Economia
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Por — São Paulo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou, neste sábado, decisões de políticos e grandes empresários que nem sempre estão "pensando no país". Ele também afirmou que o Brasil é uma “encrenca”, apesar do potencial para ser grande.

As declarações aconteceram durante participação do ministro em painel no evento "Despertar Empreendedor", promovido pelo empresário e ex-banqueiro Eduardo Moreira, criador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL).

— O Brasil é uma encrenca, né? É um negócio difícil de administrar. Às vezes, quem está numa posição de poder não está fazendo a coisa certa pelo país. Isso é a coisa mais triste da vida pública. Você tem país de ouro, povo de ouro, uma coisa maravilhosa, mas vê que quem pode fazer a diferença nem sempre está pensando em interesse público.

O ministro complementou:

— E devia estar porque está numa posição de poder, ou porque é grande empresário ou um político com mandato. Você fala: ‘Pô, essas pessoas não estão pensando no país?’.

Foco em melhorar a vida das pessoas

Durante conversa com Moreira e com o jornalista Leandro Demori, em São Paulo, Haddad também criticou propostas que geram divisão na sociedade e avançam a toque de caixa no Congresso, mas sem citar diretamente pautas econômicas ou o polêmico projeto de lei que equipara o aborto a homicídio, embora tenha indicado que reagia a este último:

— A todo momento você fica apreensivo. Que lei vão aprovar? O que vão fazer? Que maluquice é essa, do que estão falando? Por que não se dedicam a coisas sérias que vão mudar a vida das pessoas? Para que essa espuma toda, para que criar cizânia na sociedade, briga na família? Por que a gente não foca naquilo que vai mudar a vida para melhor das pessoas? — questionou o ministro.

Agenda fiscal sob pressão

A pressão sobre a agenda fiscal de Haddad aumentou nos últimos dias depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu ao Executivo a medida provisória que limita crédito de PIS/Cofins. Haddad chegou a afirmar na ocasião que, sem a MP, o governo não tinha “plano B” para compensar a perda de arrecadação com a desoneração da folha de pagamento.

Em entrevista ao ICL após participar do painel, o ministro comentou sobre a negociação para chegar a uma fórmula para compensar a manutenção da desoneração da folha de pagamento para os setores da economia que mais empregam. Ele afirmou que uma saída estaria "bem encaminhada":

— Eles estão encaminhando para nossa avaliação a proposta, a Receita está fazendo as estimativas, acho que vai terminar bem — afirmou.

Na quinta-feira, diante da desconfiança de agentes financeiros com a capacidade do governo equilibrar as contas, Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, indicaram que iriam fazer um “pente-fino” nos gastos federais e prometeram apresentar medidas de redução de despesas ao presidente. Mais cedo, neste sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que irá discutir uma revisão de despesas com Haddad nos próximos dias, mas ponderou que não fará ajuste fiscal “em cima dos pobres”.

'Sala de aula está sempre ali para mim'

Mais cedo, Haddad também reforçou a necessidade de pensar em um “projeto coletivo” de país e afirmou que o Brasil tinha potencial para ser grande, sem ser o "quintal de ninguém”. Ele citou, entre os potenciais de crescimento a longo prazo, a agenda socioambiental.

Lembrou, ainda, do passado em que trabalhou durante 18 anos como vendedor na Rua 25 de Março, polo de comércio popular de São Paulo, que considerou um "período rico" para sua formação, e reforçou sua vocação como a de professor e não de "político profissional". Em momento de pressão no cargo, Haddad reforçou que a sala de aula é sempre opção:

— O cara às vezes quer fazer carreira política e só [...], mas eu posso voltar para a sala de aula… A sala de aula está sempre ali para mim. — disse Haddad, que foi aplaudido quando disse que preenche a profissão como "professor" em fichas de hotel. — Eu não sou político profissional, eu sou professor. Minha condição de vida é essa. Então, para mim, voltar para a sala de aula é voltar para casa, para o meu ambiente.

O ministro também comentou que, em momentos difíceis, conta com o apoio da esposa, Ana Estela Haddad, e dos dois filhos, que são sua retaguarda, além dos amigos. Ele também disse que os períodos duros são bons para "depurar":

— Eu gosto da hora dura, sabia? A hora dura depura. Muitas vezes, você começa a perder a noção de quem gosta de você e de quem está te bajulando. E na hora dura só aparece quem gosta de você, só aparece o teu amigo de fé.

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