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Economia Coronavírus

Plano do BNDES para aéreas deve ser de R$ 10 bilhões

Setor é prioritário. Iniciativa se soma ao pacote de R$ 55 bi para pequenas e médias empresas. Objetivo é preservar empregos
Aeroporto de Congonhas vazio retrata a crise que enfrenta o setor aéreo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Aeroporto de Congonhas vazio retrata a crise que enfrenta o setor aéreo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

SÃO PAULO - O plano de ação do BNDES para companhias aéreas deve chegar a R$ 10 bilhões . O setor é considerado prioritário e um dos mais afetados pela crise . Os valores devem ser anunciados nos próximos dias. Ao anunciar um conjunto de iniciativas de R$ 55 bilhões para aliviar o caixa das empresas e ampliar os recursos disponíveis para capital de giro de firmas de pequeno e médio porte, o banco informou no último domingo que trabalha em uma série de ações setoriais, que incluem ainda bares, restaurantes e hotéis .

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O banco deve fornecer crédito para pagamento de salários e despesas operacionais durante a quarentena. O presidente do banco, Gustavo Montezano, ressaltou no último domingo que os recursos precisam ser empregados em operações brasileiras.

O dinheiro público, contudo, não poderá ser usado para quitar empréstimos a outros bancos nem para garantir ou pagar o aluguel de aeronaves. O objetivo do BNDES é preservar empregos e manter as empresas de pé para terem condições de voltar ao patamar pré-crise logo assim que a pandemia perder fôlego. A regra para a distribuição dos recursos entre as companhias ainda não está definida.

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Segundo a Abear, a associação das companhias aéreas, a procura por passagens em rotas domésticas para a semana entre 22 e 28 deste mês caiu 75% frente ao mesmo período de 2019. Em voos internacionais, o tombo foi maior: 95%.

Com a demanda por passagens aéreas em queda livre, desde a semana passada, Azul, Gol e Latam reduziram a oferta de voos em mais de 60%. Ontem a VoePass, resultado da fusão entre Passaredo e MAP, suspendeu 100% dos voos e deu licença remunerada aos funcionários.

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Para executivos do setor, a intenção do BNDES de ajudar as companhias aéreas é bem-vinda, mas ainda tímida frente aos enormes desafios, que devem se estender por meses após o fim da pandemia.

— Não estamos enfrentando problemas de gestão, e sim os efeitos colaterais de uma guerra contra o vírus — diz o presidente da Azul, John Rodgerson, lembrando que o governo americano prometeu na semana passada injetar US$ 50 bilhões nas aéreas do país.

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Davi Goldberg, sócio-fundador da consultoria Terrafirma, especializada no setor, ressalta que o medo de viajar não vai acabar imediatamente após o fim da pandemia:

— Novas medidas são necessárias, não apenas para as companhias aéreas, mas para reequilibrar contratos de aeroportos concedidos.

Procurados, BNDES, Gol e Latam não comentaram.