Economia

Presidente do BNDES classifica de 'esdrúxula' crítica de que banco estaria represando crédito

Maria Silvia Bastos Marques diz que objetivo é que metade dos projetos sejam aprovados em até 180 dias

Maria Silvia Bastos Marques, presidente do BNDES. Fotografa : Luciana Whitaker/Valor
Maria Silvia Bastos Marques, presidente do BNDES. Fotografa : Luciana Whitaker/Valor

RIO - A presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, classificou como “esdrúxula” a crítica que o banco vem recebendo por supostamente estar represando crédito. E reforçou que o banco vem mudando procedimentos para simplificar e agilizar o acesso a financiamentos. O objetivo é que 50% dos projetos que entrarem no banco este ano sejam aprovados em até 180 dias. A média hoje está em 400 a 600 dias.

— O banco está fazendo o seu papel. Nós somos um banco de desenvolvimento. Imaginar que o presidente de um banco de desenvolvimento quer segurar crédito me parece uma coisa bastante esdrúxula. Pelo contrário. Vocês sabem que estamos trabalhando para agilizar, simplificar o acesso.

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O banco vem recebendo críticas de que estaria sendo muito rigoroso para liberar crédito. No ano passado, os desembolsos do BNDES somaram R $ 88, 3 bilhões, queda de 35%. Maria Silvia vem argumentando que a queda deve-se ao momento por que passa a economia. Com a pior recessão em décadas, o apetite por empréstimos das empresas vem caindo.

— O banco continua trabalhando com sua prudência bancária, trabalhamos com recursos públicos (...). Não acho que sejamos mais rigorosos. Temos regras muito claras, muito transparentes. Os desembolsos do banco não têm a ver com as aprovações naquele ano. Já  vi projetos levarem dois mil dias para serem aprovados. A média é de 400 a 600 dias. Estamos trabalhando para reduzir essa média para 180 dias - disse a presidente do BNDES.

Ela frisou que, no primeiro bimestre, foi desembolsado  R $ 1, 5 bilhão em capital de giro.
Maria Silvia também comentou rumores de que ela seria candidata à presidência  da Vale, para substituir Murilo Ferreira.

— Cheguei ( a ser convidada), sabe quando? Quando eu tava na CSN e a empresa participou do consórcio vencedor (na privatização da Vale, em 1997). O Benjamin (Steinbruch, cuja família controla a CSN) me convidou, mas preferi ficar na CSN. Fui do Conselho da Vale naquela época. Já tive minha participação na Vale.

'PREMATURO' para BNDES falar sobre Carne Fraca

Quanto à Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que investiga corrupção em frigoríficos, Maria Silvia disse que está acompanhando a operação mas que ainda "é prematuro" para que o banco se posicione. Ela afirmou que não há qualquer financiamento em análise no banco para as empresas investigadas.

E minimizou a queda das ações dos grandes frigoríficos. O BNDES tem participacao relevante em JBS e Marfrig. No primeiro, que é investigado pela PF, o banco tem 21,3% do capital. Entre 2007 e 2010, o banco injetou quase R$ 5 bilhões na companhia via compra de ações ou subscrição de debêntures (títulos da dívida).

O Marfrig não está sendo investigado pela PF,  mas vem sofrendo com a desvalorização dos papéis nos últimos dias. O BNDES tem 32,54% das ações da empresa.

— Ações oscilam na Bolsa. Vão e voltam —  disse Maria Silvia.

No caso da BRF, que também é investigada pela PF, o BNDES é credor. O banco apoiou a operação de fusão da Perdigão com a Sadia em 2009 com R$ 400 milhões.

A presidente do banco disse ainda que vai avaliar o plano de recuperação judicial da Oi antes de se posicionar sobre o assunto.