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Economia

'Ser líder não é o foco agora, queremos equilíbrio’, diz vice-presidente comercial da Gol

Segundo Eduardo Bernardes, com a compra da MAP, a empresa se prepara para voltar a crescer. Voos internacionais devem ser retomados a partir de novembro
Eduardo Bernardes, vice-presidente Comercial da Gol,diz que foco agora é manter a sustentabilidade da empresa Foto: Divulgação
Eduardo Bernardes, vice-presidente Comercial da Gol,diz que foco agora é manter a sustentabilidade da empresa Foto: Divulgação

RIO - Diante do tombo da aviação na pandemia, Eduardo Bernardes, vice-presidente Comercial, de Marketing e de Clientes da GOL, é categórico: “Ser líder de mercado não é o foco. Nosso objetivo é manter o equilíbrio sustentável”.

A aérea trabalha para avançar na retomada pós-Covid. Com a compra da regional MAP , sobe ao posto de maior aérea em Congonhas (SP). A aquisição, diz ele, sinaliza a capacidade da Gol de seguir crescendo, evitando comentar a tentativa da Azul de comprar a Latam.

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Que impulso a MAP traz?

É uma operação importantíssima para a Gol. Reforça nosso posicionamento e confirma nossa capacidade de seguir crescendo. Compramos a empresa inteira, mas não estamos adquirindo os sete aviões ATR. O grupo da Passaredo nos entregará a companhia, quando a operação estiver validada pelas autoridades, sem os aviões e sem os colaboradores.

Isso não configuraria compra de slots (horários de pouso e decolagem), que é vedada?

As autoridades têm de dar seu parecer. Seguiremos todos os ritos obrigatórios. Compramos a empresa, assumiremos as responsabilidades que ela tem com o mercado. A operação em Congonhas, com aviões de maior porte, vai crescer. Para que essa aquisição faça o máximo sentido econômico para a Gol, precisamos explorar os ativos da melhor forma, com aviões maiores, reduzindo o custo por assento e resultando em tarifas menores para o consumidor. Mantém nossa eficiência de baixo custo.

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Como fica a relação da Gol com a Voepass?

A MAP é da Voepass (antiga Passaredo). E a Gol já tem uma relação comercial com a Passaredo desde 2011, com voos em code-share . Em 2019, firmamos também uma compra de capacidade para operarmos em mercados nos quais o nosso Boeing 737 é muito grande. Foi uma alternativa para reforçar a nossa capilaridade de malha, utilizando os ATRs.

A Gol comercializa e precifica essas rotas, enquanto a Voepass opera. No início da pandemia, desmobilizamos esse serviço, porque não havia demanda. Depois, fomos voltando.

Por que a Gol perdeu participação na pandemia?

Nosso objetivo é ter o equilíbrio sustentável entre a oferta de voos e a demanda que se tem. Se, para isso, é preciso ter uma operação menor, nós fazemos. Ter uma operação grande não é o nosso objetivo, ser a líder de mercado, ainda que no somatório completo dos dados nós sejamos a maior. Não é o foco agora. Queremos manter o equilíbrio, a sustentabilidade, uma empresa forte.

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A compra da MAP tem a ver com a Azul querer comprar a Latam?

Nosso movimento é de fortalecimento da Gol. No ponto de vista que o (Paulo) Kakinoff (CEO da Gol) colocou: a gente entende que era a única aquisição pertinente no momento. Não há, na nossa visão, outra aquisição que faça sentido nesse momento. É esforço nosso de ganhar posição num aeroporto já importante para a Gol.

Avião da Gol Foto: Reprodução
Avião da Gol Foto: Reprodução

Por que o foco em Congonhas?

Congonhas é um aeroporto importante, onde já temos participação relevante, com demanda em especial do cliente corporativo. Sabemos que esse cliente pode demorar um pouco mais para retomar e que parte desse grupo nem deverá voltar. Mas Congonhas ajuda a manter a eficiência produtiva da Gol, traz ganho de escala, que é uma vantagem competitiva.

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Teremos uma malha muito mais completa do que a que a MAP operava. Do ponto de vista de rentabilidade, Congonhas tem as rotas rentáveis, mas também muita competição. Se houver capacidade majorada (após a concessão do aeroporto em 2022), estaremos prontos para buscar nosso espaço nessa expansão.

Como será a retomada?

O brasileiro vai explorar cada vez mais o turismo doméstico. A primeira viagem da maioria dos brasileiros será no mercado nacional. No corporativo, pequenas e médias empresas já começam a se movimentar. As de grande porte do Brasil, um pouco. As multinacionais, com decisões tomadas fora do país, devem demorar mais. Mas voltarão. O mercado de viagens corporativo no país representa um terço dos passageiros e quase 70% da receita. Vai voltar porque o país precisa produzir.

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E no internacional?

A gente suspendeu a operação internacional desde abril de 2020. É área em que a demanda que existe hoje é insuficiente para sustentar a operação. Novembro é o período que consideramos adequado para voltar ao internacional, com voos para Cancún e Punta Cana, onde hoje não existe bloqueio sanitário à entrada de brasileiros e para onde já temos bilhetes à venda.