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Sites mundiais de notícias, redes sociais, Amazon e Spotify voltam a funcionar após sistemas de internet saírem do ar

'New York Times', CNN, 'Le Monde' 'Financial Times' e 'Guardian' foram afetados por problema em empresa centralizadora de computação em nuvem, cuja causa não foi revelada
Sede do New York Times, em Nova York: site saiu do ar Foto: Lucas Jackson / REUTERS/1-3-10
Sede do New York Times, em Nova York: site saiu do ar Foto: Lucas Jackson / REUTERS/1-3-10

NOVA YORK — Alguns dos principais sites de notícias do mundo tiveram instabilidade e ficaram fora do ar na manhã desta terça-feira, incluindo os do New York Times, Le Monde e Financial Times. O problema, que também chegou a afetar redes sociais, Amazon e Spotify, foi normalizado cerca de uma hora depois.

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A razão para a instabilidade está relacionada com um erro no Fastly, um grande provedor de serviços em nuvem. Segundo a empresa, foi identificada uma falha no seu serviço de CDN (sigla em inglês para rede de fornecimento de conteúdos), que já foi equacionada.

"Nós detectamos uma configuração de serivço que provocou interrupções ao longo de diversos de nossos pontos de presença [isto é, os pontos da rede localizados em lugares estratégicos para melhorar o acesso aos sites pelos usuários]  de forma global, e desabilitamos essa configuração", explicou o Faslty ao Financial Times.

O Down Detector, site especializado na detecção de falhas desse tipo, chegou a apontar uma "avaria de grande envergadura no Fastly".

As páginas de redes sociais Twitch, Reddit e Pinterest também foram afetadas, assim como o portal do governo britânico e dos serviços de streaming Spotify, Hulu e HBO Max.

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Cerca de 21 mil usuários do Reddit relataram instabilidade na plataforma, e mais de 2 mil pessoas fizeram o mesmo com o site da Amazon, segundo o Down Detector.

Falha começou às 6h30

A falha começou por volta de 9h30 GMT (6h30 de Brasília), quando os sites dos jornais New York Times, Le Monde, The Guardian, Financial Times, El Mundo, Corriere della Sera, assim como o portal da BBC, ficaram fora do ar ou com acesso intermitente.

O site web www.gov.uk, que engloba os diferentes ministérios do governo britânico e permite realizar procedimentos oficiais, também apresentava mensagem de erro e afirmava que estava indisponível.

Página do jornal britânico Financial Times ficou fora do ar Foto: Reprodução da internet
Página do jornal britânico Financial Times ficou fora do ar Foto: Reprodução da internet

Na página da Casa Branca, igualmente aparecia uma mensagem com a informação de que o portal "não estava funcionando".

A mensagem "Erro 503 Serviço Indisponível", com a qual o usuário se deparava ao acessar os serviços atingidos,indica uma dificuldade de processamento no servidor. Até a normalização da navegação, especulações sobre ataques hackers - como os ocorridos contra a JBS e a Colonial nos EUA - eram alvo de discussões nas redes sociais. Mas nada indica que o problema tenha relação com hackers.

Plano B dos sites de notícias

Alguns veículos de impresa colocaram em prática um plano B para manter seus serviços. O Guardian, por exemplo, passou a fazer um blog ao vivo em sua conta no Twitter.

Já o Verge publicou notícias em um documento do Google compartilhado (um Google Doc). A busca por alternativas não ocorreu sem problemas. Um repórter do Verge compartilhou o link do documento que a redação estava usando no Twitter sem querer, permitindo que os internautas editassem o documento.

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A falha mostra a confiança que as páginas mais populares da internet têm em um punhado de grandes empresas de tecnologia para ajudá-las a distribuir conteúdo e hospedar usuários.

A tecnologia da Fastly é uma das poucas que atuam como um site de alto nível e serviço de hospedagem de aplicativos que grandes empresas usam para fornecer conteúdo a milhões de usuários simultaneamente.

Interrupção global de distribuição

Redes de fornecimento de conteúdo são, como a espinha dorsal da internet, compostas por grupos de servidores que trabalham juntos para garantir um desempenho mais rápido.

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Elas armazenam versões do conteúdo de um site em diferentes locações geográficas o que, na prática, ajuda a reduzir a distância física entre o servidor e o usuário final. Isso reduz demanda em cima do servidor de origem, acelera o tempo de resposta e reduz as chances de sobrecarga.

O site do jornal britânico Guardian ficou fora do ar. A equipe de repórteres recorreu a um blog ao vivo no Twitter para continuar a informar os leitores Foto: Reprodução da internet
O site do jornal britânico Guardian ficou fora do ar. A equipe de repórteres recorreu a um blog ao vivo no Twitter para continuar a informar os leitores Foto: Reprodução da internet

Em resumo, em vez de hospedar todo o conteúdo do site em um único conjunto de servidores em um local, o Fastly coloca a infraestrutura em nuvem em dezenas de locais para permitir que as pessoas façam download  das páginas de um servidor mais próximo a eles.

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Por exemplo, quando um usuário brasileiro acessa um site americano, a probabilidade é  de que o tráfego passe por um ponto local no Brasil.

Mas, com a configuração errada, a conexão caiu internacionalmente.

— É impressionante como [a retirada de] apenas uma peça desse imenso quebra-cabeça que mantém a internet no ar possa causar um estrago tão grande — comentou o analista de tecnologia Ben Wood ao FT.

Ele continuou:

—- Embora [o Fastly] seja uma plataforma gigantesca, as falhas ocasionais mostram a fragilidade de sua estrutura.

Houve outras falhas em estruturas semelhantes como a da Fastly. Em novembro passado,  um problema no serviço de computação em nuvem da Amazon, o Amazon Web Services, derrubou sites e games como Roku, Duolingo, Flickr, League of Legends e Pokémon Go.

E uma interrupção do serviço de hospedagem e servidores Cloudfare também tirou do ar temporairiamente vários sites em 2019, depois que uma instalação de software deu errado, segundo a empresa.