Parlamentares de oposição apontaram inconsistências nas informações apresentadas ao Congresso pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre encontros dele e de outros dirigentes da pasta com executivos da empresa Âmbar Energia, do grupo J&F. De acordo com o jornal "O Estado de S. Paulo", encontros entre Silveira e funcionários do grupo privado antecederam a edição de uma Medida Provisória que afetou o negócio dos mesmos empresários.
Os registros oficiais obtidos pelo Partido Novo mostram que, entre junho de 2023 e maio de 2024, executivos da Âmbar Energia participaram de 17 reuniões no ministério. Os encontros ocorreram antes da medida, que determinou o socorro à distribuidora Amazonas Energia e alterou repasses a termelétricas compradas pela Âmbar.
No dia 29 de maio, uma semana antes da Medida Provisória ser enviada para a Casa Civil, Silveira e o presidente da Âmbar, Marcelo Zanatta, estiveram juntos. Oito dias antes, ambos também tiveram contato. Nenhuma dessas reuniões está na agenda oficial de Alexandre Silveira.
De acordo com o deputado Marcel Van Hattem (NOVO-SP), é preciso esclarecer as divergências entre informações prestadas de entrada e saída do Ministério de Minas e Energia e as agendas públicas da cúpula da pasta.
Agora, o parlamentar pede, via Lei de Acesso à Informação, acesso à pauta de cada um dos encontros em que executivos vinculados ao grupo J&F estiveram no local. Ele também solicita os registros de entrada e saída de todas as portarias da pasta.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia afirma que "a MP não foi discutida diretamente com a Âmbar ou qualquer outra empresa".
O comunicado também afirma que as informações de entrada de executivos no local "não significam, necessariamente, que todas foram, de fato, recebidas pelas autoridades públicas".
Já a Âmbar afirma que "realizou um negócio privado, com uma empresa privada, após um acirrado processo competitivo".
Os registros indicam que Marcelo Zanatta esteve no ministério 13 vezes em menos de um ano, enquanto o diretor de Estratégia, Inteligência de Mercado e Regulatório, Cristiano Souza, representou a Âmbar nas outras ocasiões.