Economia
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Por — Rio de Janeiro

A produção industrial subiu 4,1% em junho, após dois meses seguidos de queda, superando as expectativas dos especialistas, que calculavam alta de 2,7%. O resultado é o maior desde julho de 2020 (9,1%) e foram influenciados pela retomada do setor no Rio Grande do Sul e da cadeia produtiva que dependia de insumos produzidos no estado. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.

  • Em maio, a indústria havia recuado 0,9%, com influência dos efeitos das enchentes do Rio Grande do Sul sobre as unidades industriais.
  • Em comparação com junho de 2023, produção industrial cresceu 3,2%.
  • O indicador acumulado no ano teve uma expansão de 2,6% .

A alta da produção em junho foi puxada pelas atividade de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (4%). A fabricação de produtos químicos (6,5%) também avançou com força. Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, este último é um setor que, de forma direta ou indireta, sofreu com os impactos das chuvas que afetaram o Rio Grande do Sul principalmente em maio.

Algumas unidades industriais que operam no segmento tiveram paralisações e, em junho, puderam retomar a atividade.

“O avanço (da indústria) observado em junho de 2024 está relacionado não só com a base de comparação depreciada, explicada pelos dois meses consecutivos de queda na produção, mas também pela volta à produção de várias unidades produtivas que foram direta ou indiretamente afetadas pelas chuvas ocorridas no Rio Grande do Sul em maio de 2024”, explica Macedo.

Produtos alimentícios (2,7%) e indústrias extrativas (2,5%) também tiveram ganhos significativos.

O que dizem os analistas?

De acordo com Igor Cadilhac, economista do PicPay, além da retomada mais rápida do que o esperado após os impactos das enchentes do Rio Grande do Sul, que têm efeitos em toda a cadeia produtiva, já havia uma perspectiva mais otimista para a indústria desde o início do ano, ainda que o primeiro trimestre tenha deixado a desejar.

— Depois de todo o período da pandemia, acabamos acumulando muito estoque, e isso agora está se normalizando, o que incentiva a indústria. Então, além de todo um contexto de recuperação do Rio Grande do Sul, a indústria tem essa cara mais positiva nesse ano. A gente viu hoje altas disseminadas em todas as aberturas, o momento é muito bom e a tendência é continuar assim, inclusive nas projeções de julho — diz Cadilhac.

Economista do Ibre/FGV, Stéfano Pacini, acrescenta que a alta era esperada porque o índice de confiança da indústria calculado pela instituição já vinha apresentando melhoras graduais, mostrando que a confiança do empresário estava melhor na indústria.

— O resultado de maio teve uma queda até pequena dado todo esse impacto do RS e agora o índice mais que superou o resultado negativo do mês passado. Mas não foi só isso, com a demanda industrial melhorando, os níveis de estoque das empresas ficando mais baixos, prateleiras mais vazias, é comum que as empresas retomem sua produção. E esse resultado também vai compensando altas e quedas pequenas durante o mês — explica.

Para Cadilhac, os resultados positivos em junho também têm impacto nas projeções do PIB, embora essa estimativa ainda dependa de outros dados, como de varejo e serviços, já que a indústria e o comércio estão entre os primeiros a sentir essa recuperação.

— Quando começamos a pensar o impacto do que houve no Rio Grande do Sul, a estimativa era de uma queda de 0,2 do PIB no segundo trimestre, com projeção de 0,3. Quando saíram os dados do último mês, vimos que o impacto foi menor do que esperávamos e a projeção foi para 0,5. E com os resultados de hoje, a gente já está com viés altista. É toda hora revisando e para cima. Vimos uma indústria muito forte e também o desemprego, que também saiu essa semana, teve um bom resultado de queda. Então, é um momento positivo para o Brasil.

Também é o que pensa Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, que acredita que os resultados da indústria em julho reforçam a tendência de um PIB robusto no segundo trimestre do ano.

— Acreditamos que a atividade econômica brasileira pode ter crescido mais de 1% entre abril e junho de 2024. Ainda que a expectativa para o segundo semestre seja de desaceleração da economia, esperamos um PIB forte para 2024, de 2,5%. Também projetamos um crescimento acima de 2,5% para a indústria brasileira este ano — projeta.

Predomínio de taxas positivas

Das 25 atividades investigadas pela pesquisa, 16 avançaram em junho. O gerente da pesquisa explica que além da intensidade do crescimento da indústria, o destaque desse mês foi que os resultados positivos se espalharam entre as atividades.

— O total da industria está no campo positivo e a maior parte das atividades também mostra crescimento — diz Macedo.

A alta foi puxada principalmente pela categoria de bens intermediários, da qual fazem parte as atividades de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis. Embora o crescimento de 2,6% tenha sido inferior ao de bens de consumo duráveis (4,4%) e semi e não duráveis (4,1%), os intermediários tem o peso maior e correspondem à quase 60% da indústria, de acordo com Cadilhac, o que faz com que tenham maior influência no resultado final.

O crescimento de 4,4% em bens de consumo duráveis foi resultado do aumento da produção de automóveis, que teve grande recuo no mês de maio por conta das enchentes no Rio Grande do Sul. Eletrodomésticos, especialmente da linha branca, assim como eletroportáteis, também avançaram nessa categoria.

— Várias plantas industriais, não só localmente, mas também em outros estados, tiveram que paralizar suas produções por conta das enchentes, dando férias coletivas ou diminuindo a jornada de trabalho, às vezes até mesmo por falta de matéria-prima. Agora as unidades que estavam paradas voltaram a funcionar — explicou o gerente da pesquisa.

Já no campo dos bens de consumo semi e não duráveis (4,1%), que mostrou comportamento predominantemente positivo nos últimos meses, tiveram destaque produtos alimentícios (2,7%). A categoria que menos cresceu foi a de bens de capital, com apenas 0,5% de alta.

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