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Ações do Facebook desabam 26% e empresa perde US$ 251,3 bilhões em valor de mercado

Com a perda, fortuna de Zuckerberg encolhe US$ 31 bilhões, mas executivo consegue se manter na lista dos 10 maiores bilionários do mundo. Queda reflete perda de usuários para apps como Tik Tok
Facebook teve queda no número de usuários ativos diários pela primeira vez em 18 anos Foto: CHRIS DELMAS / AFP
Facebook teve queda no número de usuários ativos diários pela primeira vez em 18 anos Foto: CHRIS DELMAS / AFP

CALIFÓRNIA — As ações da Meta, dona do Facebook, fecharam em queda de 26% no pregão de Nova York nesta quinta-feira, o pior recuo do mercado na história.  Com o tombo, segundo a Bloomberg, a empresa de Mark Zuckerberg perdeu US$ 251,3 bilhões em valor de mercado, a  maior de uma empresa dos EUA em um único dia.

Até agora, a maior perda havia ocorrido em 3 de setembro de 2020, quando a Apple viu evaporar US$ 180 bilhões de capitalização.

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A queda nas ações ocorre um dia depois de a gigante de tecnologia anunciar que o número de usuários ativos diários na América do Norte caiu pela primeira vez devido ao aumento da concorrência com redes sociais, especialmente o Tik Tok .

Repete o comportamento dos papéis na noite de quarta-feira, após o fechamento da Bolsa, quando a companhia divulgou o resultado de 2021 e previsão de receita menor que a esperada para o primeiro trimestre de 2022.

A perda de valor de mercado do grupo fez a fortuna de Zuckerberg encolher cerca de US$ 31 bilhões, mantendo-o na lista dos dez maiores bilionários do mundo, de acordo com a Bloomberg.

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A derrocada nas ações da Meta arrastou outras empresas de tecnologia. Twitter caiu 5,56%, enquanto a Amazon perdeu 7,81%. Snap (dona do Snapchat) tombou 23,6%, e Pinteres perdeu 10,23% de valor. Google e Microsoft perderam 3,32% e 3,8%, respectivamente.

A Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, caiu 3,74%.

Após o fechamento do mercado, as ações de Snap (+54%) e Pinterest (+32%) dispararam nas negociações pós-mercado. Elas divulgaram balanços com resultados de vendas e lucros melhores que os esperados pelos analistas de Wall Street.

Perda de 1 milhão de usuários

No quarto trimestre, o Facebook perdeu um milhão de usuários ativos diários apenas na América do Norte, região onde também ganha mais por meio de publicidade, segundo o site The Verge.  No fim de 2021, o total de usuários ativos somava 1,929 bilhão. Nos três meses anteriores, o número era de 1,930 bilhão.

Em outros aplicativos, como o Instagram e WhatsApp, o crescimento foi “essencialmente estável”, informou o relatório da companhia divulgado na noite de quarta-feira.

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Ainda assim a receita total da Meta, cuja maior parte vem de vendas de publicidade, subiu 20% na comparação com os três últimos meses de 2020, para US$ 33,67 bilhões no último trimestre. A cifra veio levemente acima das previsões do mercado.  O lucro, no entanto, caiu 8% e as previsões para o primeiro trimestre deste ano decepcionaram.

Nos três primeiros meses de 2022, a empresa estima ganhos entre US$ 27 bilhões e US$ 29 bilhões, abaixo do esperado por analistas. Foi isso que derrubou as ações da gigante de tecnologia no pós-mercado de ontem e que ainda afeta o humor dos investidores nesta manhã.

Metaverso ainda dá prejuízo

A empresa justificou que foi afetada por uma combinação de fatores, incluindo mudanças de privacidade no sistema iOS, da Apple, e desafios macroeconômicos. A Apple alterou os softwares de seus smartphones e passou exigir permissão dos clientes para coleta de dados que são base para a oferta de anúncios personalizados. Isso afeta diretamente a estratégia da Meta para publicidade, sua principal fonte de receita.

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O mais preocupante, porém, e que está tirando o sono de Zuckerberg e demais acionistas, é a concorrência de rivais como chinês TikTok e YouTube, do Google.

O executivo disse que o app de vídeos curtos Reels, que foi criado para rivalizar com o aplicativo asiático, está crescendo, mas que o retorno sobre o investimento tem sido lento e pediu paciência aos investidores.

Enquanto a Meta perde jovens usuários para seus concorrentes, sua principal aposta para o futuro, o metaverso, ainda dá prejuízo. O Reality Labs, divisão do grupo responsável por produtos como óculos inteligentes e outros que serão chaves para o ambiente que mistura experiências virtuais e reais, teve perda de US$ 10 bilhões no ano passado. A cifra é mais de dez vezes o que o grupo pagou para comprar o Instragram em 2012.

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Doug Anmuth, analista da JPMorgan, baixou a classificação dos papéis da Meta para neutro, o primeiro corte desde que a empresa abriu seu capital na Bolsa. Segundo ele, “há uma desaceleração no crescimento de (receita com) publicidade, enquanto a empresa embarca no cara e incerta transição para o metaverso, que ainda deve durar anos".

O balanço financeiro divulgado ontem foi o primeiro desde que Zuckerberg anunciou a mudança no nome da empresa para Meta em outubro, uma referência justamente ao metaverso, e ocorre em meio a uma intensa batalha com reguladores sobre privacidade.