Economia
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GERADO EM: 03/07/2024 - 00:00

Reunião de Lula sobre ajuste fiscal e alta do dólar

O presidente Lula se reúne com equipe econômica para discutir ajuste fiscal e conter a alta do dólar. Tensão com BC e mercado em foco. Ministros apresentam propostas para equilibrar as contas públicas. Retórica contra autoridade monetária gera incerteza nos mercados.

Ao retornar de uma intensa agenda de viagens pelo país para inaugurar obras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta quarta-feira com a equipe econômica para discutir novas ações para reduzir despesas e equilibrar as contas públicas. A reunião acontece um dia após novas declarações do presidente contra o Banco Central motivarem a disparada do dólar.

O encontro foi anunciado na terça-feira pelo petista em meio à retomada dos ataques ao Banco Central e ao mercado financeiro, o que contribuiu para elevar ainda mais a escalada de tensão vista nos últimos dias. A equipe econômica busca medidas para equilibrar as contas públicas, em uma tentativa de sinalizar ao mercado que está comprometida a realizar um ajuste de gastos.

Nos bastidores, contudo, a cúpula da equipe econômica avalia que, para conter a escalada do dólar, Lula precisará recuar em sua cruzada contra o Banco Central e o atual chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto. No entanto, ninguém arrisca cravar que o presidente será convencido disso.

— A nossa agenda com o presidente (nesta quarta) é exclusivamente fiscal, para apresentar propostas para cumprimento do arcabouço de 2024, 2025 e 2026 — adiantou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a jornalistas.

Além de Haddad, a reunião deve ter também a participação da ministra do Planejamento, Simone Tebet, da ministra da Gestão, Esther Dweck, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ainda não há horário definido, mas deve acontecer pela tarde.

Integrantes do time econômico até admitem, sob reserva, haver certa "implicância" do mercado com o governo, mas enxergam na atuação recente do petista o combustível ideal para os especuladores.

Os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
Os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

Essa visão é compartilhada nos bastidores, mas fica cada vez mais evidente nas reiteradas manifestações dadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na terça-feira, ele foi explícito ao dizer que é preciso ajustar a "comunicação" sobre a autonomia do Banco Central e o empenho do governo com o arcabouço fiscal.

— O melhor a fazer é acertar a comunicação — disse o ministro a jornalistas no Ministério da Fazenda. — Não vejo nada fora disso: autonomia do Banco Central e rigidez do arcabouço fiscal. É isso que vai tranquilizar as pessoas.

Na noite anterior, o ministro havia dito que muitos "ruídos" vinham empurrando a cotação do dólar e que o governo precisava informar melhor seus resultados. Haddad sabe que essa comunicação passa pelo presidente da República e vem tentando encaixar em suas manifestações seu desejo de alertá-lo.

Integrantes do time do ministro da Fazenda lembram que o dólar vem ganhando força no mundo todo, mas o real está sendo mais penalizado do que outras moedas de países emergentes. Não dá, portanto, para ignorar as questões internas. A expectativa da equipe econômica é conseguir destravar parte da agenda de corte de gastos na reunião desta quarta-feira.

Ideias já descartadas

Segundo técnicos da equipe econômica, um dos principais problemas é o fechamento das contas públicas em 2025. A proposta orçamentária está sendo elaborada e precisa ser encaminhada ao Congresso Nacional em agosto.

Durante a reunião, os ministros vão apresentar as projeções com receitas e despesas para saberem exatamente o descasamento das contas, disse um interlocutor.

O presidente já descartou, contudo, medidas que afetem os mais pobres já aventadas como a desvinculação dos benefícios previdenciários e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo. Lula também já indicou que não deve mexer com os gastos com os militares no curto prazo.

Em entrevista nessa terça-feira a uma rádio da Bahia, Lula atribuiu a alta da cotação da moeda americana nos últimos dias a um jogo "especulativo" e de "interesses" contra o real e anunciou que o governo avalia tomar alguma medida para conter a escalada, sem, no entanto, dizer qual.

Lula dá entrevista à Rádio Solidariedade ,da Bahia — Foto: Reprodução/YouTube
Lula dá entrevista à Rádio Solidariedade ,da Bahia — Foto: Reprodução/YouTube

Lula ainda retomou os ataques a Campos Neto ao afirmar que vê "viés político" nas decisões da autoridade monetária, que no mês passado interrompeu a sequência de corte de juros e manteve a taxa Selic em 10,50%.

O petista tem feito sucessivas críticas a Campos Neto e chegou a afirmar que o vê como adversário político, por sua proximidade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apontado como possível presidenciável pelo próprio presidente.

Em Portugal, onde participou de evento do BCE (Banco Central Europeu), Campos Neto rebateu o petista ao afirmar ser necessário afastar a "narrativa" de que a sua gestão à frente do BC serve a algum lado político.

Na contramão de Lula, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu a autonomia do Banco Central brasileiro. Para ela, o modelo atual, adotado durante o governo de Jair Bolsonaro, é "saudável". A ministra, contudo, afirmou que acreditar que um ano de mandato após a eleição presidencial seria "mais do que suficiente" para se adequar e "passar o bastão".

— Acho que seria saudável a autonomia do BC, mas questionei esses dois anos do presidente do BC de governos passados. Acho que um ano é mais do que suficiente, que é o tempo de se adequar e passar o bastão. Não é porque isso significa interferência do Executivo ou do Legislativo no Banco Central. Isso não é permitido porque a autonomia do BC está aí — afirmou Tebet a jornalistas após participar de audiência no Senado.

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