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Economia Reforma tributária

Reforma do Imposto de Renda: Lira tem pressa, mas líderes da Câmara querem discussão até agosto

Deputados elogiam mudanças, mas cobram mais alterações
Arthur Lira tem pressa na aprovação do projeto de lei que trata da reforma do IR Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Arthur Lira tem pressa na aprovação do projeto de lei que trata da reforma do IR Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

BRASÍLIA — Líderes dos partidos na Câmara dos Deputados avaliam que o parecer da reforma do Imposto de Renda, apresentado nesta terça-feira pelo deputado Celso Sabino (PSDB-PA), trouxe avanços em relação ao texto original. Eles defendem, por outro lado, um amplo debate sobre o projeto, que somente deverá ser votado em agosto.

O relatório corta pela metade o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), de 25% para 12,5% — o corte de 10 pontos percentuais será em 2022 e o restante em 2023.

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), elogiou o texto de Sabino e chegou a dizer que o projeto poderia ser votado já nesta semana .

O líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões Jr (AL), reconheceu que o relator tornou a proposta mais “palatável”, ao enxugar a proposta do Executivo. Contudo, ele afirmou que ainda é cedo para dizer se o projeto vai ser aprovado.

— Isso (o projeto) sepulta uma ampla reforma tributária, ao restringir a discussão à questão do Imposto de Renda e Contribuição sobre Bens e Serviços (unificação do PIS/Cofins). Não resolve o problema nos estados e municípios e a insegurança jurídica permanece — disse o deputado.

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O líder do Cidadania, Alex Manente (SP), também defendeu mais dabates.

— O texto enviado pelo governo era muito ruim. O relatório reduz a carga tributária sobre o setor produtivo, mas precisamos nos aprofundar mais para entender a proposta – disse o líder do Cidadania.

Para o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), o relator tentou melhorar a proposta ao reduzir a carga tributária para empresas, limitar a cobrança de dividendos sobre a distribuição de dividendos às operações entre empresas e pessoas físicas e retirar do texto a tributação sobre fundos de investimentos imobiliários.

Editoria de Arte Foto: O GLOBO
Editoria de Arte Foto: O GLOBO

— No entanto, o problema da taxação de profissionais liberais, como advogados e médicos, persiste — disse Ramos.

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Para o vice-líder do Podemos, deputado José Nelto (GO), apesar dos esforços do relator, a chance da proposta ser aprovada pela Câmara em ano pré-eleitoral é mínima. Mesmo com os ajustes, o projeto representará aumento de carga para as empresas e a classe média.

— Nós do Podemos vamos trabalhar duro contra essa proposta no plenário, apesar do empenho do presidente da Câmara, Arthur Lira — destacou o parlamentar.

O líder do DEM, Efraim Filho (PB), por outro lado, disse acreditar que a reforma será aprovada.

— Proposta foi bem recebida. Trouxe simplificação, deixou alguns temas polêmicos pra trás, e mudanças que representam redução real da carga tributária — disse.

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Para Emerson Casali, diretor de Relações Institucionais da CBPI Produtividade, um dos organizadores da carta assinada por 120 entidades ao presidente da Câmara contra a proposta do Executivo, o parecer trouxe maior equilíbrio.

Porém, manteve o peso da carga tributária para pequenos e médios empreendedores e profissionais liberais.

— As empresas de lucro real e as de lucro presumido terão redução no Imposto de Renda e seus dividendos tributados. No caso do Simples, não haverá essa redução da parte correspondente ao Imposto de Renda que compõe a alíquota, só a adição dos 20% sobre os dividendos — disse.