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Na nuvem e sem ‘delay’: veja como o 5G vai transformar a sua experiência nos games ao vivo

Alta velocidade e baixa latência tiram de cena limitações dos jogos on-line
Game ao vivo. Jogadores na Copa do Mundo do Fortnite, em 2019 Foto: Brian Finke/NYT
Game ao vivo. Jogadores na Copa do Mundo do Fortnite, em 2019 Foto: Brian Finke/NYT

RIO — Não é possível especular sobre o metaverso e outras tendências digitais sem examinar o desenvolvimento recente da indústria de games. Esse mercado já é maior que a indústria do cinema e da música juntas, com faturamento anual de mais de US$ 300 bilhões de dólares (cerca de R$ 1,7 trilhão), segundo levantamento da Accenture.

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Dados da consultoria mostram que o mundo ganhou meio bilhão de novos jogadores nos últimos três anos, totalizando 2,7 bilhões de consumidores em 2021. A previsão é de que outros 400 milhões cheguem até 2023, e a qualidade da internet móvel tem tudo a ver com esse movimento.

O setor nadou de braçada na pandemia, quando o isolamento social aumentou a demanda por esse tipo de entretenimento digital, que virou também uma forma de interação com outras pessoas.

No Brasil, os 84 milhões que jogam algum tipo de game representam 70% dos brasileiros com acesso à internet, segundo dados da ComScore. O grupo é mais engajado que a média dos internautas: gasta, em média, 8% mais tempo em dispositivos móveis.

A chegada do 5G deve ampliar ainda mais o mercado brasileiro, que tem consumidores de diferentes classes sociais e faixas etárias e envolve a venda de títulos, softwares, consoles, PCs voltados para jogos, assinaturas, cadeiras especiais e inclui até mesmo comércio eletrônico dentro dos jogos, eventos e publicidade.

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‘Cloud gaming’

Segundo Rodrigo Terra, presidente da Abragames, associação de empresas do setor, a maior parte dos novos usuários trazidos pela pandemia manteve alguma dedicação aos games mesmo com a retomada de atividades econômicas e menos tempo livre, o que se refletiu no aumento do faturamento dos produtores desse tipo de conteúdo no país.

Programadores criam um avatar 3D no Jump Studio, na sede da SK Telecom Co, em Seul. Foto: SeongJoon Cho/Bloomberg
Programadores criam um avatar 3D no Jump Studio, na sede da SK Telecom Co, em Seul. Foto: SeongJoon Cho/Bloomberg

Fundador do estúdio Árvore, de soluções de experiência imersiva, Terra diz que a alta retenção de usuários consolida o universo de games como um mercado estratégico.

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O setor é considerado precursor no metaverso e em outras inovações em experiências digitais porque é movido pela experimentação constante:

— Os jogos não são só produtos de entretenimento, são geradores de tecnologia para o metaverso. As empresas de engines , como são chamados os pacotes de modelagem 3D para a criação de jogos, são peças-chave e estão se expandindo. As soluções estão sendo usadas no cinema ou em treinamentos corporativos, gerando conteúdo em outras áreas.

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Com a promessa de que o 5G começará a figurar nas telas dos celulares brasileiros até meados de 2022, Terra acredita no reforço por aqui da tendência do cloud gaming , tecnologia baseada em nuvem que deve revolucionar a experiência dos usuários com internet de alta velocidade e baixa latência, o que elimina o indesejável delay .

— A Microsoft está abrindo o primeiro serviço de cloud gaming aqui no Brasil. Não é sobre fazer um download, é não precisar baixar nada e ter a experiência como se tivesse baixado. Isso é transformador. Além disso, há vários produtos conectados que, com o 5G podem acabar com os gargalos (da experiência de jogo). Vamos ter cada vez mais consoles portáteis, celulares poderosos e devices portáteis com a capacidade de um computador de três anos atrás para jogar — diz o líder da Abragames e do Árvore.

Setor é cada vez mais relevante para inovação

Uma evidência da valorização dos estúdios no mundo foi a recente aquisição do Weta Digital, responsável pelos efeitos especiais de Senhor dos Anéis e Planeta dos Macacos, pela desenvolvedora Unity Technologies por US$ 1,6 bilhão.

Potências emergentes na área de tecnologia, como a Coreia do Sul, também avançam com estúdio cada vez mais valorizados na área de games, assim como na produção audiovisual para streaming .

— Foi o mercado dos games que abriu as portas para outras oportunidades nesses universos virtuais, e que continuam sendo um espaço de experimentação de novas tecnologias de realidade aumentada, computação gráfica e elementos como marketing e tendências de consumo dentro do metaverso — diz Janaina Costa, do ITS Rio.