HONG KONG - A casa de leilões Sotheby’s vai aceitar pagamentos em criptomoedas (bitcoins ou ether) na venda de um diamante de 101,38 quilates na próxima sexta-feira, em sua filial de Hong Kong.
E o valor pode chegar a US$ 15 milhões. Com isso, a venda pode marcar um recorde do leilão mais valioso já feito em criptomoedas.
Menos de 10 diamantes com peso superior a 100 quilates já foram vendidos no mundo. E apenas dois tinham o sofisticado formato de pêra, presente na gema da Sotheby’s.
- Está havendo uma demanda crescente por pedras preciosas por jovens, nativos digitais, muitos deles da Ásia - diz Josh Pullan, diretor-gerente da divisão de luxo da Sotheby´s.
George Bak, conselheiro e curador do Museu de Arte Contemporânea Digital da Suíça, que é especializado na tecnologia blockchain, afirma que muitos executivos das casas de leilões têm ficado surpreendidos com o interesse de colecionadores que preferem pagar com criptomoedas.
A criação de novos bitcoins é obtida por meio de equações altamente complicadas resolvidas por supercomputadores em milésimos de segundo, ligados por uma rede paralela na internet
Competição
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De dez em dez minutos, novas equações matemáticas são propostas aos supercomputadores, que tentam decodificá-las. O primeiro que as resolver recebe um lote de 6,25 bitcoins
Organização
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A resposta das equações (conhecida como hash, ou prova de trabalho) serve para organizar as "entradas" do livro de contabilidade (blockchain), ordenando os blocos de transações de dinheiro digital e conferindo a eles uma característica única, que impede códigos maliciosos (malwares) de fraudarem a operação
Distribuição
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Com todos esses cuidados, o minerador garante a continuidade do processo de geração de bitcoins, e inclusive recebe taxas pagas pelos usuários ao validar uma mineração.
24 horas por dia
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A mineração de criptomoedas acontece non-stop, 24 horas por dia. Por isso, consome altíssimo nível de energia, justamente pelo uso de supercomputadores, que exigem alimentação constante.
Segundo dados da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, anualmente, o gasto com a mineração virtual já está em 113 TeraWatts/hora (TW/h). Neste ano, os mineradores de bitcoin devem gastar cerca de 130 TW/h de energia elétrica ou 0,6% do consumo de energia elétrica no planeta
Esforço coletivo
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O gasto de energia só aumenta porque, para correrem atrás de novos lotes de bitcoin, os mineradores se organizam em grupos, incrementando o poder computacional da busca, e dividem o resultado quando um deles obtém o lote da mineração primeiro.
China, o centro
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De acordo com Cambridge, hoje, a maioria dos mineradores de bitcoin está na China (65%), mesmo com as recentes restrições à prática anunciadas pelo governo de Pequim. E só 39% dos mineradores no mundo usam recursos de energia sustentável e renovável para o processo, de modo que isso vai contra os preceitos de uma economia verde
Muito dinheiro
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Só no mês de abril, a mineração de bitcoins faturou US$ 1,7 bilhão, ou US$ 56,7 milhões por dia, segundo o site da Bolsa eletrônica Nasdaq
-Muitas pessoas ficaram ricas rapidamente com a volatilidade do mercado de criptomoedas nos últimos meses, então há um certo clima favorável para gastar – afirma Bak. -Para ser competitivo no mercado de obras de arte agora, é preciso aceitar pagamentos em criptomoedas. Isso faz você parecer mais atraente e inovador.
Mas Bak não acredita que as criptomoedas vão superar os pagamentos por meios tradicionais:
-Esta realidade híbrida, na qual carteiras digitais convivem com obras de arte físicas, tem grande potencial. Mas estamos nos primeiros dias desse movimento, há uma grande curva de aprendizagem ainda.