O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu nesta segunda-feira a disparada do dólar nos últimos dias a "ruídos de comunicação". A moeda americana fechou o dia cotada a R$ 5,65, tendo subido quase R$ 0,10 em um só dia, a exemplo do que já havia acontecido na semana passada.
Analistas do mercado financeiro atribuem a alta do dólar ao contexto internacional e também às declarações recentes do presidente Lula em relação à política monetária do Banco Central e à necessidade de cortes nas despesas públicas.
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Segundo Haddad, o governo precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo.
— Atribuo (a alta) a muitos ruídos. Precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo. Por exemplo, tive hoje mais uma confirmação sobre a atividade econômica e a arrecadação de junho fechou (em alta) — disse o ministro
Para reforçar o ponto de vista, Haddad falou sobre resultados "acima das expectativas".
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— Tive hoje mais uma confirmação sobre a arrecadação de junho, que ficou acima do previsto pela Receita Federal. Ou seja, nós estamos no sexto mês de boas notícias na atividade econômica e na arrecadação — afirmou o ministro, acrescentando que governo estava apreensivo com os impactos das enchentes no Rio Grande Sul na atividade do país como um todo.
Câmbio: 'Isso é assunto do BC'
O ministro admitiu que o dólar atingiu um patamar alto, em relação a outros países. Ao ser indagado se está na hora de uma intervenção no mercado de câmbio, respondeu que essa é uma atribuição do Banco Central (BC).
-- Isso é assunto do Banco Central, e eles lá que sabem quando e como fazer. Então, é um assunto que cabe a eles decidir. Sempre é possível, porque está na governança do Banco Central. Age quando necessário, se necessário, se vai ser necessário ou não. Compete à diretoria do BC julgar.
Ele admitiu que, apesar da desvalorização ter acontecido no mundo todo, a depreciação foi maior no Brasil do que países em outros países emergentes, como Colômbia, Chile, México.
Reunião com Lula na quarta
Haddad disse que terá uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira para tratar da conjuntura. Sobre corte de gastos, afirmou que está fazendo um diagnóstico geral das questões que precisam ser enfrentadas e que caberá a Lula decidir sobre o momento do anúncio das medidas.
Incertezas em relação à condução da política econômica e sobre o cumprimento do marco fiscal têm gerado nervosismo no mercado financeiro.
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— É da competência da Presidência da República, anúncio e autorização para tomada de medidas. Mas as equipes estão trabalhando diuturnamente. Ninguém para de trabalhar aqui — disse o ministro.
Sem dar detalhes sobre o que está sobre a mesa em termos de cortes de gastos, o ministro mencionou que o presidente não quer "ferir direitos" e que isso será respeitado pela equipe economia.
Haddad disse também que tem "bom prognóstico" sobre o Orçamento do ano que vem, a respeito do de equilíbrio das receitas e despesas. A proposta orçamentária está em elaboração e precisa ser enviada ao Congresso Nacional em agosto.
-- Eu não posso avançar nisso, mas nós estamos no encontro de contas de um Orçamento bastante sustentável para o ano que vem.