Economia
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Por — Brasília

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-feira o acordo entre a Oi e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que prevê a continuidade da prestação de serviços de telefonia fixa até 2028. Foi acordado que a tele carioca, que está em sua segunda recuperação judicial, deve investir R$ 5,8 bilhões, sendo que a maior parte será bancada pela V.tal, empresa de infraestrutura de redes controlada pelo BTG Pactual em que a Oi hoje tem participação minoritária.

A solução sobre o serviço de telefonia fixa é parte fundamental do segundo plano de recuperação judicial da tele carioca, aprovado pelos credores em abril, que busca solucionar uma dívida de mais de R$ 44 bilhões.

Mesmo com a manifestação contrária da área técnica do TCU e do Ministério Público junto à corte, o relator do caso, ministro Jorge Oliveira, disse em seu voto favorável que procurou considerar a complexidade do caso. A avaliação do relator foi seguida pelo restante do plenário da corte.

“O Ministro relator expressa sua concordância com a proposta de solução consensual, considerando-a razoável diante da realidade dos fatos”, disse Oliveira no resumo de seu voto. “O voto reconhece a complexidade do caso e a necessidade de uma solução que atenda tanto aos interesses públicos quanto à situação financeira da Oi.”

A efetividade do acordo depende, porém, da anuência da Advocacia-Geral da União (AGU), que atualmente cobra R$ 7,4 bilhões em dívidas da tele. A Oi também terá que apresentar uma garantia em relação à manutenção da prestação do serviço de telefonia fixa.

Inicialmente, o acerto mediado pela área de conciliação previa a criação de uma conta sob titularidade da empresa com recursos hoje depositados judicialmente, com liberação de 10% do montante de forma semestral.

O relator do caso no TCU, contudo, concordou com a área técnica do tribunal e com o MP junto à corte que seria inapropriado a empresa gerir plenamente esta conta. Por isso, condicionou à assinatura do acordo à modificação nos termos para que a movimentação da conta dependa da autorização da Anatel.

Serviços essenciais

Atualmente, a Oi é a maior concessionária de telefonia fixa do país e tem obrigações até 2025. Os contratos de concessão de telefonia fixa não são mais adotados em novos serviços, mas há todo um legado dos antigos acordos que precisam ser equacionados.

Segundo dados da Anatel, há 23,6 milhões de contratos desse tipo hoje em todo o Brasil, sendo que alguns deles tratam de serviços essenciais, como os telefones de emergência - 190 (polícia) e 193 (primeiros socorros). A conexão de boa parte da administração pública também depende do serviço hoje prestado pela Oi.

O processo analisado foi iniciado devido às discussões sobre a renovação da prestação do serviço a partir de 2026, mas havia controvérsias sobre a capacidade operacional da Oi e também sobre a necessidade de aportes da empresa.

Há ainda uma disputa bilionária entre Oi e Anatel. Em 2020, a Oi entrou com um processo de arbitragem contra a agência para reivindicar R$ 53 bilhões em virtude de prejuízos com a manutenção da oferta de telefonia fixa. O regulador, porém, afirmava que a operadora devia valores relacionados à migração da concessão para autorização.

A solução para encerrar as controvérsias entre a Oi e a Anatel foi mediada pela área de conciliação do TCU, criada em dezembro de 2022 por iniciativa do presidente do tribunal, Bruno Dantas, para tratar de conflitos que afetam a prestação de serviços à população.

Nesse caso específico, o governo precisa manter o serviço em áreas isoladas, onde as opções de comunicação são limitadas, mas a empresa também tem necessidade de reduzir despesas e encerrar cobranças para manter sua viabilidade.

A Anatel já havia referendado o acordo. Ficou acertada a migração da Oi do regime de concessão para autorização na telefonia fixa, reduzindo obrigações contratuais hoje consideradas anacrônicas, como a manutenção de orelhões.

Desconto

Em troca, a companhia se comprometeu a investir R$ 5,8 bilhões, dos quais até R$ 5 bilhões ficariam a cargo da empresa V.tal. Esses investimentos abrangem a conectividade de escolas públicas, construção de rede de fibra ótica submarina na região Sul, construção de rede de fibra ótica submarina e subterrânea nas regiões Norte e Nordeste, desenvolvimento de competição em novos mercados por meio da construção de novos Centros de Dados (Data Centers) distribuídos pelo território brasileiro, e a manutenção do serviço de telefonia fixa em localidades sem alternativa de atendimento.

Há ainda a possibilidade de investir mais R$ 4,4 bilhões a depender do resultado da arbitragem. A discordância sobre esses valores está na raiz da recomendação pela rejeição do acerto pelo MP-TCU. Antes de o caso chegar à área de conciliação do tribunal de contas, a Anatel havia calculado que a Oi deveria devolver R$ 19 bilhões aos cofres públicos se devolvesse a concessão.

Segundo pessoas envolvidas na negociação, contudo, o valor foi atualizado para o ano de 2024 e considerou o gasto que a Anatel teria se tivesse que assumir o serviço até fazer outra licitação. Isso porque, sem o acerto, os credores da Oi poderiam desistir dos aportes previsto no plano de recuperação judicial da empresa, aumentando os riscos de falência.

---- A negativa em relação ao acordo resultará no naufrágio do plano de recuperação da empresa e, muito certamente, ante a inexistência de alternativas, acabará por determinar sua falência. Caso isso ocorra, o estado poderá ter que assumir, mesmo que temporariamente a prestação do serviço. essa situação é inadequada do ponto de vista do interesse público --- disse o ministro relator.

Oliveira reconheceu que a diferença ante o valor inicialmente estimado pela Anatel é grande, mas destacou as dificuldades e incertezas que envolvem a quantificação do montante, considerando que a empresa está em recuperação judicial. Além disso, ressaltou que os termos do acordo seguem as condições da Lei Geral de Telecomunicações.

— É claro que o montante de investimentos pactuados teve que respeitar em algum grau a capacidade econômica da empresa. Mas, apesar de o valor obtido ter seguido balizas de ordem pragmática, seu dimensionamento O advguarda razoabilidade com as premissas adotadas na modelagem econômica do negócio --- disse Oliveira, em seu voto.

Em nota, o presidente da Oi, Mateus Bandeira, destacou que a migração para o regime de autorização representa para a Oi uma redução de custos essencial para seu futuro. "“Os termos do acordo aprovado permitem buscar o equilíbrio econômico-financeiro da operação, garantem investimentos e resguardam os interesses sociais ligados à telecomunicação.”

Representando a tele e a V.tal no caso, Henrique Ávila, sócio do Sergio Bermudes Advogados, acrescentou que o TCU mostrou "sensibilidade" ao julgar o assunto "sob a ótica do interesse público e da prestação do serviço de telefonia por todo o Brasil, que seria prejudicada sem o acordo". A Anatel não se manifestou.

Consenso

O acordo entre Oi e Anatel é o sexto fechado com ajuda da nova área do tribunal. Os anteriores tratavam de conflitos com regulados da Agência Nacional de Aviação (ANAC), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Segundo apurou o GLOBO, ainda estão sendo negociados no âmbito da câmara de conciliação processos referentes às concessões dos aeroportos de Guarulhos e Viracopos, que podem prever a inclusão de terminais regionais no contrato.

Em uma etapa anterior, sem instalação de comissão, também está prevista a discussão sobre a concessão do Galeão, mas, nesse caso, a solução é considerada mais complexa diante do valor da outorga.

Há também negociações sobre as concessões de rodovias federais, como a BR 101 no Rio de Janeiro, além de trechos rodoviários no Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Bahia.

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