Economia
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Por — Brasília e Rio

RESUMO

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GERADO EM: 27/07/2024 - 04:00

Déficit de R$ 68 bi no 1º semestre desafia meta fiscal em 2024

Déficit de R$ 68 bilhões no 1º semestre aumenta ceticismo sobre meta fiscal do governo. Economistas apontam desafio em atingir déficit zero em 2024. Medidas de congelamento do Orçamento são consideradas necessárias para equilibrar as contas públicas. Receitas cresceram, mas despesas aumentaram, principalmente em benefícios previdenciários e do BPC. A diretora da IFI acredita que novas medidas serão essenciais para alcançar a meta fiscal. Contingenciamentos podem ser necessários nos próximos bimestres.

Mesmo com o aumento de receitas de 9% acima da inflação, as contas do governo federal fecharam o primeiro semestre deste ano com um rombo de R$ 68,69 bilhões, uma alta de 55% frente ao mesmo período do ano passado, quando o déficit fora de R$ 43,23 bilhões. Os dados foram divulgados ontem pelo Tesouro Nacional.

Este é o terceiro pior resultado da série histórica do Tesouro Nacional, iniciada em 1997. Além disso, é o pior número desde 2020, no auge da pandemia de Covid-19 quando a economia recuou 3,3%.

A diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Vilma Pinto, diz que, diante dos resultados divulgados, o governo dificilmente conseguirá alcançar a meta estipulada no arcabouço fiscal ao fim do ano. Na visão dela, o governo terá de anunciar novas medidas de congelamento do Orçamento nos próximos bimestres:

— O contingenciamento anunciado ainda não foi tão severo. De acordo com os cenários que vêm sendo previstos e os números da IFI, eu acredito que talvez seja necessário fazer contingenciamentos em pequenas doses nos próximos bimestres para tentar alcançar o centro da meta.

Para o economista da Austin Ratings, Alex Agostini, o déficit ficou dentro do estimado, mas a preocupação é o resultado no fim do ano:

— Para atingir R$ 28,8 bilhões de déficit, o ideal era o governo contingenciar R$ 62 bilhões até o fim do ano. Como ele já fez R$ 15 bilhões, então tem que contingenciar até R$ 46 bilhões. O problema é que a despesa está crescendo muito mais do que as receitas. O governo precisa apresentar um plano crível de redução de despesas.

A economista Juliana Inhasz, professora do Insper, por sua vez, considera “impossível” o governo alcançar a meta estabelecida. Segundo ela, isso acontece em função de medidas como a valorização do salário mínimo, que pressionou benefícios do governo.

— Ficar fora de uma regra que o governo mesmo estabeleceu mostra um baixíssimo comprometimento com esse princípio de equilíbrio fiscal, que é fundamental para conseguir colocar o Brasil no eixo — afirma a especialista.

Haddad evita avaliar déficit

No Rio, ao deixar a entrevista coletiva de encerramento do encontro de ministros de Finanças do G20, o titular da Fazenda, Fernando Haddad, evitou avaliar se o déficit verificado nas contas do governo no primeiro semestre tornará necessários novos congelamentos no Orçamento deste ano, para cumprir a meta do arcabouço fiscal.

Segundo Haddad, a decisão sobre eventuais novos congelamentos será feita a cada avaliação bimestral das contas públicas:

— A cada bimestre vamos divulgar, como está previsto na lei. A cada bimestre, se houver necessidade, contingencia ou bloqueia.

Apesar de as receitas líquidas do governo (ou seja, após as transferências para estados e municípios) terem subido 8,5% acima da inflação, as despesas cresceram mais. Os gastos do governo federal foram 10,5% maiores neste ano do que em 2023, isso já descontando a inflação do período.

O número mostra o desafio que será cumprir a meta de déficit zero em 2024. A última estimativa da equipe econômica prevê que este ano fechará com um rombo de R$ 28,8 bilhões nas contas públicas federais, no limite do permitido pela regra do arcabouço fiscal (de um déficit de até 0,25% do PIB, ou R$ 28,8 bilhões).

Expansão do Bolsa Família

Para manter o saldo negativo nesse valor, o governo já determinou o congelamento de R$ 15 bilhões do Orçamento deste ano.

— Estamos em um processo de recuperação fiscal. O país vem vivendo déficit nos últimos anos. Estamos propondo virar esse transatlântico. Este ano estamos mirando aproximar-nos o máximo possível do déficit zero. Ao longo do ano, esse déficit vai convergir para mais próximo de zero. Considero crível ficar na meta, há desafios, mas considero possível — disse o secretário do Tesouro, Rogério Ceron.

Entre as principais despesas que aumentaram nos últimos seis meses estão os benefícios previdenciários (alta de R$ 40 bilhões), Benefício de Prestação Continuada (BPC), com aumento de R$ 8 bilhões, créditos extraordinários (mais R$ 7,5 bilhões), sentenças judiciais e precatórios (mais de R$ 12,9 bilhões) e despesas do Poder Executivo, como o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), com alta de R$ 30,2 bilhões.

Ceron disse que a regularização da fila do INSS acumulou um número maior do que o previsto de beneficiários, o que fez os gastos subirem.

— O crescimento do BPC chama atenção, não há uma motivação evidente. Por isso, estamos com uma série de medidas — afirmou.

Entre as medidas para economizar recursos, está a revisão de benefícios sociais e o aperto de regras de concessão desses benefícios .

O Tesouro explicou ainda que já esperava um crescimento do déficit no primeiro semestre de 2024, pelo reajuste dos servidores e expansão do Bolsa Família. Agora, espera-se uma expansão fiscal menor no segundo semestre. *Colaborou Vinícius Neder

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