Economia Portugal

Portugal atrai imigrantes para o interior. Confira um guia de cidades e a experiência de brasileiros

Governos de cidades distantes do litoral criam incentivos para atrair investidores e profissionais. Na região central, brasileiros já são 25% dos estrangeiros
Paisagem de Castelo Branco, no interior de Portugal Foto: Divulgação
Paisagem de Castelo Branco, no interior de Portugal Foto: Divulgação

LISBOA E CASTELO BRANCO — O primeiro movimento da atual onda de brasileiros se mudando para Portugal foi em busca de segurança, serviços públicos de qualidade e oportunidades de trabalho e negócios nas principais cidades, como Lisboa e Porto, e no litoral.

A pandemia chama a atenção agora para uma nova rota de imigração: o interior do país. Sem a pressão da especulação imobiliária e escassez de empregos das grandes cidades, cada vez mais brasileiros descobrem a possibilidade de ter amplo espaço para trabalhar e viver com mais qualidade e menos custos no coração de Portugal.

O GLOBO percorreu alguns desses pequenos oásis despovoados que desenvolvem estratégias econômicas para atrair e manter empreendedores e profissionais em meio a um novo plano do governo português para atacar o crônico problema demográfico do país e ajudar a recuperação da econômica no pós-pandemia. Leia aqui a íntegra da reportagem exclusiva para assinantes do GLOBO.

Quer viver, trabalhar e empreender em Portugal? Confira os incentivos para você fazer isso no interior

O governo central e as prefeituras de pequenas cidades portuguesas criaram uma série de incentivos para atrair negócios, investidores e profisisonais
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial de Portugal, percorre cidades do interior do país: uma série de incentivos foram criados para repovoar regiões distantes do litoral Foto: Divulgação
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial de Portugal, percorre cidades do interior do país: uma série de incentivos foram criados para repovoar regiões distantes do litoral Foto: Divulgação

LISBOA E CASTELO BRANCO — Cada vez mais brasileiros descobrem a possibilidade de ter amplo espaço para trabalhar e viver com mais qualidade e menos custos no interior de Portugal em vez de viver como imigrantes em grandes cidades como Porto e Lisboa.

E um atrativo a mais para ir para as pequenas cidades é o fato de elas desenvolverem uma série de estratégias econômicas para atrair e manter empreendedores e profissionais. Em consonância com um novo plano do governo português para atacar o crônico problema demográfico do país e ajudar a recuperação da economia no pós-pandemia, muitas prefeituras oferecem incentivos para receber empreendedores e trabalhadores.

Mas a situação pode ser difícil para quem chega sem emprego certo ou tenta empreender nas áreas de turismo e gastronomia sem reserva financeira. Leia a reportagem completa para saber mais sobre os incentivos do governo português e das prefeituras locais para atrair negócios, investidores e profisisonais.

'Há qualidade de vida no interior de Portugal, faltam pessoas. É o momento de os brasileiros virem’, diz ministra do país

À frente da pasta da Coesão Territorial, que tenta revitalizar cidades portuguesas do interior, Ana Abrunhosa explica ao GLOBO por que quer atrair mais empreendedores e profissionais do Brasil
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial de Portugal Foto: Divulgaçãp
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial de Portugal Foto: Divulgaçãp

LISBOA - A pandemia chamou a atenção para uma nova rota de imigração em Portugal: o interior do país.

Titular do Ministério da Coesão Territorial, que se empenha em revitalizar o interior de Portugal, Ana Abrunhosa quer atrair mais brasileiros para pequenas cidades no país.

Em entrevista ao GLOBO, a ministra diz que tem havido uma grande procura pelas medidas de apoio que visam a levar mais pessoas e empresas para o interior do país.

"Diria aos brasileiros que é o momento de virem, porque as prefeituras têm medidas de apoio para habitação, e o governo apoia o investimento.

Os brasileiros sentirão segurança no interior com suas famílias, com boas escolas, de nível internacional, e boa estrutura de saúde", afirmou Abrunhosa. Confira a entrevista completa que a ministra portuguesa concedeu ao GLOBO.

Conheça os atrativos de Castelo Branco, ninho de empresas inovadoras

Na pequena cidade de 56 mil habitantes, a paisagem rural convive com indústria e empreendedorismo no mundo digital sem frontreiras definidas
O Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco Foto: Gian Amato
O Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco Foto: Gian Amato

CASTELO BRANCO, PORTUGAL - O mineiro João Mafra desbravou o mundo digital na pandemia a partir do seu escritório alugado por € 30.

Valor tão baixo só foi possível porque a sala está localizada em Castelo Branco, cidade de 56 mil habitantes do Centro de Portugal, e graças ao apoio dado pelo Centro de Empresas Inovadoras (CEI) da prefeitura local.

