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Facebook tem lista de usuários VIPs que não seguem regras de publicação da rede, revela o WSJ. Veja a lista

Entre as personalidades com tratamento especial estão Neymar e a senadora Hillary Clinton. Trump também fazia parte do grupo antes de ter o perfil removido
 Programa de verificação cruzada protege milhões de usuários VIPs das regras que o Facebook afirma aplicar igualmente a todos na rede social Foto: Reuters
Programa de verificação cruzada protege milhões de usuários VIPs das regras que o Facebook afirma aplicar igualmente a todos na rede social Foto: Reuters

SAN FRANCISCO, CALIFÓRNIA — O Facebook mantém uma lista secreta de celebridades, políticos e outros usuários VIP que não obedecem a algumas de suas regras de controle de publicação, segundo investigação do jornal americano Wall Street Journal.

De acordo com o jornal, a empresa tem um programa, conhecido como "verificação cruzada" ou "XCheck", que protege milhões de usuários contra regras que o próprio Facebook afirma aplicar igualmente a todos os que têm conta na rede social.

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Entre as personalidades que foram “incluídas na lista de permissões” do programa estão o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, antes de sua conta ser deletada; a ex-secretária de Estado americano Hillary Clinton, a senadora democrata Elizabeth Warren e até o jogador de futebol brasileiro Neymar.

O próprio Mark Zuckerberg, fundador e presidente-executivo do Facebook, também integra o grupo de privilegiados, que conta ainda com membros do Congresso americano, do Parlamento Europeu e ativistas, diz a reportagem.

O jogador brasileiro, por exemplo, postou fotos íntimas de uma mulher que o acusou de estupro, as quais o Facebook acabou removendo posteriormente, relatou o WSJ. Milhares de seguidores conseguiram ter acesso às fotos, em que mulher aparecia nua, por mais de um dia, antes que fossem removidas.

Procurada pelo GLOBO, a assessoria de Neymar informou que o jogador, "como usuário, apenas adere, como todos, às regras do Facebook e não tem qualquer ingerência sobre a Política de controle”.

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O artigo do WJS reporta que alguns usuários estão incluídos em uma "lista branca", por meio da qual recebem proteção contra descumprimentos, enquanto, em outros casos, a revisão de conteúdo potencialmente problemático simplesmente não é feita.

O XCheck foi inicialmente desenvolvido para avaliar ações contra perfis populares. Em 2020, ao menos 5,8 milhões de usuários integrariam a lista.

'Não existem dois sistemas de Justiça'

O porta-voz do Facebook, Andy Stone, defendeu o programa em uma série de tuítes, embora tenha assinalado que o gigante das redes sociais está ciente de que a aplicação de suas regras "não é perfeita".

"Não existem dois sistemas de justiça; é uma tentativa de proteção contra erros", publicou Stone no Twitter, em resposta ao artigo do Wall Street.

Stone acrescentou:

"Verificação cruzada significa simplesmente que o conteúdo excessivo de páginas específicas da Oregon Profiles é corrigido como um segundo item de reavaliação para marcar definitivamente que aplicamos nossas políticas corretamente'.

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Um padrão duplo para a moderação de conteúdo desafiaria as garantias de que o Facebook deu a uma junta independente, estabelecida como árbitro final nas disputas sobre o que pode ser publicado na rede social.

Junta independente

"A Junta de Supervisão expressou em múltiplas ocasiões sua preocupação com a falta de transparência nos processos de moderação de conteúdo do Facebook, especialmente aqueles relacionados ao gerenciamento inconsistente de contas de alto perfil", disse o porta-voz da junta, John Taylor, consultado pela agência France Presse.

Em uma publicação de três anos atrás sobre a verificação cruzada, o Facebook indica que isso não protege o perfil, a página ou o conteúdo de ser removido, "apenas é feito para garantir que nossa decisão seja a correta".

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Um porta-voz do Facebook disse que a companhia está trabalhando para acabar com essa prática e que muitos dos materiais obtidos pelo jornal americano são "informações desatualizadas, costuradas para criar uma narrativa que ignora o ponto mais importante: o próprio Facebook identificou os problemas e tem trabalhado para resolvê-los".