O banqueiro André Esteves, fundador do BTG Pactual, disse esperar que a expansão econômica do Brasil seja de mais de 2,5%, o “quarto ano seguido que o Brasil vai surpreender no crescimento”. Ele completou dizendo que, nos últimos dez anos, o país foi o mais reformista do mundo e “está muito melhor do que em qualquer outro momento da história”.
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— A gente nunca teve no emprego formal uma proporção tão grande de trabalhadores ganhando mais do que o salário mínimo — disse durante participação no Forum Esfera, realizado no fim de semana no Guarujá, litoral de São Paulo.
— Essas são estatísticas com todos os desafios que a gente tem pela frente, que nos devem trazer orgulho. Isso acontece por uma sequência de acertos — afirmou Esteves citando como exemplos as reformas trabalhista e da previdência, as privatizações e a independência do Banco Central.
Esteves fez elogio ao Ministério da Fazenda “pela obstinação de entregar um quadro fiscal equilibrado, porque não é simples”:
— Finanças públicas equilibradas significam juros de equilíbrio neutro, baixos ou mais baixos de onde eles estão, e acho que o Ministério da Fazenda compreendeu isso de uma maneira muito clara e tem perseguido isso.
O banqueiro disse ainda que a sociedade está sinalizando que o aumento da carga tributária chegou ao limite, “o que significa que se a gente precisa chegar no equilíbrio fiscal, a gente precisa trabalhar também do lado da otimização dos nossos gastos.
Campos Neto: Brasil precisa baixar juro estrutural
No mesmo evento, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ser preciso entender que há várias razões para o nível elevado do juro estrutural neutro do país, entre elas a política fiscal, e destacou a necessidade de combater a causa.
— O juro não é a causa, mas a consequência. Se fosse a causa, era apenas questão de baixar o juro — disse Campos Neto, ressaltando a importância de se “atacar a causa do problema”. — É óbvio, a gente gostaria de ter a taxa de juros mais baixa possível, mas nossa taxa de juros estrutural é alta.
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Campos Neto defendeu ainda que o trabalho do BC seja feito com credibilidade:
— Se a gente determinar a taxa de um dia de tal forma que não tenha credibilidade, o que vai acontecer com esse juro real longo, vai subir ou vai cair? Vai subir. O trabalho da Selic feito com credibilidade, quando as pessoas entendem que está sendo feito de forma autônoma e com credibilidade, faz com que a taxa de juros real longa caia.
O presidente do BC destacou que períodos na história do Brasil nos quais a taxa de juro real longa caiu “foram exatamente nos momentos onde as pessoas entenderam que tinha uma credibilidade na política econômica”.
— Quando a gente entrou com o teto de gastos, caiu, quando veio o arcabouço, caiu. Então, o que a gente precisa entender é que não adianta confundir causa e consequências. Mais do que olhar simplesmente o número de curto prazo, o importante é a sustentabilidade — disse ele ao defender o sistema de metas de inflação:
— O importante é essa estabilidade, não em si o que é feito no dia a dia. E é importante nessa estabilidade que a gente tenha uma percepção dos agentes que a dívida vai convergir em algum momento. Pode não convergir esse ano, pode ser no ano que vem, mas é importante ter uma convergência de dívida.