RIO - Duas semanas depois do feriado do Ano Novo Lunar e do avanço do coronavírus na China , está cada vez mais evidente que o impacto sobre sua economia se espalhará para o resto do mundo .
As províncias mais atingidas e que representam 69% do PIB do gigante asiático, permanecerão com suas fábricas, lojas e restaurantes fechados, deixando navios parados no porto e afetando os gastos das famílias.
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Na sexta-feira, a fabricante chinesa de iPhones Foxconn orientou seus funcionários de Shenzhen, a não retornarem ao trabalho na segunda-feira, após a folga estendida do Ano Novo Chinês.
As restrições de viagens limitam o movimento de mais de 48 milhões de pessoas com o centro crucial de fabricação e logística de Wuhan - o epicentro do vírus e o mais impactado.
Centenas de grandes fabricantes tiveram seus links para a cadeia de suprimentos global cortados. A Robert Bosch, maior fabricante de autopeças do mundo, teve que fechar duas fábricas que empregam um total de 800 pessoas em Wuhan. Outros fabricantes de autopeças, incluindo Honda e Nissan, também fecharam suas instalações em Wuhan.
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E a interrupção se espalha a partir daí. As principais províncias costeiras de exportação sofrem uma pausa prolongada e as empresas de todo o país estão tomando precauções para conter a propagação do vírus.
A China é o maior exportador de bens intermediários manufaturados (insumos) que podem ser revendidos entre indústrias ou usados para produzir outras coisas, por isso seus problemas repercutem rapidamente nas cadeias de suprimentos globais. De fato, a dependência global desses produtos dobrou para 20% entre 2005 e 2015.
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A cadeia de suprimentos asiática - que importa cerca de 40% de seus bens intermediários da China - tem a maior exposição, de acordo com análise da Bloomberg Economics baseada nos dados detalhados mais recentes divulgados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Os EUA importaram cerca de 10% dos bens intermediários das fábricas chinesas.
"Encontrar suprimentos alternativos será particularmente difícil para produtos nos quais a China é um fornecedor dominante globalmente", disse a economista da Bloomberg, Maeva Cousin.
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Mesmo em um cenário de contenção, o crescimento do PIB da China no primeiro trimestre pode cair para 4,5% na comparação ano a ano, de acordo com uma análise de economistas da Bloomberg. Isso seria uma queda de 6% no último trimestre de 2019 e o menor desde o iníco da série histórica, em 1992.
A economia chinesa hoje representa cerca de 17% do PIB global e é o maior parceiro comercial da maioria de seus vizinhos. Os mais dependentes são os mais atingidos. A economia já em dificuldades de Hong Kong enfrenta uma queda de 1,7 ponto percentual no primeiro trimestre, de acordo com a Bloomberg Economics.
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A Coréia do Sul e o Vietnã - que se beneficiam do turismo chinês e das cadeias de suprimentos incorporadas - sofreriam uma retração de 0,4 ponto percentual no crescimento no curto prazo. Austrália e Brasil, ambos exportadores de commodities para a China, ambos podem ter um crescimento 0,3% abaixo do que seria sem o vírus.
Embora os formuladores de políticas e os CEOs digam que é muito cedo para avaliar o impacto total, está ficando cada vez mais claro que o golpe será global. A Nike fechou cerca da metade de suas lojas próprias na China e espera um impacto "material" do vírus. A Starbucks fechou cerca de 2.000 de seus cafés e a Apple diz que sua cadeia de suprimentos será afetada.
O que acontecerá em seguida dependerá da rapidez com que o vírus for contido.