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GERADO EM: 05/07/2024 - 04:01

Cooperativismo em Ascensão: R$ 1 trilhão em 2023

O cooperativismo no Brasil está em ascensão, com crescimento de 10% em 2023 e pretensão de movimentar R$ 1 trilhão. Setores como agronegócio, crédito e energia renovável impulsionam o movimento, que busca modernização e maior participação da população. Novas políticas públicas e atualização da legislação são apontadas como caminhos para alavancar ainda mais o setor.

Nos últimos anos, o cooperativismo brasileiro vem experimentando um boom, com o aumento do número de cooperados, empregados, valor de ativos e distribuição dos ganhos (as chamadas sobras). Em 2023, o setor cresceu cerca de 10%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 2,9%. Segundo dados mais recentes da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), as movimentações financeiras chegaram a R$ 656 bilhões em 2022. A entidade já anunciou a pretensão de movimentar R$ 1 trilhão em três anos.

— O bom momento tem a ver com o agronegócio, mas não só. O ramo de crédito está puxando a ascensão — afirma Luís Miguel dos Santos, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, que coordena um grupo de estudos sobre cooperativas. — O cooperativismo popular, mesmo que marginal, também tem se expandido. Temos boas notícias vindo da agricultura familiar, que está se organizando no Nordeste, em estados como Ceará e Bahia, esticando as fronteiras do movimento para além do Sul.

A superintendente da entidade, Tânia Zanella, comemora a fase favorável:

— Acredito que, neste mês, estamos batendo 21 milhões de cooperados.

Infográfico Cooperativas — Foto: Editoria de Arte
Infográfico Cooperativas — Foto: Editoria de Arte

Para a executiva, estão acontecendo avanços relevantes no âmbito da governança, além da busca pela inovação.

— Nas grandes cooperativas agrícolas, a separação das funções do conselho de administração e da diretoria executiva aconteceu e está dando mais rapidez à operação. Isso já é realidade na saúde e no crédito. Agora, está ocorrendo cada vez mais no ramo agrícola para que ele possa acompanhar o dinamismo do mercado de commodities — diz.

Ela conta que saúde e crédito — setores regulados — vêm sendo cobrados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pelo Banco Central (BC) a melhorarem processos, o que acaba influenciando outros segmentos a fazer o mesmo, aprimorando a gestão.

— A regulação está subindo a régua — acrescenta.

Menor do que a média mundial

Comparado com países que são referências globais no campo, porém, os números brasileiros ainda são tímidos. Na França e na Itália, a parcela da população envolvida com o cooperativismo gira em torno de 40%. No Brasil, fica em 10%, abaixo da média mundial, que é de 12%. Além disso, o faturamento das cooperativas em relação ao PIB é maior nesses países. Na Nova Zelândia, chega a 20%.

O pesquisador Chrystian Biscaro, também da UEL, defende que um dos caminhos para alavancar o movimento pode envolver as compras institucionais.

— Políticas públicas de preferência aos produtos e serviços da cooperativa, inclusive daquelas comprometidas com a sustentabilidade, ajudariam bastante. Assim, o governo incentivaria o crescimento orgânico do setor — defende.

Os especialistas afirmam que outra medida importante seria atualizar a legislação — a lei que regulamenta o setor é de 1971. Segundo as regras, são necessários, no mínimo, 20 membros para a abertura de uma cooperativa. Nos países de referência, bastam duas ou três pessoas.

Líder em faturamento, o cooperativismo agrícola no Brasil está vinculado à história da colonização europeia. As maiores estão concentradas no Paraná, onde respondem por 60% da produção. A Frísia, a mais antiga do estado, foi fundada por holandeses que vieram para o Brasil trabalhar nas ferrovias da inglesa Brazil Railway Company, em 1911. Hoje, é uma gigante que extrapolou os limites da agropecuária para atuar nas áreas de logística, combustíveis, meio ambiente e soluções digitais.

Há oito anos, abriu sua primeira unidade no Matopiba (confluência dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e, em 2022, a segunda, marcando presença na região que é a nova fronteira do agronegócio.

Neste ano, obteve financiamento de R$ 40 milhões, do BNDES, para aumentar e modernizar três armazéns de grãos. A deficiência de silos é um problema que afeta a cadeia de soja, milho e cereais a cada safra.

— Teremos uma ampliação da capacidade produtiva, o que nos dará segurança e previsibilidade. Quando produzimos mais, há reflexo para o consumidor final, que tem acesso a uma gama maior de produtos — afirma Mario Dykstra, superintendente da cooperativa, que tem 1.084 associados e teve uma receita bruta de R$ 6 bilhões em 2023.

Atendimento bancário

Dono da maior rede de atendimento bancário do país, o Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil (Sicoob) encabeça o ramo financeiro com 331 cooperativas e 4.600 agências.

— Estamos vindo de três anos de escalada forte. O ritmo de crescimento anual é da ordem de 20%. Acho que estamos no meio do caminho, avançando rumo ao teto do cooperativismo de crédito — avalia Marco Almada, diretor-presidente da organização, apostando que 20% do mercado é a fatia máxima que esse segmento pode abocanhar no país.

O executivo conta que a tecnologia é uma das ferramentas que estão ajudando a alavancar a rede:

— Temos um superaplicativo com mais de 300 funcionalidades. Não estamos nem um pouco defasados em relação ao nível de digitalização dos maiores bancos do país. Hoje em dia, não adianta ter apelo comercial sem oferecer praticidade.

Energia renovável

Por volta de 92% das transações dos associados ao Sicoob são feitas digitalmente, principalmente transferências de recursos. A menor parte, feita nas agências físicas, envolve operações de alto valor agregado, como tomada de crédito. O Sicoob tem um aplicativo para participação em assembleias de modo on-line.

No campo solidário, a geração e distribuição de energia renovável para autoconsumo é a razão de ser de dezenas de cooperativas se expandindo pelo país. Em Maturéia, na Paraíba, o desejo da comunidade de viabilizar um modelo alternativo à geração para o mercado livre resultou na fundação da Bem Viver, em 2021. Instalada na zona rural, com o apoio da organização católica Misereor, da Alemanha, a usina de placas solares da associação tem 22 membros.

— Não queremos apenas economizar na conta de luz. Nosso modelo justo é a saída para a crise do clima e queremos que a energia produzida aqui fique aqui, no nosso território — enfatiza José de Anchieta, um dos idealizadores.

Os cooperados, que assumiram o compromisso de doar placas para aumentar a geração e ajudar agricultores camponeses, estão prestes a inaugurar uma nova miniusina em Várzea, também na Paraíba. A energia solar da Bem Viver II vai beneficiar assentados da reforma agrária.

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