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Economia

Pronampe: Novos R$ 25 bilhões devem estar disponíveis em até três semanas, diz secretário

Em entrevista ao GLOBO, Carlos da Costa diz que, apesar dos juros mais altos, as condições ainda serão boas para as pequenas empresas
O secretário Carlos da Costa acredita que não será necessário fazer um novo aporte de recursos no Pronampe Foto: Valor Econômico / Agência O Globo
O secretário Carlos da Costa acredita que não será necessário fazer um novo aporte de recursos no Pronampe Foto: Valor Econômico / Agência O Globo

BRASÍLIA — A nova rodada de crédito do Pronampe, programa voltado para micro e pequenas empresas, deve estar disponível nos bancos em até três semanas, de acordo com o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa. O projeto que disponibilizará até R$ 25 bilhões foi sancionado na quarta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro.

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Em entrevista ao GLOBO, o secretário explicou que o governo deve aportar R$ 5 bilhões no Fundo Garantidor de Operações (FGO) na próxima semana, que vão servir como garantia para empréstimos. Já os bancos devem levar mais 15 dias para disponibilizar o dinheiro para as empresas, porque ainda estão adaptando os sistemas. Estima-se que mais R$ 20 bilhões sejam emprestados a partir de recursos das próprias instituições financeiras.

— Acredito que os bancos vão ser mais rápidos, estão correndo até porque querem ser os primeiros a atender os clientes. A gente estimula porque sabe que os recursos precisam chegar logo para as empresas — disse o secretário.

Setor de eventos

Com o novo Pronampe, o governo vai garantir apenas 20% das perdas da carteira de crédito e não 85% como na primeira versão. De acordo com Carlos da Costa, essa mudança não deve fazer com que o crédito retraia.

— Na primeira etapa, as instituições financeiras precisavam de uma garantia muito alta, de 85%, porque elas tinham muito medo de emprestar para a pequena empresa. Com os resultados do primeiro Pronampe, os bancos perceberam que é um ótimo negócio, que o risco não é tão alto assim e que as empresas estão construindo crédito — explicou.

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Um dos efeitos da diminuição na garantia foi um aumento de juros no programa. Como os bancos estão mais expostos a risco, o governo, em acordo com o Congresso, concordou em subir taxas de 1,25% ao ano mais a taxa básica de juros, a Selic, (atualmente em 3,5%) para um limite de 6% ao ano mais a Selic.

O secretário defende que, apesar do aumento, os juros continuam baixos e “muito atraentes”:

— A taxa média, hoje, para micro e pequena empresa é de 35% ao ano. Então, o Pronampe traz uma taxa superatraente, uma das menores do mundo para micro e pequenas empresas.

A nova versão do Pronampe ainda prevê uma reserva de 20% do valor da garantia para empresas do setor de eventos, que foi muito afetado pela crise causada pela Covid-19.

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Outra mudança é o aumento do prazo de pagamento de 36 meses para 48 meses para as empresas que participaram da primeira versão do Pronampe.

Com essas alterações e os R$ 25 bilhões que devem ser disponibilizados, o secretário Carlos da Costa acredita que não será necessário fazer um outro aporte de recursos. No entanto, ele diz que, se houver um agravamento da crise, o governo vai estudar a possibilidade.

— Se, em virtude da crise, a demanda aumentar, aí vamos ter que fazer novos estudos para considerar o impacto fiscal disso, se o Tesouro suporta e se realmente é necessário. Mas achamos que vai ser suficiente — ressaltou.

Histórico de crédito

Segundo o secretário, o Pronampe mudou o mercado de crédito ao permitir que pequenas empresas, que talvez nunca tenham conseguido tomar empréstimos antes, construíssem um histórico.

— Ao se mostrarem boas pagadoras, elas vão poder ter acesso ao mercado do qual estavam alijadas. É um marco porque o maior problema para as micro e pequenas empresas era a falta de crédito, pois não tinham histórico — afirmou.