Economia Petrobras

Presidente da Petrobras diz que não se sente pressionado pelo aumento de combustíveis; estados congelam ICMS para segurar preços nas bombas

Para Joaquim Silva e Luna "existe um grande desconhecimento por parte da sociedade" sobre o que Petrobras pode e não pode fazer
O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna Foto: Reprodução/Bruno Rosa
O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna Foto: Reprodução/Bruno Rosa

RIO — O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que não se sente pressionado pelos aumentos nos preços dos combustíveis. Ontem, a estatal divulgou lucro líquido de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre. Nesta sexta-feira, em meio a pressões e ameaças de greve de caminhoneiros, os estados anunciaram que vão congelar o ICMS que incide sobre os preços cobrados nos postos, numa tentativa de amenizar os repasses para os consumidores das altas da Petrobras nas refinarias.

Em coletiva de imprensa virtual, o presidente da estatal  lembrou que  "tudo que impacta a sociedade, impacta a empresa". Voltou a falar que o acionista majoritário, o governo federal,  recebe os dividendos  e decide como empregar esses recursos em políticas públicas. Após antecipar R$ 63,4 bi em dividendos, a estatal prevê pagamento ainda maior a acionistas no 4º trimestre.

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— Participamos de algumas conversas na forma de como o Congresso e o governo podem encontrar soluções para apoiar os mais necessitados com o recursos que entregamos. O congresso e o governo estão estudando soluções que vão desde o colchão para amortecer esses preços, o vale-gás, o vale-caminhoneiro.

E complementa:

— A Petrobras está atenta a isso. No sentido de se sentir pressionado, não. Mas eu recebo todos esses  impactos e vejo como a Petrobras pode ser mais sensível ao que está acontecendo — disse Luna.

O executivo, que disse que a empresa não persegue lucro por lucro , voltou a falar que a Petrobras "não controla" os preços do petróleo, que foram afetados pelo efeito da pandemia. Afirmou ainda que existem no Brasil leis que estabelecem como a Petrobras deve atuar.

— Como gestores públicos, não podemos atuar fora da lei. As maiores contribuições que a empresa pode dar à sociedade são os pagamentos de tributos e dividendos. Devolvemos o lucro da empresa à sociedade por meio de dividendos.

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Para ele, "existe um grande desconhecimento por parte da sociedade" sobre o que Petrobras pode e não pode fazer por limitações legais.

— Somos sensíveis a tudo particularmente  com relação às famílias mais carentes.  Sofremos quando temos que informar o aumento dos preços de um combustível ou outro. E só fazemos isso no limite da necessidade para evitar o desabastecimento, já que temmos uma grande importação de derivados — afirma o presidente da estatal.

E concluiu:

— Não estamos insensíveis a isso. No entanto, não podemos fazer políticas públicas. Temos responsabilidade social e somos sensíveis sim a tudo isso, mas temos que cumprir a lei.

Mourão nega 'lucro alto'

Mais tarde, no Palácio do Planalto, o vice-presidente Hamilton Mourão não quis repetir a crítica do presidente Jair Bolsonaro na quinta-feira sobre o tamanho lucro da empresa. Segundo ele, o sucesso da Petrobras está no mesmo nível que o de outras petroleiras ao redor do mundo.

— Você olha o lucro da Petrobras, tá dentro daquilo que as empresas estão faturando hoje, não é uma questão que esteja muito alto. É uma realidade que a gente está enfrentando. Daqui a pouco cai o preço do barril e o lucro diminui — disse.

Ao comentar sobre a declaração de Luna, o vice-presidente concordou que a empresa, entretanto, tem alguma responsabilidade social.

— Eu vi muito rapidamente a questão, a Petrobras teve um bom lucro, mas ele deixou claro que a empresa não trabalha única e exclusivamente o lucro pelo lucro. A Petrobras ainda por ser uma empresa que pertence em parte ao estado, ela tem uma responsabilidade social — afirmou.