Enquanto as lojas físicas fechavam as portas ao redor do globo, o empreendedor brasileiro abria uma plataforma de comércio on-line para venda de calçados a partir do interior de Portugal. Saiu do zero para um faturamento de € 250 mil em três meses.

A história de Mafra ilustra a agilidade e receptividade dos programas da prefeitura para atrair e reter jovens talentos em um território castigado pelo envelhecimento da população. Saiba mais sobre Castelo Branco e suas oportunidades de trabalho, leia a reportagem completa .

Região do Fundão aposta no ‘agrotec’ e atrai empreendedores

Mercado de trabalho na região se transforma com o impacto da tecnologia nas tarefas do campo
David Carvalho: de um escritório em São Paulo para o
David Carvalho: de um escritório em São Paulo para o "agrotec" Foto: Divulgação

FUNDÃO, PORTUGAL - Um dos pequenos municípios portugueses que vem conseguindo atrair empreendedores e profissionais é Fundão, onde a paisagem muda radicalmente de acordo com as estações.

As encostas são pintadas de branco no início da primavera e o visual ilude o visitante desavisado, como se as árvores fossem polvilhadas por flocos de neve. Mas é na verdade o espetáculo natural das cerejeiras em flor. Ali, investe-se em tecnologia para lucrar com o agronegócio.

Com as mudanças no campo, chegam empreendedores brasileiros como David Carvalho. Ele é sócio da Lusobrasileira Veracruz, empresa que investiu € 50 milhões na plantação de mais de três milhões de amendoeiras em dois mil hectares de terrenos no Fundão e no município vizinho de Idanha-A-Nova.

Ele trocou o ramo de tecnologia em São Paulo por uma plantação de amendoeiras no interior de Portugal, onde vai aplicar o seu conhecimento no que tem sido chamado de "agrotec", a agricultura potencializada pela tecnologia.

Para saber mais, confira a íntegra da reportagem exclusiva para assinantes do GLOBO.

Covilhã tem custo baixo para pequenos negócios

Cidade tem entre os principais atrativos a Universidade da Beira Interior. Dos oito mil alunos, 10% são brasileiros
Leonardo Araújo:
Leonardo Araújo: "Dá para viver com € 500 por mês no interior" Foto: Gian Amato

COVILHÃ, PORTUGAL— Caminho para a famosa e gélida Serra da Estrela, a Covilhã tem entre os principais atrativos a Universidade da Beira Interior (UBI). Dos oito mil alunos, 10% são brasileiros, que têm no visto de estudante uma porta de entrada para Portugal.

Foi depois de ir cursar um mestrado na UBI e se envolver com a cidade que Leonardo Araújo convenceu seu pai a empreender na Covilhã. Ele estuda arquitetura e o pai é sócio da Casa do Braille, especializada em sinalização tátil e acessibilidade cultural em eventos e monumentos. A empresa acaba de assinar o primeiro contrato por lá.

Próximo de uma das peças de arte urbana que fazem da cidade um museu a céu aberto está o café Brasil Uai, do dentista mineiro aposentado Alisson Cassemiro. Ele foi para Portugal acompanhar a filha, estudante de medicina na UBI e acabou abrindo um café diante dos custos baixos de aluguel e impostos.

Quer saber mais sobre as oportunidades em Corvilhã, leia a reportagem completa .

Póvoa do Lanhoso dá mais espaço para quem pode trabalhar de qualquer lugar

Póvoa do Lanhoso dá mais espaço para quem pode trabalhar de qualquer lugar

Conhecida como a Cidade do Ouro, Póvoa do Lanhoso virou um eldorado para empreendedores a 70 quilômetros do Porto
Otávio Cyranka e Marina Perin em Póvoa do Lanhoso: trabalho remoto Foto: Karina Dantas/Divulgação
Otávio Cyranka e Marina Perin em Póvoa do Lanhoso: trabalho remoto Foto: Karina Dantas/Divulgação

LISBOA - Um pouco mais acima no mapa de Portugal, no norte do país, a desconhecida Póvoa do Lanhoso, na região de Braga, foi descoberta por um casal de brasileiros nestes tempos de confinamento.

Conhecida como a Cidade do Ouro, devido ao ofício desenvolvido há séculos ali pelos ourives locais, o município a 70 quilômetros do Porto virou um eldorado para a consultora imobiliária Marina Perin e seu marido, o advogado Otávio Cyranka, em plena pandemia.

Os brasileiros trocaram um aluguel de  € 550 por um apartamento de 40 metros quadrados no Porto por uma cada de três quartos e escritório de 120 metros quadrados nessa cidade tão tranquila. E pagando menos. Conheça a experiência deles lendo a íntegra da reportagem .

*Especial para O Globo