma visão mais ampla para tecnologia nacional, desde veículos elétricos até robótica. Esse esforço tende a receber um impulso de um programa de chips de US$ 7,3 bilhões que o ministério das Finanças disse no domingo que será lançado em breve.

Pode sobrar chip?

Um perigo potencial paira sobre a onda global de apoio governamental: a criação de um excesso de chips.

"Todo esse investimento na fabricação impulsionado por investimentos governamentais e não principalmente por investimentos orientados pelo mercado poderia eventualmente levar a uma situação em que temos mais capacidade do que precisamos", disse a analista da Bernstein Sara Russo. No entanto, esse risco é mitigado pelo tempo que levará para a nova capacidade planejada entrar em operação.

Por enquanto, empresas como Nvidia, Qualcomm Inc. e Broadcom Inc. lideram o mundo no design de chips vitais para campos-chave como inteligência artificial. Mas há debate sobre a extensão dessa liderança. Alguns especialistas argumentam que a China está anos atrás, enquanto outros insistem que a segunda maior economia do mundo está prestes a alcançar.

A China agora tem mais fábricas de semicondutores em construção do que em qualquer outro lugar do mundo, com a produção de chips "menos glamourosos" enquanto acumula a expertise necessária para um salto tecnológico doméstico. Também está trabalhando em alternativas domésticas aos chips de IA da Nvidia e a outros silícios avançados.

A quantidade de dinheiro que Pequim está despejando no setor provavelmente supera os gastos dos EUA. A Associação da Indústria de Semicondutores, sediada em Washington, estimou na semana passada que a China estava a caminho de gastar mais de US$142 bilhões. Como parte desse esforço, o governo vem levantando outros US$27 bilhões para o que é conhecido como o Big Fund para supervisionar os investimentos estatais em dezenas de empresas, incluindo campeãs locais de fabricação de chips.

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