Economia

Sem chips para a produção, Mercedes-Benz dá férias a 5.600 por 15 dias

Medida afeta montagem de ônibus e caminhões, e metalúrgicos do ABC paulista cobram do governo política industrial urgente para sanar déficit no abastecimento de componentes eletrônicos no país
Linha de montagem de caminhões da Mercedes-Benz, que dá férias coletivas na segunda quinzena de abril por falta de chips para a produção Foto: Divulgação
Linha de montagem de caminhões da Mercedes-Benz, que dá férias coletivas na segunda quinzena de abril por falta de chips para a produção Foto: Divulgação

SÃO PAULO - Sem chips e outros componentes eletrônicos para a produção de veículos comerciais, a Mercedes-Benz anunciou nesta segunda-feira que vai colocar em férias coletivas 5 mil trabalhadores de sua fábrica em São Bernardo do Campo, São Paulo, onde produz caminhões, chassis de ônibus e agregados (câmbios, motores e eixos). Os metalúrgicos ficarão parados entre 18 de abril e 3 de maio, segundo a montadora.

Também serão colocados em férias neste perído 600 trabalhadores que atuam na fabricação de cabinas de caminhões, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Conforme a Mercedes-Benz, esse é mais um "ajuste" que promove na sua produção, dentro de uma série de alternativas que tem adotado "junto à cadeia brasileira de suprimentos e ao Daimler Truck mundialmente para enfrentar os desafios diários de abastecimento de peças, situação que afeta toda a indústria global".

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC lembrou que a montadora já havia colocado cerca de 1,2 mil trabalhadores em férias coletivas em março, por problemas na cadeia de fornecimento de peças. Conforme o sindicato, em sua planta de São Bernardo a Mercedes mantém cerca de 6 mil trabalhadores na linha de produção.

- Com isso, todo o processo de produção ficará parado neste período. Novamente haverá interrupção dos processos de contratações - disse o coordenador do comitê sindical na Mercedes-Benz, Sandro Vitoriano, por meio de mensagem transmitida pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

No texto, o diretor executivo do sindicato Aroaldo Oliveira da Silva destaca que "o anuncio destas férias coletivas mostra a falta de planejamento e de debate por parte do governo federal sobre novas tecnologias, inovação e desenvolvimento".

- Já sabíamos que precisávamos desenvolver alguma parte da cadeia de valor de semicondutores e o que o governo atual fez foi o desmonte do segmento no país. Agora estamos reféns, mais do que nunca, da importação dos semicondutores.