A Singapore Airlines adotou regras mais rigorosas durante os voos para evitar acidentes graves durante turbulências. A decisão vem após a morte de um passageiro de 77 anos e dezenas de feridos em um voo que saiu de Londres com destino à Cingapura.
A companhia aérea anunciou nesta sexta-feira que está adotando uma "abordagem mais cautelosa" para gerenciar esses momentos.
O serviço de refeições a bordo, por exemplo, será interrompido quando o sinal de manter os cintos de segurança afivelados for aceso. A distribuição de bebidas quentes também será suspensa, disse a companhia aérea em um comunicado. Os membros da tripulação também deverão retornar aos seus assentos e afivelar os cintos.
A empresa diz ainda que "continuará a revisar os processos" para priorizar a segurança da tripulação e dos passageiros.
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Vídeo mostra interior de avião danificado após turbulência que deixou um morto e dezenas de feridos
A revisão da política da empresa, porém, não exige que todos os passageiros usem cintos de segurança durante toda a viagem, independentemente das condições de voo no momento. As companhias aéreas geralmente aconselham os passageiros a fazer isso apenas durante momentos de instabilidade.
A Singapore Airlines disse ainda que pilotos e comissários de bordo estão cientes dos perigos associados à turbulência. A tripulação já é treinada para prender todos os itens soltos e equipamentos para minimizar o risco de ferimentos nessas situações.
Relembre o caso
Um britânico de 77 anos morreu e dezenas de passageiros permanecem em hospitais tailandeses com ferimentos graves, incluindo danos na medula e lesões na cabeça, depois de o avião sofrer uma perda de altitude abrupta. O voo partiu de Londres com direção à Cingapura, mas teve que fazer um pouso de emergência em Bangkok por conta da forte turbulência.
Logo após o voo, mais de 100 pessoas necessitaram de atendimento médico na capital tailandesa.
![Imagens do interior da aeronave após a incidente — Foto: Reprodução](https://s2-oglobo.glbimg.com/H3XipKzH7OA8b-Ks__3Y1vzbClI=/0x0:1193x762/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/7/q/b0WxiLRcqcGLCNsL2d0A/a0973782-77b8-4135-ad88-9e7fa65601cc.jpg)
Os ferimentos sofridos pelos passageiros evidenciam as enormes forças de deslocamento vertical que impactam qualquer pessoa que não esteja com o cinto de segurança afivelado quando uma aeronave perde altitude de forma brusca e repentina.
No voo da Singapore, pessoas foram arremessadas para o teto da cabine. Pertences pessoais e itens do serviço de café da manhã voaram por toda aeronave.
Apesar da fatalidade e do número de feridos, é improvável que as companhias aéreas exijam cintos de segurança o tempo todo nos voos, disse Ron Bartsch, ex-chefe de segurança da Qantas Airways e ex-gerente de operações do regulador de aviação civil da Austrália.
Segundo ele, a morte e ferimentos graves por turbulência severa são tão raros que não vale a pena introduzir restrições permanentes que possam afastar alguns passageiros.
— Não me lembro da última fatalidade associada à turbulência. Não é como se fosse um evento comum. As pessoas não gostam de ser obrigadas a manter o cinto de segurança afivelado e voltar aos seus assentos. Não espero grandes mudanças na forma como as companhias aéreas operam — disse Bartsch.
A turbulência pode ocorrer quando um avião atinge uma forte corrente de ar que empurra a fuselagem para fora do seu "eixo". O fenômeno pode ser causado por bolhas de ar quente ou sistemas meteorológicos poderosos. Em altitudes mais altas, a aeronave pode encontrar turbulência sem nuvens, tornando mais difícil de identificá-las. Nesses casos, elas são causada por massas de ar com velocidades diferentes.
As forças podem lançar os passageiros de forma tão impactante que pode ser assemelhada a cair de cabeça de uma escada ou mergulhar em uma piscina rasa de concreto, segundo Rohan Laging, diretor adjunto de serviços de emergência do grupo hospitalar Alfred Health, em Melbourne.