Em 4 de junho de 1994, a Avenida Rio Branco e outras quatro ruas do Centro do Rio amanheceram interditadas por tanques blindados e carros de combate do Exército. A operação de segurança que contou com 40 soldados armados de fuzis dava segurança para o transporte de 17 toneladas de moedas de real para outros estados. Em 30 de junho, véspera da entrada do real, 1,3 bilhão de cédulas e 800 milhões de moedas, no valor de US$ 27 bilhões, estavam no sistema financeiro.
O Exército botou praticamente todo o seu contingente para fazer a segurança do transporte e guarda da oitava moeda que o brasileiro iria conviver desde anos 1940. Mas, naquele momento, um segredo ficou muito bem guardado.
Quinze anos depois daqueles meses de junho e julho de 1994, o repórter do GLOBO em Brasília, Gustavo Paul mostrava que o temor de o plano não dar certo fez o governo se prevenir. A direção do Banco Central encomendou, discretamente, a impressão de 130 milhões de cédulas de R$ 100 na véspera do lançamento da moeda no mercado.
![Polícia Militar escolta os caminhões com moedas e cédulas do real — Foto: Jorge William](https://s2-oglobo.glbimg.com/nhQep7F-lC1ELssibH3Ep0gBsec=/0x0:1283x912/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/m/N/s3ogOxSBigQZmRPx5BMQ/19994947-rio-de-janeiro-05-06-1994-moeda-brasil-real-transporte-do-real-plano-real-1-.jpg)
Segundo explicou na época, uma década e meia depois, em 2009, o então presidente da Casa da Moeda, Tarcísio Jorge Caldas Pereira, ter cédulas em estoque para colocar na praça foi uma estratégia preventiva, que tinha como base o insucesso de seis planos anteriores.
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Mas os preços não dispararam e, por isso, até 2006, o Banco Central não encomendou cédulas de R$100. Segundo João Sidney de Figueiredo Lima, chefe do Departamento do Meio Circulante do BC, dissera em 2009, o grande volume de cédulas produzidas, assinadas pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique, foi suficiente para abastecer o mercado por anos. “As autoridades foram prudentes, pois não se sabia o que podia acontecer. E as cédulas duraram até 2007. Ficamos sem fazer cédulas de R$100 por 12 anos”, dissera.
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Durante quatro meses, a equipe da Casa da Moeda operou em dois turnos de 12 horas, para produzir as novas cédulas e moedas e para abastecer o mercado com cruzeiros reais. Faltou até aço inoxidável para dar conta da produção. Empresas de Alemanha, Inglaterra e França produziram 10% das cédulas que circularam no início do real. Até o fim de 1994, 260 milhões de notas de R$5, R$10 e R$50 vieram do exterior.