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Para evitar racionamento, indústria propõe reduzir ao menos 5% do consumo de energia nos horários de pico

Empresas seriam remuneradas por gastar menos eletricidade
A usina Hidreletrica de Marimbondo esta operando abaixo da capacidade por causa do período da estiagem. Situação é retrato da crise hídrica Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo

BRASÍLIA — Parte da indústria apresentou ao Ministério de Minas e Energia (MME) uma proposta para reduzir o consumo de energia elétrica em pelo menos 5% nos horários de pico, como forma de evitar um racionamento de energia ou apagões causados por geração de energia menor que a demanda. A indústria será remunerada pela redução do consumo, que deve vigorar entre julho de 2021 e abril de 2022.

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O MME está analisando a proposta, que também passará pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O programa tem como objetivo garantir a redução da demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN) durante o período conhecido pelos recordes de demanda, em dias úteis entre 12h e 18h.

A indústria propôs, no primeiro mês do programa, receber R$ 1.557 por megawatt/hora (MWh) pela redução da demanda. O número é resultado do preço do mercado de curto prazo de energia horário máximo vigente (R$ 1.197,87) com um prêmio de 30%. O valor poderá ser recalibrado mensalmente, após avaliação do balanço entre oferta e demanda por parte do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico.

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A indústria afirma que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) poderá definir diferentes valores de referência para cada um dos quatro subsistemas — Suedeste/Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sul. 

Para economizar, ligue o aparelho apenas quando for dormir e desligue logo ao acordar. Uma opção é usar a função sleep, disponível em alguns modelos. Outro cuidado é manter o ar-condicionado em temperatura adequada. Especialistas recomendam 23ºC. Não é preciso colocar temperatura muito baixa, para não gastar muita energia. Foto: Pixabay
Em uma família com quatro pessoas, o uso do chuveiro elétrico corresponde a cerca de 25% da conta de luz. Para economizar, evite banhos muito longos e dê preferência a usar o chuveiro no modo verão, que economiza até 30% de energia Foto: Pixabay
Quando a porta fica muito tempo aberta, o motor funcionará mais, gastando mais energia. É importante também manter a borracha de vedação da porta da geladeira em bom estado. Ao viajar, uma opção é esvaziar a geladeira e desligá-la da tomada. Foto: Pixabay
A substituição de lâmpadas incandescentes pelas de LED pode gerar uma redução de 75% a 85% no consumo de energia. Além disso, essas lâmpadas duram mais. Em relação às lâmpadas fluorescentes, a economia é de cerca de 40% Foto: Pixabay
Dê preferência a lavar uma grande quantidade de roupas, para economizar água e energia. Evite colocar muito sabão, para não ter de enxaguar duas vezes. Na hora de passar, a melhor opção é juntar roupas e passar uma grande quantidade de uma vez. Desligue o ferro quando for interromper o serviço. Use a temperatura indicada para cada tipo de tecido e comece pelas roupas mais leves. Foto: Pixabay
O uso do ventilador de teto durante 8 horas por dia gera um gasto de apenas R$ 18 por mês. Mesmo assim, é importante evitar deixar o aparelho ligado quando não houver ninguém no cômodo. Na hora de comprar, lembre-se que quanto maior o diâmetro das hélices, maior o consumo de energia. Foto: Pixabay
No caso dos eletrônicos, a recomendação é desligar o televisor e os videogames quando ninguém tiver usando. Retirar os aparelhos da tomada também ajuda a poupar energia. Foto: Arquivo

A indústria afirma que o custo de déficit de energia hoje é de R$ 6.524/MWh. Portanto, nessa análise, haveria um benefício para o sistema.

Com a redução voluntária do consumo, o sistema poderia não recorrer à térmicas mais caras ou afastar o risco de apagão por falta de oferta de energia.

Considerando que o programa tem como objetivo a redução temporária da demanda para garantir a estabilidade elétrica do SIN, o custo mensal do programa deverá ser rateado entre todos os consumidores do país.

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A indústria propõe que receba a remuneração apenas reduções de consumo superior a 5% nos dias úteis entre 12h e 18h, em comparação com a linha de base, sendo que o consumidor será remunerado automaticamente pelo montante de redução que exceder o limite mínimo de 5%.

A base de comparação será a média do consumo no horário de pico em maio e junho.

Por exemplo. Caso uma empresa consiga reduzir o consumo de 100 MW para 60 MW no horário de pico, ele seria remunerado por 35 MW.

Caso o consumidor não entregue pelo menos 80% do montante de demanda (em MWh) que se comprometeu, em qualquer dia da semana operativa, não fará jus a qualquer remuneração e ficará excluído automaticamente do programa por 7 dias.

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A intenção da indústria é que a adesão ao programa seja automática, sem necessidade de novos contratos, para todos consumidores que são agentes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) com medição individual.

Pela proposta da indústria, na quinta-feira, antes do início da semana operativa seguinte, o consumidor que deseja participar do programa deverá informar a CCEE o montante de demanda (em megawatts/hora) que irá se comprometer a reduzir para cada um dos dias seguintes.

Lago da represa da hidrelétrica de Marimbondo, no interior de São Paulo, praticamente sem água: consumidor terá de pagar sobretaxa ainda maior na conta de luz pelo acionamento de termelétricas Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
A usina hidrelétrica de Marimbondo esta operando abaixo da capacidade por causa do período da estiagem Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Seca pode prejudicar fornecimento de energia elétrica Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Segundo ONS, está prevista "a perda do controle hidráulico de reservatórios da bacia do Rio Paraná no segundo semestre de 2021" Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
O reservatório da usina Marimbondo, localizado no Rio Grande, divisa entre São Paulo e Minas Gerais, atingiu o nível mais baixo entre todos os monitorados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Com a falta de chuva para encher o reservatorio, a producao de energia foi reduzida Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Área inundada por barragem volta a ficar exposta devido à seca histórica Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Cor mais vívida do solo revela o que há pouco era o fundo do reservatório Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo
Localizada na divisa de São Paulo e Minas Gerais, a hidrelétrica tem capacidade para produzir 1.440 megawatts Foto: Ferdinando Ramos / Agência O Globo

Há ainda uma proposta adicional. Nesse caso, o operador determinaria a parada de consumo de energia por uma, duas ou três horas (com aviso no dia anterior). Seria no máximo 10 interrupções por mês, com limite de 40 horas mensais.

Para isso, a empresa receberia R$ 700/kW/ano mais uma receita variável equivalente ao PLD máximo (R$ 584/MWh).

Procurado, o MME informou que, em razão do cenário conjuntural de hidrologia desfavorável,  vem empreendendo esforços para aumentar a oferta e racionalizar o consumo de energia elétrica.

"Dentre as alternativas em estudo, estão medidas que buscam fomentar ações voluntárias de resposta da demanda. O MME tem realizado reuniões com associações e outros entes do setor elétrico para discutir melhor a proposta", diz a pasta.