Economia

Recuperação judicial da Livraria Cultura envolve dívidas de R$ 285 milhões

Advogados também pediram destravamento de contas bancárias

Livraria Cultura no Conjunto Nacional, em São Paulo
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Marcos Alves
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Agência O Globo
Livraria Cultura no Conjunto Nacional, em São Paulo Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

SÃO PAULO - O pedido de recuperação judicial da Livraria Cultura, protocolado na Justiça de São Paulo nesta quinta-feira, envolve dívidas de cerca de R$ 285 milhões. A advogada Fabiana Solano, sócia da área de insolvência e reestruturação de dívidas do escritório Felsberg, que representa a empresa, informou que com fornecedores os atrasos chegam a R$ 92 milhões; outros R$ 65 milhões são devidos a bancos e mais R$ 25 milhões em alugueis e fornecedores indiretos. Nesse valor também está a dívida herdada da Fnac e débitos trabalhistas.

Os advogados Cultura também entraram nesta quinta-feira com uma petição para liberação das contas bancárias da empresa, que foram travadas com recursos de vendas feitas através de cartão de crédito. Segundo a advogada Fabiana Solano, as vendas com cartão de crédito representam 70% do faturamento da companhia. Pelo menos seis bancos haviam travado esses recursos.

- Sem esses recursos a situação da Cultura piora. Precisamos dessa liberação para melhorar o fluxo de caixa da empresa - disse a advogada.

Segundo o jornal "Valor Econômico", a Livraria Cultura está no vermelho há dois anos e o faturamento de 2016 ficou próximo ao de 2013 - R$ 420 milhões.

O pedido de recuperação judicial entrou na 2ª Vara de Falências e Recuperações do Tribunal de Justiça de São Paulo nesta quinta. O juiz responsável pelo caso é Marcelo Sacramone. Segundo a advogada, o pedido foi aceito pela Justiça e a empresa apresentará agora seu plano de recuperação.

Em nota divulgada na noite de ontem, a Cultura informou que após iniciar, há três meses, um duro programa de ajustes, com fechamento de lojas de baixo resultado, demissão de funcionários e corte de despesas, optou também pela recuperação judicial.

"As incertezas do cenário econômico brasileiro e, dentro dela, a crise do mercado editorial, que encolheu 40% desde 2014, fez com que a Livraria Cultura passasse a enfrentar dificuldades, também. Infelizmente, após quatro anos de recessão, o cenário geral no país não apresenta sinais claros de melhoria", diz a nota.

Com a decisão, a Cultura espera normalizar seus pagamentos com fornecedores, preservando a saúde da empresa criada em 1947, com a manutenção de empregos.