Economia Tecnologia

Com alta em anúncios no Google e no YouTube, Alphabet quase dobra o lucro em 2021, para US$ 76 bi

No 4º tri, empresa lucrou US$ 20 bi, alta de 36%. Gigante de tecnologia faturou mais com computação em nuvem e superou a maioria das previsões do mercado
Campus do Google em Mountain View, na Califórnia. Empresa é alvo de mais processos Foto: David Paul Morris / Photographer: David Paul Morris/
Campus do Google em Mountain View, na Califórnia. Empresa é alvo de mais processos Foto: David Paul Morris / Photographer: David Paul Morris/

NOVA YORK - A Alphabet, empresa controladora do Google, superou as projeções dos analistas nos resultados do quarto trimestre de 2021, divulgados nesta terça-feira.

O lucro subiu 36%, para US$ 20,64 bilhões, nos últimos três meses de 2021, com receita de US$ 75,32 bilhões, um aumento de 32% em relação ao ano anterior.

Segundo a AFP, com o resultado do 4º trimestre, a Alphabet encerrou o ano com um lucro líquido total de US$ 76 bilhões. Isso quase dobra os US$ 40 bilhões obtidos no ano fiscal de 2020.

Spotify: Entenda o dilema da plataforma entre liberdade de expressão e suas próprias regras contra desinformação

O Google conseguiu superar as estimativas dos analistas em quase todas as suas unidades de negócios. E, dessa forma, mostrou que continua a ser uma potência on-line com seu mecanismo de busca, soluções de 'nuvem', atuação em e-commerce a plataforma de vídeo YouTube, que lhe dão alcance global.

O CEO da Alphabet, Sundar Pichai, destacou “crescimento sólido em serviços de anúncios comerciais”. Ele também citou investimentos em inteligência artificial e “vendas trimestrais de nossos telefones Pixel, apesar dos problemas da cadeia de suprimentos, e nosso serviço de nuvem continua a crescer”.

Bolsa de valores para 'influencers', 'live commerce' e NFTs: Veja tendências de 2022 para mercado de influenciadores

Os ganhos no quarto trimestre ficaram acima das estimativas dos analistas, que eram de US$ 19 bilhões para o lucro e US$ 72,3 bilhões para o faturamento, segundo dados compilados pela FactSet.

A receita com publicidade aumentou 33% no fim do ano, mesmo com o impacto da pandemia nas principais categorias de anunciantes, como turismo e varejo. O buscador reportou vendas de US$ 61,9 bilhões, bem acima dos 59,4 bilhões da média dos analistas.

YouTube, plataforma de vídeos do Google, não para de crescer Foto: Chris Ratcliffe / Bloomberg
YouTube, plataforma de vídeos do Google, não para de crescer Foto: Chris Ratcliffe / Bloomberg

A unidade que veicula anúncios em outros sites cresceu 26%, apesar do aumento da pressão regulatória sobre as operações de anúncios gráficos.

As ações da empresa saltaram quase 9% nas negociações após o fechamento do mercado, depois da divulgação dos resultados.

Efeito fake news: Spotify perde US$ 2 bi em valor de mercado, após boicote de Neil Young à plataforma

No pregão normal, a alta foi de 1,61%, para US$ 2.757. Mas no ano, assim como outras empresas de tecnologia, os papéis da Alphabet acumulam queda de cerca de 4,7%.

Crescimento na 'nuvem' e no YouTube

Além do buscador, as duas outras áreas-chave de crescimento da Alphabet foram a computação em nuvem (cloud computing) e o YouTube, que também registraram ganhos sólidos.

Desde o início da pandemia, o Google tem investido pesadamente em comércio on-line, tentando atrair mais comerciantes para vender itens em seu serviço de compras e veicular anúncios de produtos.

Games: Sony compra desenvolvedor do 'Destiny' e 'Halo' por US$ 3,6 bilhões

No quarto trimestre, o YouTube lançou uma nova iniciativa de vendas, com alguns de seus jovens influenciadores digitais. A audiência geral da plataforma de vídeos continuou a subir, principalmente nas telas de TV.

“O Google continua sendo uma das empresas mais bem posicionadas em publicidade digital, devido à sua posição de líder de mercado em pesquisa, exposição a vídeos com o YouTube e oferta completa de tecnologia de anúncios”, escreveu Andrew Boone, analista da JMP Securities, em um relatório antes dos resultados.

Balanço mostra resiliência em meio a adversidades

O balanço mostrou a resiliência do negócio de anúncios do buscador em meio às turbulências econômicas provocadas pela persistência da pandemia, com agravantes na saúde como a variante Ômicron e os impactos nas cadeias produtivas e logísticas.

O Google é a empresa que mais obtém receita com a publicidade on-line. Ainda assim, a Alphabet informou ter perdido algumas vendas depois de as novas funcionalidades de privacidade do iPhone impedirem o rastreamento de usuários.

Games: New York Times compra Wordle em ofensiva para expandir seus negócios na área de games

Outras empresas, como Amazon e TikTok, têm “roubado” uma pequena fatia do mercado global de publicidade. Ainda que analistas de mercado acreditem que essa tendência vai se manter nos próximos anos, nenhum deles espera que o Google possa perder a liderança.

O balanço reforçou a resiliência do negócio de anúncios da Alphabet em meio à turbulência econômica provocada pela persistência da pandemia, com a variante Ômicron, e pelo impacto nas cadeias produtivas e logísticas.

Para analistas, os desafios da Alphabet à frente são as inúmeras ações judiciais que acusam o Google de condutas anticoncorrenciais no mercado de publicidade on-line.

Negócio fechado: Anatel aprova venda da Oi Móvel para Claro, Tim e Vivo. Veja o que muda para o consumidor

A própria empresa já admitiu que seus esforços para reduzir as taxas em sua loja de aplicativos para celular, em uma tentativa de acalmar as autoridades reguladoras, deve afetar sua receita.

“O Google vai enfrentar a maior batalha, em termos de questões antitruste, entre todas as Big Techs”, afirmou em nota Scott Kessler, analista da consultoria Third Bridge. “Apesar do tamanho maior da Apple e da péssima imagem de Meta/Facebook, é o Google que corre mais risco em termos da lei antitruste americana.

NYT destaca capacidade de superar dificuldades

Análise do jornal americano The New York times apontou que, nos dias atuais, há muita incerteza em torno da companhia dona do Google e do YouTube.

O texto cita a persistência da pandemia global e os temores de inflação nos EUA e em outras grandes economias, que afetam anúncios. Destaca também empregados insatisfeitos desafiando os diretores e reguladores e políticos claramente inclinados a limitar seus negócios.

Mesmo assim, uma coisa não mudou, observa o jornal. A Alphabet continua a fazer dinheiro. E muito.

Para o Times, o balanço que a empresa apresentou nesta terça-feira, surpreendendo analistas com resultados consistentes, é um lembrete para os investidores do poder dos negócios do Google e como, apesar das circunstâncias desfavoráveis, a empresa vai continuar a prosperar enquanto as pessoas estiverem ativas na internet.

O Google se mantém como o buscador preferido na internet. O Youtube se tornou um destino essencial para entretenimento, informação e música.

Embora esteja atrás de Amazon e Microsoft em muitos aspectos, a empresa está bem posicionada para capitalizar a mudança sísmica em curso na infraestrutura tecnológica das empresas, que fazem a transição para a “nuvem”.

Com uma base firme, a empresa fez pequenos ajustes que fortaleceram suas vocações, diz o New York Times.