Economia

Presidente do BB busca 'saída honrosa' para contornar impasse com a Febraban

Fausto Ribeiro organizou reunião por vídeo conferência com representantes dos grandes bancos privados e com o presidente da Caixa na tentativa de acalmar os ânimos
Agência do Banco do Brasil: banco quer deixar a Febraban Foto: Marcelo Camargo / Agência O Globo
Agência do Banco do Brasil: banco quer deixar a Febraban Foto: Marcelo Camargo / Agência O Globo

BRASÍLIA – Pressionado pela repercussão negativa sobre a ameaça de saída da Federação Nacional de Bancos (Febraban), o presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, passou a buscar uma saída honrosa para contornar o impasse, que envolve também a Caixa Econômica Federal.

Os bancos públicos discordaram da decisão da Febraban de aderir a um manifesto em defesa da democracia e de estabilidade institucioanal com harmonia entre os Três Poderes organizado pela  Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que acabou adiando a sua divulgação. O teor do comunicado, no entanto, vazou.

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Na noite de segunda-feira, Ribeiro conversou com executivos dos maiores bancos privados do país por meio de uma videoconferência em mais uma tentativa de demover a Febraban de assinar o manifesto. Seria positivo para o governo e os bancos públicos continuariam na entidade.

Ele também convidou o presidente da Caixa,  Pedro Guimarães, na tentativa de acalmar os ânimos. Próximo do presidente Jair Bolsonaro, ele foi o que mais se irritou com a decisão da Febraban e buscou apoio de Ribeiro para pressionar a entidade com a ameaça de desfiliação.

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Segundo interlocutores a par das negociações, os banqueiros se mostraram desconfortáveis com a situação e atribuíram o problema a falhas de comunicação entre a Febraban e os bancos, que teriam ocorrido de forma individualizada.

A avaliação é de que a minuta do manifesto é inofensiva ao governo. Contudo, o  plano é não deixar o problema render, segundo um interlocutor do governo.

A saída honrosa - para o governo - que Ribeiro busca tem como argumento o de que todos perderão se a Febraban insistir na ideia. Caso Caixa e BB se desfiliem, o orçamento da entidade ficará prejudicado com uma redução na arrecadação com a taxa de associação de cerca de 22,5%.

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Além disso, não interessaria aos grandes bancos enfraqueceram a Febraban, no momento em que precisam unir forças para enfrentar a concorrência com Fintechs e meios de pagamento cada vez mais modernos.

Caso as negociações avancem, o BB deve se manter como associado da Febraban e possivelmente, a Caixa também, disse uma fonte a par do assunto. O Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Nordeste (BNB) também são filiados e não cogitam deixar a Febraban.

O adiamento da divulgação do manifesto para depois do feriado de 7 de setembro foi decidido pela Fiesp após a intervenção do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A adesão da Febraban ao manifesto provocou a ira do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, que buscou apoio de Ribeiro.