Economia
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Por e — Rio e Brasília

O mercado de trabalho está aquecido, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua que o IBGE divulgou ontem. O número de trabalhadores no setor privado foi recorde no trimestre encerrado em abril, com o emprego com e sem carteira atingindo os maiores níveis da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Além disso, a renda média do trabalhador cresceu 4,7% frente ao ano passado (R$ 3.151).

A taxa de desemprego surpreendeu analistas que projetavam índice de 7,7%, ao ficar estável em 7,5%. Esta é a menor taxa de desocupação para o período desde 2014, com 8,2 milhões de brasileiros em busca de uma vaga. Com ajuste sazonal, pelos cálculos do Itaú, a taxa caiu para 7,2%.

Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), também divulgado ontem, foi igualmente positivo. No acumulado do ano, de janeiro a abril, o saldo foi de 958.425 empregos criados. Houve aumento de vagas em todos os meses deste ano.

Com isso, foi registrado um crescimento de 33% em comparação com o ano passado, que teve um saldo 718.576 contratações nos quatro primeiros meses.

Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, fatores como a queda dos juros e da inflação têm contribuído para o bom desempenho do mercado de trabalho quando se compara com o ano passado. São 100,8 milhões de ocupados, o maior número da série histórica.

— Outro fator é a informalidade, que é muito significativa na composição da população ocupada no país, e tem ficado estável nos últimos trimestres. A forma de inserção que tem crescido é o dos trabalhadores formais.

Sinal para o BC

Na visão de economistas, os dados positivos apresentados pelo IBGE e pelo Caged, confirmam o cenário de aquecimento do mercado de trabalho no primeiro semestre em linha com a atividade econômica. Por outro lado, a alta dos salários pode fazer o Banco Central manter os juros altos por mais tempo. Com mais renda disponível, aumenta o consumo e isso pode ter reflexo nos preços.

— É positivo para o trabalhador, mas isso impõe alguma restrição à política monetária — afirma Fernando de Barbosa Holanda Filho, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV Ibre.

Essa também é a preocupação de Claudia Moreno, economista do C6. Com o mercado de trabalho mais aquecido, os empregadores devem reajustar os salários acima dos ganhos de produtividade e repassar o aumento de custo aos preços.

Por isso, o mercado de trabalho deve pressionar a inflação de serviços, que por enquanto tem se mantido comportada, apesar de as previsões estarem subindo como observa o economista:

Desemprego — Foto: Criação O Globo
Desemprego — Foto: Criação O Globo

— A contínua piora das expectativas de inflação pode levar a autoridade monetária a pausar o ciclo de cortes no atual patamar de 10,5% ao ano.

Holanda afirma que o resultado chamou atenção ao apontar um mercado de trabalho forte para o período de fevereiro a abril, época tradicionalmente fraca para criação de vagas. Mas ele ainda vê com cautela a continuidade desta melhora nos próximos meses:

— O mercado formal mostra uma nova dinâmica depois da saída da crise da pandemia. Mas gerar muito emprego e de forma consistente depende do PIB. As expectativas (para economia) já eram de desaceleração, e a tragédia no Rio Grande do Sul deve ter algum impacto no nível de emprego e no PIB.

Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital, diz que parte desse movimento pode ser explicado pela política fiscal expansionista, reajuste real do salário mínimo, pagamento de precatórios (dívidas da União sem possibilidade de recurso na Justiça) e retomada gradual dos serviços prestados às famílias, mais intensivos em mão de obra.

Para os próximos meses, ela espera estabilidade tanto na criação de vagas quanto na taxa de desemprego:

— A perspectiva é que isso estabilize, não falo de piora do mercado. Mas, se a taxa Selic (juros básicos da economia) estacionar em 10,5% ao ano, será uma política monetária apertada e em algum momento isso vai ter impacto no mercado de trabalho, provavelmente no fim do ano.

Comércio demite menos

Para Adriana Beringuy, a estabilidade da taxa de desemprego em abril é um sinal positivo para o mercado de trabalho. Contribuiu para esse movimento a redução no número de dispensas no comércio, movimento mais forte no primeiro trimestre.

Além disso, segundo Adriana, foi observado um aumento da ocupação na administração pública, saúde e educação. É neste período que são recontratados os profissionais da educação pública, sobretudo do ensino fundamental, explica:

— Os elementos que contribuíram para o aumento da taxa no primeiro trimestre perderam força agora.

O número de empregados com carteira de trabalho no setor privado chegou a 38,1 milhões, atingindo o maior contingente desde 2012. Houve estabilidade no trimestre e alta de 3,8% (mais 1,4 milhão) no ano.

Também bateu recorde o número de trabalhadores sem carteira no setor privado, com 13,6 milhões de brasileiros nesta forma de inserção no mercado. Foi registrada estabilidade no trimestre e alta de 6,4% (mais 813 mil pessoas) no ano.

A renda média do trabalhador ficou em R$ 3.151 no trimestre encerrado em abril, uma alta de 4,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Com o resultado, a massa salarial — soma dos ganhos de todos os trabalhadores do país — chegou a R$ 313,1 bilhões mensais, novo recorde da série histórica.

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