Economia

'O capítulo mais importante vem agora, a vacinação em massa', diz Guedes sobre combate à pandemia

Para ministro, vacina é o que vai garantir retorno seguro ao trabalho, sustentando a retomada econômica. Mas ele defendeu que imunizante seja opcional
O ministro Paulo Guedes em coletiva de imprensa sobre o balanço de medidas de combate à pandemia:"A
asa da saúde deve bater ao menos tempo que a asa da recuperação econômica" Foto: Edu Andrade/Ascom/ME
O ministro Paulo Guedes em coletiva de imprensa sobre o balanço de medidas de combate à pandemia:"A asa da saúde deve bater ao menos tempo que a asa da recuperação econômica" Foto: Edu Andrade/Ascom/ME

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira que a vacinação em massa da população contra a Covid-19 é o próximo capítulo das medidas de combate à pandemia e que ela será necessária para a retomada da economia.

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Guedes defendeu a liberação de R$ 20 bilhões para distribuição do imunizante, mas, alinhado com o presidente Jair Bolsonaro, defendeu que sua aplicação seja opcional.

— O capítulo mais importante vem agora, que é a vacinação em massa. São mais R$ 20 bilhões para a vacinação em massa dos brasileiros — disse o ministro, durante coletiva de imprensa na qual fez um balanço do ano.

Guedes acrescentou que a vacinação é importante para garantir o retorno ao trabalho, importante para sustentar a retomada econômica.

— O retorno seguro ao trabalho exige a vacinação em massa da população brasileira. É uma vacinação voluntária e o que o governo tem que fazer é disponibilizar todas as vacinas para a população de forma voluntária e gratuita.

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Ele continuou:

— Qualquer brasileiro pode escolher a vacina que ele quer tomar, não paga pela vacina e escolhe a vacina se quiser tomar. Essa vacinação gratuita de forma voluntária para os brasileiros é o que nós precisamos para que a asa da saúde bata ao mesmo tempo que a asa da recuperação econômica — disse Guedes.

Ao fazer o balanço do ano, o ministro admitiu que não entregou tudo que gostaria , mas disse haver uma campanha  ‘negacionista’ contra ele.

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Os casos de Covid vêm aumentando no Brasil. Nesta quinta-feira, foram registradas mais de mil mortes , algo que não acontecia desde setembro.

Mil mortes é número 'assustador'

Indagado por jornalistas se o Brasil está numa segunda onda, diante desse número, Guedes disse que é "assustador".

— É um número assustador. Voltar a mil mortes é um número assustador. Uma coisa é você fazer um distanciamento, as mortes caem. E nessa aceleração, por um certo descuido, elas voltam. O problema endógeno, depende de nosso comportamento. Foi o nosso comportamento que botou a economia de volta e pode ser que esse nosso comportamento tenha causado esse repique — afirmou.

O ministro afirmou que ainda é preciso observar se o Brasil está em uma segunda onda de contaminações (como afirmam especialistas em saúde) e em um "repique":

— Nós temos que observar mais tempo.

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Guedes afirmou que o "plano A" do governo é a doença "cedendo".

— Hoje, o plano A é: a doença cedendo e economia voltando. O programa termina dia 31 de dezembro, o Brasil está de volta às reformas estruturantes e de volta à normalidade. Se não for essa a realidade, vamos ter que pensar o que nós fazemos.

Ele reforçou que irá garantir o retorno seguro é a vacinação em massa:

— A grande esperança é a vacinação em massa. A vacinação em massa vai garantir o retorno seguro ao trabalho.

Guedes não é o único da equipe econômica que vem relacionando o ritmo da retomada da economia à vacinação. Nesta semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a dizer que investir em vacina sai mais barato que uma possível prorrogação dos auxílios governamentais

Disputa política

Segundo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a previsão da pasta é distribuir as vacinas em meados de janeiro . Mas esse processo de distribuição enfrenta resistência dentro do governo, encabeçada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Ele já afirmou que não vai tomar a vacina.

Na última quarta-feira, o governo incluiu oficialmente a CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, no plano de vacinação da Covid.

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O imunizante foi motivo do acirramento da disputa política entre Bolsonaro e o governador João Doria, de São Paulo, que anunciou o início da vacinação no estado antes do anúncio do governo federal.

Bolsonaro chegou a desautorizar Pazuello após o ministro firmar um termo de intenção para comprar 46 milhões de doses da CoronaVac. Quando o imunizante teve as pesquisas paralisadas pela Anvisa, o presidente comemorou. Depois, adotou o discurso de que priorizará qualquer vacina que tenha registro da Anvisa, o orgão de regulação sanitárias brasileiro.

O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal. Nesta quinta-feira, a Corte determinou que a obrigatoriedade da vacinação deve ser imposta por meio indireto — ou seja, quem não tomar a vacina pode ser impedido de frequentar determinados lugares, como escolas e transporte público.