Economia

Petrobras tem adesão de 22% dos funcionários a programas de demissão voluntária

Empresa estima redução de custo com pessoal de R$ 4 bi por ano até 2025
Programas de desligamento contribuem para a redução permanente da estrutura de custos da Petrobras Foto: Sergio Moraes / Reuters
Programas de desligamento contribuem para a redução permanente da estrutura de custos da Petrobras Foto: Sergio Moraes / Reuters

RIO — A Petrobras obteve a adesão de 10.082 funcionários a seus Programas de Desligamentos Voluntários (PDVs) e Programa de Aposentadoria Incentivada (PAI), implementados como parte das ações para economia de custos, diante da queda do preço do petróleo e da crise pós-pandemia. O total de inscritos representa 22% do atual quadro de empregados.

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A estatal estima redução com despesas de pessoal de cerca de R$ 4 bilhões por ano, até 2025, com a saída desses inscritos. O retorno adicional (custo evitado de pessoal de R$ 22 bilhões menos o desembolso com as indenizações de R$ 4 bilhões) será de aproximadamente R$ 18 bilhões, também até 2025, segundo nota da empresa.

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, ressaltou que o pacote de programas de desligamento está contribuindo para a redução permanente da estrutura de custos da companhia e ajudará para que ela enfrente com sucesso "um cenário de preços mais baixos do petróleo no longo prazo".

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“Os programas de desligamento voluntário foram elaborados com a preocupação principal de respeitar o direito de livre escolha de nossos colaboradores. O resultado do PDV 2019 foi extremamente positivo, com 94% de adesão", disse o executivo, que já afirmou que a Petrobras está sendo preparada para viver com o petróleo abaixo de US$ 25 .

Segundo ele, dos 10.053 empregados elegíveis, 9.405 se inscreveram no PDV 2019. Consolidando os demais programas, foram 10.082 inscrições.

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Além de reduzir custos com pessoal, a Petrobras quer diminuir seu endividamento, com a venda de ativos, entre eles, oito refinarias.

Na quinta-feira, representantes do Congresso entraram com um pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF)  para bloquear a venda das refinarias. Segundo eles, empresas como a Petrobras têm criado artificialmente subsidiárias — ou seja, braços do negócio principal —  para, na prática, vender aos poucos a empresa-mãe. O processo é conhecido como "privatização branca".

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Nos últimos meses, a estatal anunciou corte de produção e redução de jornada e adiamentos de bônus e dividentos .

Os programas de desligamento

Com os programas de desigamento, somados à venda das oito refinarias, a Petrobras pretende enxugar seu quadro de pessoal dos atuais 46,6 mil empregados para cerca de 30 mi l.

Além do PAI, programa de desligamento voltado aos empregados aposentáveis com vigência até 31 de dezembro de 2023, a companhia implementou três outros PDVs:

  • PDV 2019 destinado aos aposentados pelo INSS até a data de promulgação da PEC 133 de 2019;
  • PDV específico para empregados lotados em ativos/unidades em processo de desinvestimento;  e
  • PDV exclusivo para os empregados que trabalham no segmento corporativo da empresa.

O PDV 2019, programa que detém o maior número de funcionários elegíveis, foi o primeiro a encerrar o ciclo de inscrições no dia 30 do mês passado.

A Petrobras ressalta que o impacto esperado das indenizações no caixa da companhia não será imediato em 2020, mas sim diluído ao longo dos próximos três anos.

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Isso porque, segundo a empresa, no PDV 2019, existem categorias com saída prevista em até 24 meses, o que diluirá os desligamentos ao londo do tempo.

Além disso, a companhia optou por diferir o pagamento das indenizações em duas parcelas, sendo uma no momento do desligamento e a outra em julho de 2021 ou um ano após o desligamento.