ONS vê ‘esgotamento de praticamente todos os recursos’ para o fornecimento de energia em novembro

Mês marca o auge do período seco; órgão de operação do setor fez previsões em nota técnica
A usina Hidreletrica de Marimbondo esta operando abaixo da capacidade por causa do período da estiagem Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo

BRASÍLIA — Uma nota técnica concluída nesta quinta-feira pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) traça um cenário ainda mais desafiador para o fornecimento de energia no fim deste ano por conta da crise hídrica que atinge as hidrelétricas do país.

O texto prevê “o esgotamento de praticamente todos os recursos no mês de novembro” para o sistema nacional de energia elétrica.

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Para o mês de outubro, o órgão responsável pela operação do sistema elétrico do país afirma que as “sobras (são) bastante reduzidas”. O sistema opera com sobras de potência para garantir o fornecimento de energia elétrica.

São essas sobras que serão consumidas até novembro. O penúltimo mês do ano marca o fim do período seco. Por isso, não há previsões a partir daí.

Lago da represa da hidrelétrica de Marimbondo, no interior de São Paulo, praticamente sem água: consumidor terá de pagar sobretaxa ainda maior na conta de luz pelo acionamento de termelétricas Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
A usina hidrelétrica de Marimbondo esta operando abaixo da capacidade por causa do período da estiagem Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Seca pode prejudicar fornecimento de energia elétrica Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Segundo ONS, está prevista "a perda do controle hidráulico de reservatórios da bacia do Rio Paraná no segundo semestre de 2021" Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
O reservatório da usina Marimbondo, localizado no Rio Grande, divisa entre São Paulo e Minas Gerais, atingiu o nível mais baixo entre todos os monitorados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Com a falta de chuva para encher o reservatorio, a producao de energia foi reduzida Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Área inundada por barragem volta a ficar exposta devido à seca histórica Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Cor mais vívida do solo revela o que há pouco era o fundo do reservatório Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Localizada na divisa de São Paulo e Minas Gerais, a hidrelétrica tem capacidade para produzir 1.440 megawatts Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo

A nota técnica já incorpora ações tomadas pelo governo, como medidas para reduzir a saída de água de hidrelétricas importantes. Além disso, considera o aumento do PIB para 4,5% no ano, em vez dos 3% que até então era usado como parâmetro.

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Órgão traça dois cenários

O aumento da economia é o principal parâmetro para o crescimento do consumo de energia, estimado em 7% neste ano.

O ONS traça dois cenários. Na primeira simulação, a previsão de acionamento do parque termelétrico é mais conservadora, não sendo consideradas no planejamento todas as unidades indisponíveis.

Nesse caso, toda a segurança do sistema será consumida em novembro, sendo necessário importar energia para não ter apagão. A previsão é de importar 2.107 megawatts de energia, o equivalente a Angra 1 e 2 juntas.

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No segundo cenário, o ONS prevê uma maior participação das térmicas. Nesse cenário, o mais otimista, a sobra seria de apenas 144 MW. Para se ter uma ideia do tamanho do risco que essas sobras representam, normalmente o sistema opera com 14 mil a 15 mil MW de reserva.

Ou seja, a sobra prevista para novembro no cenário otimista é de 1% da reserva normal do sistema.

Para economizar, ligue o aparelho apenas quando for dormir e desligue logo ao acordar. Uma opção é usar a função sleep, disponível em alguns modelos. Outro cuidado é manter o ar-condicionado em temperatura adequada. Especialistas recomendam 23ºC. Não é preciso colocar temperatura muito baixa, para não gastar muita energia. Foto: Pixabay
Em uma família com quatro pessoas, o uso do chuveiro elétrico corresponde a cerca de 25% da conta de luz. Para economizar, evite banhos muito longos e dê preferência a usar o chuveiro no modo verão, que economiza até 30% de energia Foto: Pixabay
Quando a porta fica muito tempo aberta, o motor funcionará mais, gastando mais energia. É importante também manter a borracha de vedação da porta da geladeira em bom estado. Ao viajar, uma opção é esvaziar a geladeira e desligá-la da tomada. Foto: Pixabay
A substituição de lâmpadas incandescentes pelas de LED pode gerar uma redução de 75% a 85% no consumo de energia. Além disso, essas lâmpadas duram mais. Em relação às lâmpadas fluorescentes, a economia é de cerca de 40% Foto: Pixabay
Dê preferência a lavar uma grande quantidade de roupas, para economizar água e energia. Evite colocar muito sabão, para não ter de enxaguar duas vezes. Na hora de passar, a melhor opção é juntar roupas e passar uma grande quantidade de uma vez. Desligue o ferro quando for interromper o serviço. Use a temperatura indicada para cada tipo de tecido e comece pelas roupas mais leves. Foto: Pixabay
O uso do ventilador de teto durante 8 horas por dia gera um gasto de apenas R$ 18 por mês. Mesmo assim, é importante evitar deixar o aparelho ligado quando não houver ninguém no cômodo. Na hora de comprar, lembre-se que quanto maior o diâmetro das hélices, maior o consumo de energia. Foto: Pixabay
No caso dos eletrônicos, a recomendação é desligar o televisor e os videogames quando ninguém tiver usando. Retirar os aparelhos da tomada também ajuda a poupar energia. Foto: Arquivo

Como o GLOBO mostrou, o ONS pediu o adiamento das paradas de manutenção de todas as usinas do país. Também pediu para mudar a estratégia de geração das usinas do Rio São Francisco, com o objetivo de guardar mais água nesses reservatórios para ser usada o fim do ano.

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Consumo aumenta e pressiona geração

O ONS diz que a piora nas previsões decorre do aumento da carga de energia (aumento do consumo) e da redução da disponibilidade termelétrica.

O órgão federal não faz previsão de racionamento ou de apagão, mas os dados apresentados pelo ONS estão em linha com simulações feitas pela PSR, a principal consultoria do setor elétrico.

As análises da PSR apontam um risco de racionamento de energia e de apagão (blackout) em 2021.

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O risco de racionamento de energia varia de 20% a 29% para crescimento da demanda anual de 6% a 9% em 2021 em relação a 2020.

A PSR também fez as contas considerando as possíveis ações que o governo pode tomar. Diante das simulações feitas, se as ações do governo para mitigar a crise forem bem-sucedidas, os riscos caem bastante, para dentro dos níveis de planejamento, da ordem de 1% a 3%, o que garantiria o abastecimento.