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Alexa: Por que americanos não querem mais dar esse nome às suas filhas?

Desde a criação da assistente virtual da Amazon, número de bebês com o nome caiu 80%. Mulheres homônimas relatam até assédio sexual
Alexa, assistente virtual da Amazon Foto: Mike Blake / Reuters
Alexa, assistente virtual da Amazon Foto: Mike Blake / Reuters

RIO - O número de bebês chamados Alexa despencou quase 80% desde que a Amazon lançou sua assistente virtual com o mesmo nome, em novembro de 2014.

Durante todo o ano de 2015, cerca de 6 mil recém-nascidos haviam sido registrados com esse nome nos Estados Unidos, enquanto em 2020 esse número caiu para aproximadamente 1.300, de acordo com dados do Departamento de Seguridade Social americano.

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Entre os motivos para a queda na popularidade do nome estão os constrangimentos enfrentados pelas mulheres chamadas Alexa desde que o robô da Amazon surgiu, relatou uma reportagem do Washington Post.

Em entrevista ao jornal americano, 25 meninas e adultas, de cinco a 55 anos, compartilharam suas experiências com essa coincidência e contaram como a assistente virtual mudou a forma como se sentem sobre seus nomes de batismo e sobre sua própria identidade.

Comando de voz ganha espaço Foto: Patrick T. Fallon / Agência O Globo
Comando de voz ganha espaço Foto: Patrick T. Fallon / Agência O Globo

Algumas disseram serem indiferentes ou alegaram até mesmo se divertir com a conexão com a Alexa da Amazon. Mas a maioria disse estar cansada de interrupções do robô e de piadas envolvendo seus nomes.

'Alexa, me faça um sexo oral'

Há relatos inclusive de situações em que as piadas evoluíram para assédio sexual.

Alexa S. tinha 16 anos em 2018 quando foi assediada em cinco ocasiões diferentes por adolescentes em um acampamento de verão.

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"Eles diziam: Alexa, me mande nudes, Alexa, me faça um sexo oral", contou a jovem ao jornal americano.

Em aulas virtuais e reuniões de negócios, as Alexas também contaram que já foram instruídas em algumas situações a evitar dizerem seus nomes.

Os constrangimentos deram origem a discussões sociológicas sobre a ética por trás dos nomes de assistentes virtuais, e por que normalmente são escolhidos nomes femininos.

Uma das Alexas ouvidas pela reportagem do Washington Post acredita que haja uma ideia de que mulheres são subservientes e que por isso os nomes femininos seriam mais comuns.

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Outras alegam que se sentem desumanizadas ao compartilhar o nome com um robô e que em algumas situações as pessoas as chamam por outros nomes para evitar que o bot da Amazon entenda que foi chamado para a conversa.

Existe até mesmo um grupo chamado "I am Alexa! Alliance" (Aliança Eu sou Alexa!, em inglês) que tem tentado na Justiça fazer com que a Amazon passe a utilizar um nome "não-humano" para sua assistente virtual.