Economia

Sucesso da SpaceX abre nova fronteira de investimento espacial em Wall Street

Apesar de não ter ações na Bolsa, missão bem-sucedida da empresa de Musk deve elevar interesse por papéis do setor
SpaceX foi lançado em Titusville, na Flórida, neste sábado, com astronautas Bob Behknen e Doug Hurley a bordo Foto: Red Huber / AFP
SpaceX foi lançado em Titusville, na Flórida, neste sábado, com astronautas Bob Behknen e Doug Hurley a bordo Foto: Red Huber / AFP

RIO - A SpaceX tornou-se neste sábado a primeira empresa a enviar astronautas para o espaço , indicando que o setor privado terá papel cada vez mais preponderante na exploração espacial após décadas de iniciativas majoritariamente estatais. Embora a empresa de Elon Musk (também dono da fabricante de carros elétricos Tesla) não tenha ações listadas na Bolsa, o sucesso do lançamento do foguete SpaceX Falcon 9 tende a despertar o interesse por papéis voltados a esse setor.

Na quarta-feira, antes da primeira tentativa da SpaceX ser abortada a minutos do lançamento por causa de condições meteorológicas adversas, fundos listados em Bolsa (os chamados ETFs) com alta exposição a ações da indústria espacial chegaram a subir quase 3%.

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São fundos como o The Procure Space ETF (UFO) e o SPDR S&P Kensho Final Frontiers (ROKT), lançados nos últimos anos para explorar o interesse dos investidores na corrida espacial privada. Embora esses ETFs percam para os índices de referência das Bolsas americanas este ano, espera-se que o sucesso da SpaceX impulsione seus portfólios.

“Se você é um investidor que não quer perder a próxima grande tendência, é melhor prestar atenção ao que está acontecendo no espaço”, escreveu neste sábado o analista Philip van Doorn no site MarketWatch, especializado em mercado financeiro.“Muitos investidores não levam o espaço a sério, apesar de terem assistido evoluções tecnológicas trazerem valorizações inacreditáveis a muitas companhias e seus acionistas nas últimas décadas.”

Ele citou relatório do banco Morgan Stanley segundo o qual o faturamento global da industria espacial deve saltar dos atuais US$ 350 bilhões para mais de US$ 1 trilhão ao ano até 2040.

Parte desse crescimento se deve ao fato de a Nasa ter sido forçada pelo governo americano, ainda nos anos Obama, a recorrer a companhias privadas para lançar astronautas no espaço. Desde 2011, a agência se via obrigada a pagar para que sua tripulação chegasse à Estação Espacial Internacional a bordo de foguetes russos, alternativa que mexia com o orgulho dos americanos.

De Bezos a Branson

Além da SpaceX, outras companhias correm para capturar parte dessas novas receitas. A Boeing está produzindo seu próprio sistema de lançamento para competir com a firma de Musk e deve colocar no ar seu CST-100 Starliner com astronautas a bordo pela primeira vez no próximo ano. A Nasa concedeu quase US$ 8 bilhões à SpaceX e à Boeing para o desenvolvimento de seus foguetes rivais.

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O lançamento bem-sucedido da SpaceX indica que é viável explorar comercialmente voos espaciais na chamada órbita terrestre baixa, onde fica a Estação Espacial Internacional e a maioria dos satélites. Um possível desdobramento é o turismo espacial, no qual estão de olho companhias como a Blue Origin (de Jeff Bezos, fundador da Amazon e homem mais rico do mundo) e Virgin Galactic (de Richard Branson).

Isso porque espera-se que o uso de foguetes privados reduza drasticamente o custo de lançamentos tripulados, para algo abaixo de US$ 10 milhões por astronauta, em uma década. Nos últimos anos, a Nasa pagou mais de US$ 90 milhões por “assento” em foguetes russos.

A missão deste sábado marcou o primeiro voo espacial de astronautas da Nasa em solo americano em nove anos. O foguete decolou do Kennedy Space Center às 16:22 (horário de Brasília), lançando Doug Hurley e Bob Behnken em uma viagem de 19 horas a bordo da recém-projetada cápsula Crew Dragon com destino à Estação Espacial Internacional.